quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Serviço - Eduardo Almeida Reis

É o suprassumo da ignorância: se num suposto assalto 20 bandidos matam duas pessoas, no assalto verdadeiro não deixam um sindicalista vivo


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 15/01/2015




Vivo repetindo que jornalismo é serviço, ainda que certos profissionais prestem serviços da pior qualidade, já porque estão na gaveta dos governantes, já porque ligados a certas empresas que se confundem com as quadrilhas. Ou, então, porque são mesmo limitados, como os muitos que insistem em chamar de suspeito um serial killer, autor confesso de vários crimes, ou informam que num suposto assalto foram mortos o presidente e a tesoureira de um sindicato paulista. É o suprassumo da ignorância: se num suposto assalto 20 bandidos matam duas pessoas, no assalto verdadeiro não deixam um sindicalista vivo.

A internet vem sendo criticada pelos malfeitos dos malfeitores que dela se valem. Rede de computadores dispersos por todo o planeta, que trocam dados e mensagens utilizando um protocolo comum, unindo usuários particulares, entidades de pesquisa, órgãos culturais, institutos militares, bibliotecas e empresas de toda envergadura – a internet nos presta serviços inestimáveis em termos de informação, inteligência, cultura, ciência, arte e o mais que o leitor possa imaginar, serviços de graça ao alcance de um clique dos nossos computadores domésticos. Destaco dois endereços eletrônicos de brasileiras que não conheço pessoalmente, mas tenho na conta de queridas amigas, uma paulista e uma carioca.

Sugiro que o leitor interessado no que há de muito bom na rede anote e visite os dois sites, que tento escrever abaixo, limitado pelos problemas da diagramação do jornal. Por isso, vão aos pedaços e o seu trabalho será somente o de juntar todos no mesmo endereço. O primeiro, da carioca, é: http://antesqueeumeesqueca.weebly.com/jornal- da-imprenccedila. html. Juntando tudo – de http. até html. –, garanto que você vai encontrar um site inteligentíssimo feito pela jornalista Marcia Lobo, karisi Moacir Japiassu. Claro que ninguém sabe o que é karisi em turco, mas em francês é épouse e em inglês é wife. O outro site enriquecedor da nossa existência é o da paulistana Fabia Vitiello Azevedo, sexóloga, tradutora, autora de livros excepcionais: http:// dropsdafal.com.

Errores


Penitencio-me das muitas vezes que usei, dourando a pílula, homoafetividade em lugar de homossexualidade. E me penitencio pelo seguinte: afetividade e sexualidade não são a mesma coisa. Pode haver afetividade sem sexo, como também existe, mesmo nos casamentos entre pessoas de sexos diferentes, sexualidade sem afetividade. Na prostituição, nem se fala. E o assunto veio à liça, lugar onde se discutem questões graves e de importância, numa hora em que me sentei diante do computador para falar de um assunto “original”, que tem servido de tema para o filosofar midiático botequineiro: palmas para o pôr do sol.

Há crepúsculos vespertinos muito bonitos, assim como há crepúsculos matutinos lindos. Por aí, deu para perceber que o substantivo crepúsculo não serve apenas para o pôr do sol: é a claridade no céu entre a noite e o nascer do sol ou entre seu ocaso e a noite, devido à dispersão da luz solar na atmosfera e em suas impurezas. Daí para bater palmas, aplaudir a cena, vai uma esquisitice difícil de explicar e engolir, que nos lembra conhecido governador de Minas, suposto de ser muito ignorante, quando discursou: “Ao povo que me aplaúde...”. Num ataúde sua excelência, há decadas, subiu aos céus.

Aplaudir, bater palmas em sinal de aprovação, aprovar (algo ou alguém) através de aplausos, é coisa que faço para Fernanda Montenegro, FHC, Joaquim Barbosa, o juiz federal Sérgio Moro e mais meia dúzia de pessoas e situações. Bater palmas para o pôr do sol ultrapassa o meu entendimento de philosopho, mesmo porque preciso aproveitar o espaço que me resta neste belo suelto para transcrever, ipsis litteris, notinha da Revista do O Globo, edição de 7 de dezembro passado: “Pecado original. Criada há um ano pelos DJs Filipe Raposo, Paulo Sattamini e João Brasil, a debochada festa Fodasse tomou proporções nababescas, com filas na porta. Saudoso do clima intimista, o trio faz uma edição no próximo dia 13, no Pura Vida Hostel, em Copacabana, onde tudo começou. Celebrando a origem, uma instalação com a imagem de uma vagina artificial flutuará sobre a pista”. Dizer o quê?

 O mundo é uma bola


15 de janeiro de 69: Galba é morto pela Guarda Pretoriana. No mesmo dia, o senado reconhece Otão como novo imperador romano. Otão, que se chamava Marcus Salvius Otho, foi imperador por três meses até se suicidar, mostrando que não era fácil a vida de imperador romano.

Em 1559, coroação da rainha Elizabeth I da Inglaterra. Reinou até morrer, em 1603, isto é, durante 44 anos. Seu reinado ficou conhecido como Período Elizabetano ou Era Dourada, marcando os primeiros passos daquele que seria o Império Britânico. Na dramaturgia, rendeu nomes como Marlowe e Shakespeare. Era filha de Henrique VIII e Ana Bolena, mandada executar pelo maridão.

Em 1759, abertura do Museu Britânico. Em 1833, criação do município de Nova Iguaçu, onde nasceu o professor Wanderley Luxemburgo, futuro senador pelo estado de Tocantins. Em 1943, inauguração do Pentágono, Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que ainda não teve a sorte de ser comandado pelo ministro Celso Amorim, que rivaliza em ferocidade com o general Belizário, aquele que mandou degolar 30 mil sujeitos na Revolta de Nika, em Constantinopla, no ano 532. Hoje é o Dia dos Adultos.

Ruminanças


“Ser adulto é estar só” (Jean Rostand, 1894-1977).

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