segunda-feira, 18 de março de 2013

Astros oriundos de blockbusters, da TV e da internet dão a cara desta edição da SPFW

folha de são paulo

VIVIAN WHITEMAN
PEDRO DINIZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
SPFWAtor de blockbuster, tops internacionais, celebridades da TV e blogueiras "importadas". É nesse clima de Hollywood da moda que começa hoje a edição primavera-verão 2013/2014 da São Paulo Fashion Week.
Será uma temporada que marca o triunfo dos grandes grupos e suas grifes cada vez mais poderosas. Basta uma olhada no line-up para entender o momento, muito promissor para os perfis chamados de comerciais e muito delicado para os pequenos e médios ateliês.
Nomes de peso como Reinaldo Lourenço, André Lima, Maria Bonita, Paula Raia e Gloria Coelho não desfilam nesta edição. Maria Garcia, Jefferson Kulig, Movimento e Vitorino Campos também ficaram de fora.

Preparativos do São Paulo Fashion Week

 Ver em tamanho maior »
Edson Lopes Jr./Folhapress
AnteriorPróxima
Últimos preparativos para a semana de moda em São Paulo que acontece entre os dias 18 e 22 de março no prédio da Bienal, no parque do Ibirapuera Veja especial
Nos comunicados oficiais, fala-se apenas em estratégia de negócios, ajuste de calendários e prazos e outros termos amenos. Nos bastidores, porém, a palavra de ordem é procurar soluções para crises e grandes dívidas.
Com a chegada das grandes maisons internacionais e a concorrência de marcas controladas por investidores poderosos, os antigos donos do luxo nacional estão precisando se reinventar e refazer a estrutura de seus negócios.
Enquanto isso, marcas pop como a Colcci, do grupo AMC, movimentam a semana de moda com estrelas na passarela. O ator Paul Walker, astro do sucesso "Velozes e Furiosos", a supertop e ex-angel da Victoria's Secret Izabel Goulart e a angel Erin Heatherton desfilarão para a marca.
O grupo ainda traz Fernanda Lima, para a Forum, e Isabeli Fontana, para a Tufi Duek. A Ellus, carro-chefe do grupo InBrands, contratou a top internacional Lindsey Wixson, musa cult dos fashionistas; e a Animale, do grupo homônimo, traz Karlie Kloss, a segunda modelo mais importante do mundo segundo o ranking Models.com.
Até a organização está em clima de "mainstream". A cenografia é assinada pelos irmãos Campana, com fama consolidada e recentes parcerias com Louis Vuitton.
Há também as novas estrelas da mídia: top blogueiras. Entre elas, Viviana Volpicella, ex-assistente de Anna Dello Russo, da "Vogue".
Editoria de Arte/Folhapress

Colcci chega à SPFW com sucesso de mercado e crítica
Após ter a coleção malhada em anos anteriores, marca cresce e conquista avaliação positiva dos consumidores
Chefe do grupo destaca preocupação com estilo da grife, hoje bem avaliado, e com as estratégias comerciais
VIVIAN WHITEMANCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAEx-patinho feio da São Paulo Fashion Week, a Colcci chega a esta edição do evento como cisne dos ovos de ouro da moda brasileira.
São 102 franquias no Brasil, nove no exterior e vendas em 31 países. E a grife coleciona outra conquista: vem ganhando o apoio da mídia especializada no quesito estilo.
"A Colcci sempre teve muita atenção com seu estilo e produto e hoje chegou a um conceito equilibrado", diz Alexandre Menegotti, chefe da grife e do grupo AMC.
Não é o que os críticos acham. Na última temporada, a marca, que atualmente tem coleções assinadas por Jeziel Moraes e Adriana Zucco, recebeu sua primeira onda de avaliações positivas.
Em anos anteriores, as coleções foram bastante malhadas, e o comentário geral era que a marca usava grandes estrelas, como Gisele Bündchen e Ashton Kutcher, para ofuscar a falta de brilho criativo das roupas.
Menegotti sempre deixou claro, no entanto, que cada passo da Colcci era parte de um plano. A marca, apesar de fazer roupas em massa, é avaliada pelos consumidores como fornecedora de produtos sofisticados. "Nossa preocupação vai além de um desfile acertado para a imprensa, a SPFW é um dos canais de conversão e informação para nossos clientes."
O empresário não dá números, mas diz que dentro do grupo só se fala em crescimento. Segundo ele, no segmento jeanswear, a Colcci vem ampliando terreno, mesmo com as oscilações do mercado. "Não falamos sobre valores, por posicionamento estratégico, mas nossas projeções para 2013 são de crescimento", diz.
Segundo dados do Pyxis Consumo, ferramenta do Ibope Inteligência, em 2013 a classe C deve comprar R$ 52 bilhões, e a classe B, R$ 51 bilhões, de um total de R$ 129 bilhões, 18% a mais do que no ano passado.
A classe A deve representar 12%, com potencial de consumo de R$ 15 bilhões, contra R$ 13 bilhões em 2012.
As projeções favorecem negócios como os da Colcci, que crescem entre as classes B e C. Para conquistar a classe A, que vem recebendo cada vez mais oferta de produtos importados de grandes maisons, a concorrência é mais complicada.
"A entrada das marcas internacionais realmente mexeu com o mercado. Só que nos preparamos com antecedência. Ser moda é inovar, não só no estilo, mas em estratégias comerciais, porque diariamente o varejo muda, o público muda", analisa.
Uma coisa que não tem mudado é o desejo do público da Colcci por celebridades.
A escolha dos novos rostos da grife passa por pesquisas internas. As moças querem modelos internacionais mostrando as roupas que comprarão. Os moços, galãs das telas. O casal ideal. Estima-se que Paul Walker, astro de "Velozes e Furiosos", tenha recebido entre R$ 400 mil e R$ 500 mil para desfilar.
Folha apurou com um dos compradores que o clima é de desfile e festa. Cenário, música alta, modelos, champanhe. Há um esquema de "compra no escuro" (sem o preço, a conta vem depois). Jornalistas e críticos estão fora do formato. Trata-se de uma espécie de clubinho secreto. Estilo Hollywood.

