quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Respeita Gonzagão


Museu de Gonzagão atrasa e custo estoura
Programado para ser aberto hoje, maior projeto do centenário de Luiz Gonzaga (1912-1989) fica para meados de 2013
Lançado em 2010 pelo então presidente Lula, centro cultural teve orçamento revisto de R$ 26 mi para R$ 62 mi
MATHEUS MAGENTAFOLHA DE SÃO PAULOLUCAS NOBILECOLABORAÇÃO PARA A FOLHAUm museu no Recife dedicado ao rei do baião, Luiz Gonzaga, que faria cem anos hoje, não ficou pronto a tempo das comemorações.
Achados arqueológicos, dificuldades em repasse de verbas e readequações orçamentárias atrasaram a obra -prevista para ser concluída a tempo de integrar as comemorações do centenário de Gonzagão- e redimensionaram seus custos.
Além de um museu interativo à beira-mar, o centro cultural que leva o nome do sanfoneiro terá auditório e oficinas de instrumentos, entre outros atrativos.
A obra só deve ser concluída em agosto de 2013, no 24º ano da morte de Gonzaga.
Em dezembro de 2010, o então presidente Lula lançou o projeto no Recife, num de seus últimos atos antes de deixar o cargo. À época, a obra custaria R$ 26 milhões -R$ 21 milhões sairiam do governo federal e o restante, do governo pernambucano.
Hoje, o orçamento já é de R$ 62 milhões. Ou seja, os custos mais que dobraram.
"A área técnica é diferente do tempo político. Naquela época não havia estudos para precisar o valor. Mas, ainda assim, optou-se por fazer aquele lançamento do projeto", tergiversa Roberto Abreu, secretário-executivo da pasta de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco.
Os custos do projeto saíram do discurso para a ponta do lápis mais precisamente em setembro do ano passado, quando foi aberta a licitação para a construção do Cais do Sertão (fora acervo e instalações). Antes estimada em R$ 26 milhões, a obra foi orçada em R$ 40 milhões.
Iniciada a obra, o consórcio Gusmão/Concrepoxi (vencedor da licitação) encontrou as primeiras dificuldades entre janeiro e fevereiro deste ano. Entre elas, achados arqueológicos paralisaram a obra por quase 45 dias.
Escavações detectaram vestígios de uma muralha do século 17, um canhão, garrafas, correntes. Os imprevistos na obra elevaram seu custo para R$ 46 milhões.
MUSEU INTERATIVO
O Cais do Sertão é um entre os diversos eventos da comemoração do centenário de Luiz Gonzaga, que inclui shows, lançamentos de livros e de discos.
Em construção no porto do Recife, o Cais do Sertão terá 7.500 m² de área para abrigar museu, auditório, oficinas de instrumentos e biblioteca, entre outras instalações.
A curadoria do espaço ficou a cargo da socióloga e documentarista Isa Grinspum Ferraz, responsável pelo projeto do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
"A curadoria e todos os roteiros estão prontos. Falta agora a contratação dos profissionais para a produção física. O governador Eduardo Campos achou melhor não inaugurar o museu agora, de maneira precária."
Interativo, o projeto prevê objetos misturados a projeções, karaokês sertanejos e o acesso virtual a acervos de outros museus dedicados a Gonzaga, como o de Exu (PE), cidade em que ele nasceu.
O acervo, antes estimado em R$ 7,5 milhões, agora deve custar R$ 16 milhões.
Em dois anos, a participação financeira do governo pernambucano passou de quase R$ 5 milhões para R$ 20 milhões -tendo em vista as estimativas mais recentes.
Para viabilizar o projeto redimensionado, a bancada pernambucana na Câmara conseguiu aprovar uma emenda de R$ 30 milhões no orçamento federal deste ano.
Os recursos, alocados no Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), vinculado ao Ministério da Cultura, porém, ainda não foram liberados pelo Ministério da Fazenda. O risco é que a emenda precise ser renegociada para 2013.

    Exu, Recife e São Paulo recebem série de homenagens ao artista
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHADE SÃO PAULOSe, por um lado, o memorial em homenagem a Luiz Gonzaga perdeu a efeméride do centenário do rei do baião, por outro, uma série de comemorações vêm ocorrendo ao longo do ano por todo o país, dando a real dimensão da importância do músico para a cultura brasileira.
    Além do filme "Gonzaga - De Pai para Filho" (de Breno Silveira), e de lançamentos de discos, livros e DVDs, diversos shows celebram nesta semana os cem anos de Gonzagão em Exu (PE), sua cidade natal, em Recife e em São Paulo.
    Exu, que recebe atividades comemorativas desde o início dessa semana, terá apresentações de Gilberto Gil, Dominguinhos e Elba Ramalho.
    "O baião nunca mais saiu da minha rota. Aprendi com Gonzaga a permanecer fiel ao gênero que ele criou", diz Dominguinhos, considerado um dos principais sucessores do músico na sanfona.
    Já Recife terá shows de Fagner, Genival Lacerda, Anastácia, Silvério Pessoa, Hebert Lucena e outros músicos influenciados pela obra do pernambucano.
    "Na década de 1970, eu estava seguindo para uma direção mais urbana. O encontro com ele amadureceu em mim a ideia de me voltar novamente para o Nordeste", comenta Fagner, que gravou dois discos com Luiz Gonzaga nos anos 1980.
    Alceu Valença, que também se apresenta na capital pernambucana hoje, assim como Gonzaga, é um dos responsáveis pela difusão pela música nordestina pelo país.
    "Tive acesso às mesmas manifestações que o ajudaram a formatar o seu estilo. O canto dos aboiadores tangendo o gado, dos emboladores de coco, dos cegos de feira, dos tocadores de sanfona de oito baixos e dos poetas de cordel", diz Alceu.
    As homenagens ao sanfoneiro não se restringem ao Nordeste, ganhando espaço também em São Paulo pelas vozes de pessoas não necessariamente próximas ao universo do músico.
    Hoje e amanhã (ingressos esgotados), Angela RoRo, Wilson Simoninha, Elke Maravilha, Filipe Catto, Amelinha e Anastácia interpretam clássicos do baião em show no Sesc Pompeia.
    Sexta, sábado e domingo, músicas de Gonzaga ganham arranjos eruditos, no Sesc Vila Mariana, pela Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte.

      FRASES
      "O baião nunca mais saiu da minha rota. Aprendi com Gonzaga a permanecer fiel ao gênero que ele criou. As comemorações do centenário do Gongazão são mais do que merecidas"
      DOMINGUINHOS
      músico
      -
      "Luiz tinha consciência da imensa influência que exercia sobre nós, mas mantinha-se aberto para também deixar-se influenciar pelas gerações mais novas"
      ALCEU VALENÇA
      músico
      -
      "Na década de 1970, minha música estava mais urbana. O contato com ele [Gonzagão] amadureceu minha ideia de me voltar para o Nordeste. Depois, estreitamos nossa relação gravando dois discos"
      FAGNER
      músico

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