domingo, 8 de março de 2015

Novidades - Eduardo Almeida Reis

Corretores ortográficos seriam ótimos, se fossem inteligentes


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 08/03/2015




Enquanto philosopho, muito me espanta que na Inglaterra de Shakespeare muitas senhoras, portadoras de doenças genéticas transmissíveis, queiram dar à luz no mundo que aí está. A ciência descobriu um jeito de eliminar a doença transmissível recorrendo aos óvulos de doadora saudável, de tal forma que os bebês sejam filhos de um pai e duas mães. Só não dá para entender que alguém, doente ou saudável, queira botar filhos no mundo atual. Mas há milhões de pessoas querendo, tanto assim que o planeta vai a caminho dos nove bilhões de habitantes.

Na rubrica metrologia, o assustadíssimo leitor pode encontrar a Regra dos 6N adotada pelos Estados-membros para o Sistema Internacional de Pesos e Medidas na IX Conferência Internacional de Pesos e Medidas em Paris (1949), de que o Brasil faz parte, segundo a qual se passa de milhão (1.000.000 ou 106) à casa do bilião pelo acréscimo de seis zeros (1.000.000.000.000 ou 1012), a trilião pelo acréscimo de mais seis zeros (1018) e assim por diante. O Brasil, os EUA e outros países, contudo, ainda usam o bilião como 109 (equivalente ao milliard francês), desrespeitando com isso a sequência estabelecida pelo SI, o que gera enorme discrepância nos números grandes: na nomenclatura tradicional no Brasil, 1024 é 1 septilião, enquanto pela Regra dos 6N é 1 quatrilião.

Presumo que o leitor também não tenha entendido absolutamente nada, por isso informo que regras, substantivo feminino plural, é sinônimo de menstruação, boi, catamênio, chica, chico, conjunção, costume, embaraço, escorrência, fluxo, incômodo, lua, menarquia, menorreia, mênstruo, mês, paquete, pingadeira, sangue, veículo, visita, volta da lua. Até aí, tudo ótimo, salvo pelo fato de o sangue menstrual, até hoje, não ter sido usado em cosmetologia como o sangue hemorroidal, que vem fazendo o maior sucesso quando aplicado em torno dos olhos para acabar com as olheiras. Não invento: vi na tevê. A partir dessa descoberta sensacional, é muito de desejar que as loucas para casar apurem se os seus futuros maridos e senhores sofrem de almorreimas.

E dizer que me sentei diante do computador para constatar que o Estado Islâmico vai acabar ofuscando Hitler, Pol Pot, Stálin, Ceausesco, Mao e outros genocidas do século XX, que, a exemplo de Minas, trabalhavam em silêncio. O Estado Islâmico aderiu à barbárie do espetáculo, daí o meu espanto diante das senhoras inglesas que desejam ter filhos.

Depois dos horrores que ocuparam as primeiras 396 palavras deste philosophar, peço licença para aliviar o texto contando ao leitor que já fui segurança ou guardia del corpo de um italiano bilionário, nos quatro anos em que trabalhei para ele.

Explico. Nos estacionamentos dos melhores restaurantes do Rio, o patrão dirigindo seu carro de 150 mil dólares, o philosopho pilotando Opalão 79, sempre desci do carro explicando aos manobristas emburrados com o Opala enferrujado: “Sou segurança do doutor”. Volumoso, 1.88m, fiquei bem no papel. E o curioso da história é que os manobristas, à saída, não queriam aceitar a gorjeta do guarda-costas.

Corretor

Corretores ortográficos seriam ótimos, se fossem inteligentes. Aqui no Word 7 há um corretor que vive corrigindo o meu texto, porque programado para o português que se escrevia antes do imbecilérrimo Acordo Ortográfico. E tem mais: se escrevo con em espanhol (Expresa las circunstancias con que se ejecuta o sucede algo), o corretor muda para com, como mudou duas vezes agorinha mesmo.

Porca parida em latim, parca sus, é transformada em morte no SUS ou morte pelo SUS, isto é parca (morte) em nosso admirável Sistema Único de Saúde. Na mitologia clássica, Parca é cada uma das três deusas, Cloto, Láquesis e Átropos, que determinam o curso da vida humana. Em sentido figurado: parca é morte, palavra detestável, motivo pelo qual peço licença para mudar de assunto e falar de vida: “Pesquisas mostram que gordura saturada não faz mal à saúde” é a manchete da matéria de Thais Lobo, no Globo, edição de 29 de janeiro.

Que prossegue: “Dieta rica em manteiga, ovos e carnes não levaria a desequilíbrio nos níveis de colesterol e a doenças cardíacas”. A matéria é grande e menciona livro lançado ano passado nos Estados Unidos. Não chega a ser novidade para mim. Conheci no Retiro das Pedras, condomínio chique próximo de BH, um holandês que morreu oitentão, amigo do Lauro Diniz. Ex-padre, fluente numa porção de idiomas, o batavo adorava gorduras e nos churrascos comia todas as gorduras deixadas nos pratos pelos amigos.

O mundo é uma bola


8 de março de 1126: Afonso VII de Leão e Castela é proclamado rei, depois da morte de sua mãe, Urraca. É duro ter mãe chamada Urraca. Em 1618, Johannes Kepler formula a terceira lei de movimento dos planetas. Astrônomo e matemático alemão, figura-chave da revolução científica do século XVII, justamente conhecido por ter formulado as três leis fundamentais da mecânica celeste, Kepler “aprontou” no mundo em que vivia. Em 1910, Raymonde de Laroche é a primeira mulher a fazer um voo solo. Em 1918, primeiro caso de gripe espanhola, pandemia que teria matado entre 20 e 40 milhões de pessoas. Hoje é o Dia Internacional da Mulher.

Ruminanças

“É condição natural das mulheres desdenhar a quem as quer e amar a quem lhes tem aversão” (Cervantes, 1547-1616)

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