terça-feira, 12 de março de 2013

ASTRONOMIA » Chile inaugura amanhã megaobservatório Alma


Estado de Minas: 12/03/2013 

San Pedro de Atacama – Está tudo pronto para a inauguração, amanhã, do revolucionário observatório astronômico Alma (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, em inglês, ou Grande Conjunto Milimétrico/Submilimétrico do Atacama), que permitirá revelar segredos do cosmos e poderá abrir os olhos da ciência para a origem do Universo e da vida. O grande conjunto de radiotelescópios Alma é o mais ambicioso projeto astronômico do mundo e será instalado na Planície de Chajnantor, a mais de 5.000 metros de altitude, em pleno Deserto do Atacama, no Chile, considerado o mais árido do mundo e com atmosfera semelhante à de Marte.
O observatório Alma começa a funcionar depois de mais de 10 anos em construção, da qual participaram instituições dos Estados Unidos, Japão e Europa, com um investimento de mais de US$ 600 milhões. O Alma observará a luz invisível ao olho humano, em comprimentos de onda milimétricas e submilimétricas 1.000 vezes mais compridas do que as ondas de luz visível, o que permite atravessar densas nuvens de poeira cósmica e chegar à parte mais lonquínqua (antiga) e fria do Universo. Com 66 antenas capazes de agir em uníssono, o Alma pode operar com um único telescópio ou antena de 16 quilômetros de diâmetro.
“O observatório será uma revolução. Nos permitirá ver com mais profundidade e de forma mais nítida e isto transformará completamente nossa visão de parte do Universo”, explicou à agência France Presse Massimo Tarengui, representante do Observatório Europeu Austral (ESO), que integra o projeto. “Encontraremos tantas coisas desconhecidas que haverá uma revolução total.” Depois do Big Bang, a grande explosão que se acredita que tenha dado origem ao Universo, a luz que emergiu foi desaparecendo ou se apagando. Havia apenas gases, principalmente hidrogênio, um pouco de hélio, traços de lítio e berílio, dos quais logo se formariam as primeiras estrelas e, a partir delas, os planetas.
Diferente dos telescópios ópticos ou infravermelhos, o Alma consegue captar o brilho fraco e o gás presentes na formação dessas primeiras estrelas, galáxias (conjunto de estrelas) e planetas, situadas na zona mais escura, distante e fria (entre 200 0 e 260 0 graus negativos) do Universo. Sua capacidade permitirá aos cientistas tentar desvendar como se formam as galáxias como a Via Láctea, que abriga o Sistema Solar, onde fica a Terra. “Com o Alma poderemos ver a formação galáctica ou planetária e daí a grande expectativa que existe em torno do projeto. Sabemos como surgiu o Big Bang, mas não sabemos como nascem as galáxias”, disse o astrônomo da Universidade do Chile Diego Mardones. “Com o Alma vamos avançar muito no que chamamos de astroquímica. Este universo frio é propenso à geração de moléculas (distintas formações de átomos) ou aminoácidos. Uma coisa que esperamos conseguir estudar é quão comuns são estes aminoácidos, que são a origem da matéria orgânica e da vida”, acrescentou Mardones.

A origem de alma

Em 2003, os Estados Unidos, representados por seu Observatório Radioastronômico Nacional (NRAO, na sigla em inglês), e a ESO assinaram o primeiro acordo para a criação do observatório Alma. Um ano depois, o Japão se uniu ao projeto. Seis anos mais tarde foi instalada a primeira antena na Planície Chajnantor, próxima ao povoado de San Pedro de Atacama (1.700 km ao norte de Santiago). O local foi escolhido pela altitude extraordinária, sua extrema secura e amplitude. Devido à sua relativa proximidade com a linha do Equador, tem também um ângulo privilegiado para observar grande parte do Universo. As antenas do Alma têm uma precisão de observação equivalente a uma fração da espessura do cabelo humano e são móveis: quando estão mais próximas umas das outras, a um raio de 150 metros, obtêm uma imagem mais geral do objeto, mas, quando estão mais separadas (até 15 quilômtros), conseguem melhor resolução. Cada antena pesa 100 toneladas e se move graças a dois transportadores especialmente construídos com este propósito. As imagens extraídas por Alma serão processadas no chamado correlacionador, considerado um dos computadores mais potentes do mundo.

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