quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ricos atrasaram a extensão de pacto do clima, afirma brasileiro


Para negociador-chefe, conversas no Qatar agora se aceleraram
Karim Jaafar/France Presse
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fala em Doha
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fala em Doha
GIULIANA MIRANDAENVIADA ESPECIAL A DOHAO negociador-chefe do Brasil na COP-18, a convenção do clima da ONU que acontece até sexta em Doha, no Qatar, afirmou que as negociações para a extensão do Protocolo de Kyoto estão "em ritmo acelerado", mas que ainda é cedo para falar em resultados.
"Hoje é terça-feira, e nas terças [nessas convenções] nós não temos grandes decisões. Elas vão ser tomadas no fim da semana", resumiu o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Ele subiu o tom quanto à responsabilidade pelas dificuldades nas negociações.
"Essa negociação poderia ter acabado vários anos atrás, o que não aconteceu porque os países desenvolvidos quiseram adiar a decisão. Mas nós não podemos mais adiar. Os compromissos acabam no fim deste mês e nós precisamos de algo já no primeiro dia do ano que vem", afirmou.
O posicionamento mais enérgico do Brasil veio após um pedido do presidente da COP-18, Abdullah Bin Hamad Al Attiyah, para que o país, juntamente com a Noruega, intercedesse no processo de extensão de Kyoto.
Firmado em 1997, o protocolo compromete as nações desenvolvidas a reduzirem em 5,2% suas emissões de gases-estufa, entre 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990. Hoje o único pacto mundial de proteção climática, ele deixa de valer no próximo dia 31.
Na conferência do ano passado, em Durban, na África do Sul, os países-membros concordaram em redigir um novo tratado em 2015, a ser implementado até 2020. Para não deixar o mundo sem nenhuma meta de redução, propuseram um "puxadinho" do protocolo inicial.
O maior entrave às negociações continua sendo o chamado "hot air", carbono que alguns países deixaram de emitir além das metas de Kyoto por causa do declínio econômico, e não porque efetivamente tenham limpado sua matriz energética.
Um grupo liderado por Rússia, Polônia e Ucrânia, cujas emissões caíram significativamente nesses termos, quer que tais "sobras" sejam levadas para a próxima etapa do acordo.
Com a abertura oficial das negociações de alto nível, ontem à tarde, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu urgência e responsabilidade aos países ricos. "Estamos em uma corrida contra o tempo para evitar o aquecimento global", declarou Ban.

    ONU 'explora desgraça' do clima, diz carta
    DE SÃO PAULO
    Uma carta enviada ao secretário-geral da ONU por mais de 120 cientistas, a maioria deles físicos dos EUA e do Canadá, pede que Ban Ki-moon "deixe de explorar a desgraça das famílias" afetadas por desastres climáticos e pare de afirmar que eles foram causados ou intensificados pelo aquecimento.
    A missiva argumenta que, segundo dados do Escritório Meteorológico Britânico, não teria havido aumento significativo da temperatura global nos últimos 16 anos, apesar da emissão crescente de gases do efeito estufa.
    Para os signatários do texto, "não há como um aquecimento global que não ocorreu ser responsável pelos eventos extremos dos últimos anos".
    É bom lembrar, porém, que nove dos dez anos mais quentes da história foram de 2000 para cá.

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