    'Sou um prestador de serviços da moda', diz Marcelo Sommer
    Estilista desfila hoje quarta coleção que desenvolveu em parceria com a Cavalera
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHAApós vender a marca que leva seu sobrenome para o grupo AMC Têxtil, em 2004, Marcelo Sommer fez de tudo um pouco. Lançou nova grife, a Do Estilista, criou figurinos para teatro e coleções para um supermercado.
    Em 2008, desfilou a primeira linha de roupas de uma série de três para a Cavalera, do empresário Alberto Hiar. Hoje, às 21h30, volta à passarela da marca, com criações inspiradas no soul e no rock.
    Folha - Sua relação com a Cavalera é antiga. O que representa o retorno à marca?
    Marcelo Sommer - É um trabalho pontual. O primeiro desfile e a coleção foram um sucesso, e o Alberto me chamou para trabalhar com a estilista Francis Petrucci nessa coleção, com perfume dos anos 1970 num shape moderno.
    Moderno como?
    É uma marca de streetwear. Fizemos estampas que relacionam rock e soul num contexto urbano. Uma delas foi feita a partir de uma pichação que fotografamos em São Paulo.
    Como será o desfile hoje?
    Haverá música, alguém ou um grupo que represente o tema "Rock'n'soul". Não gosto de desfile "jogo de tênis", com modelos indo e vindo. Moda tem que ter performance.
    Você fez bastante coisa desde que vendeu a marca Sommer.
    Sou um prestador de serviços da moda. A linha de jeans e camisetas para o Pão de Açucar são um sucesso e renovamos contrato. E o projeto da loja Do Estilista sai neste ano, a princípio só com camisetas, que são minha marca.

      Ronaldo Fraga lança livro com registro de 35 coleções na SPFW
      PEDRO DINIZCOLABORAÇÃO PARA A FOLHARonaldo Fraga nunca acreditou muito em obras autobiográficas. Pelo menos não sobre sua carreira.
      "Mas chegou a hora de lembrar que o fator autoral na moda é fundamental", diz o designer mineiro, que lança, amanhã, após o desfile de sua marca homônima na 35ª São Paulo Fashion Week, o livro "Ronaldo Fraga: Caderno de Roupas, Memórias e Croquis", pela editora Cobogó.
      Com desenhos e fotos produzidos por ele a partir dos anos 1990 para a criação de 35 das 36 coleções que desfilou no evento, além de textos de colegas como Costanza Pascolato, o livro expõe o processo criativo de Fraga e busca alertar novas gerações sobre a importância do trabalho manual e gráfico.
      "Há um embate entre os criadores e as regras do comércio de moda, que fazem os jovens chegarem ao mercado descrentes de que criação envolve esforço mental e mão. Hoje, para ser estilista, não precisa saber desenhar."
      Imagens de croquis de coleções famosas como "Pina Bausch", do inverno 2010, e "Costela de Adão", do verão 2004, revelam esse esforço do estilista, conhecido por colocar na passarela a cultura popular e os agentes que a influenciam -vide a coleção "A China", do inverno 2007.
      Se há duas temporadas Fraga chegou a afirmar que a "moda como a conhecíamos morreu", referindo-se a uma certa falta de autenticidade da moda e a uma descrença no formato de desfiles, agora, com o livro, enxerga luz no fim o túnel.
      "Percebo que a 'fome' dos jovens está no processo de confecção do produto. Talvez esse livro só seja entendido daqui a 50 anos", diz, "sem falsa modéstia". "Todos têm seus altos e baixos. Acho que as coisas vão começar a mudar. Sou otimista até quando não tenho de ser."

        Nenhum comentário:

        Postar um comentário