terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Leucemia tem nova opção de tratamento


Folha de São Paulo
Terapia em fase inicial de testes modifica sistema imune para combater câncer usando versão inativada do HIV 
Americana de sete anos foi submetida ao procedimento com sucesso; efeitos colaterais são pesados
Jeff Swensen/“The New York Times”
Emma Whitehead, 7, recuperada após leucemia, e sua mãe, Kari, na Pensilvânia, EUA
Emma Whitehead, 7, recuperada após leucemia, e sua mãe, Kari, na Pensilvânia, EUA
DO “NEW YORK TIMES”Emma Whitehead vem saltitando pela casa ultimamente. É difícil acreditar, mas no início do ano, Emma, então com seis anos, estava prestes a morrer de leucemia. Ela tinha sofrido duas recaídas após fazer quimioterapia.
Seus pais procuraram um tratamento experimental no Children's Hospital da Filadélfia, nos EUA. O procedimento nunca tinha sido testado em uma criança nem em qualquer pessoa com o tipo de leucemia de Emma.
Realizado em abril, o experimento usou uma forma desativada do HIV para reprogramar o sistema imunológico de Emma, de modo a matar as células cancerígenas.
O tratamento quase a matou. Mas agora, sete meses depois, ela está em remissão completa. Os pais de Emma, Kari e Tom, disseram que sua filha sofria de leucemia linfoblástica aguda desde 2010.
Ela faz parte de um grupo de uma dúzia de pacientes com leucemia avançada a terem recebido o tratamento experimental, desenvolvido na Universidade da Pensilvânia.
Abordagens semelhantes estão em teste no Instituto Nacional do Câncer dos EUA e no Memorial Sloan-Kettering, em Nova York.
"Nossa meta é a cura, mas não podemos proferir essa palavra", disse o médico Carl June, da Universidade da Pensilvânia.
Ele espera que o novo tratamento possa substituir o transplante de medula, um procedimento mais árduo, arriscado e caro e que hoje é o último recurso contra leucemias e doenças relacionadas.
RESULTADOS
Três adultos com leucemia crônica tratados na Universidade da Pensilvânia estão sem sinal da doença; dois estão bem há mais de dois anos.
Quatro adultos melhoraram mas não tiveram remissão completa e um foi tratado recentemente demais para ser avaliado. Uma criança tratada melhorou, mas depois sofreu recaída. Em dois adultos, o tratamento não funcionou. Os pesquisadores apresentaram os resultados em reunião da Sociedade Americana de Hematologia.
Uma grande empresa farmacêutica, a Novartis, está apostando na equipe da Pensilvânia e já destinou US$ 20 milhões para a construção de um centro de pesquisas na universidade.
Cientistas dizem que a mesma abordagem -a reprogramação do sistema imunológico do paciente- pode ser empregada contra tumores como de mama e próstata.
Para realizar o tratamento, médicos removem linfócitos T do paciente -um tipo de célula de defesa- e inserem genes que os capacitam a matar as células cancerígenas.
A técnica usa uma forma desativada de HIV, que leva material genético para dentro dos linfócitos. Os novos genes programam os linfócitos T para atacar as células B, uma parte normal do sistema imunológico que se torna maligna na leucemia.
Um sinal de que o tratamento está funcionando é que o paciente fica extremamente doente, com febres e calafrios, além de apresentar queda da pressão -efeitos que quase mataram Emma.
A pesquisa se encontra em fase inicial. Ainda não se saber por que o tratamento às vezes não funciona. Não está claro também se o o paciente precisa das células modificadas para sempre. Como elas matam as células B saudáveis, além das cancerosas, os doentes ficam vulneráveis a infecções e precisam usar imunoglobulinas para prevenir doenças.
Os pais de Emma dizem que a menina parece estar levando tudo muito bem. Ela voltou à escola e ao convívio com os colegas. "Agora é hora de Emma recuperar sua infância", disse seu pai.

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário