quarta-feira, 17 de julho de 2013

PT precisa se renovar, diz Lula no 'NYT'

folha de são paulo
Em coluna no jornal norte-americano, ex-presidente defende que partido reabilite elo com movimentos sociais
Petista afirma que protestos refletem cobrança por serviços melhores após avanço na distribuição de renda
DE SÃO PAULOO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou ontem, em sua coluna mensal para o jornal "The New York Times", que o PT precisa se renovar e retomar seus laços com os movimentos sociais.
"Mesmo o PT, que ajudei a fundar e que tem contribuído muito para modernizar e democratizar a política no Brasil, precisa de profunda renovação. É preciso recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais, oferecer novas soluções a novos problemas", disse Lula ao comentar os protestos de junho.
Durante os protestos, a aprovação do governo Dilma caiu de 57%, em 6 e 7 de junho, para 30% nos dias 27 e 28, segundo o Datafolha.
Com isso, as intenções de voto em Dilma também despencaram --de 51% para 30% no cenário com Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (Rede) e Eduardo Campos (PSB).
Em resposta às pesquisas que indicaram que a maioria dos manifestantes não tinha preferência partidária (como 84% dos presentes ao protesto de 18 de junho no Largo da Batata, em São Paulo), Lula disse discordar daqueles que atribuíam a onda de protestos a uma rejeição à política.
"Acho que é precisamente o oposto: eles [manifestantes] refletem um esforço para aumentar o alcance da democracia, para incentivar as pessoas a participar mais plenamente", escreveu Lula.
Lula destacou o fato de que os protestos surgiram em um país democrático (ao contrário do que ocorreu em alguns países africanos) e com uma economia favorável (ao contrário de países europeus).
CONQUISTAS SOCIAIS
A explicação desse paradoxo residiria, segundo ele, no fato de que os protestos resultaram em grande parte das medidas sociais e econômicas das gestões do PT --uma opinião expressa pela própria Dilma durante as manifestações.
"Na última década", escreveu Lula no "NYT", "o Brasil dobrou o número de estudantes universitários, muitos de famílias pobres e houve redução drástica da pobreza".
Na avaliação do ex-presidente, é compreensível que essa juventude --que não conheceu a ditadura militar, a hiperinflação e o desemprego-- apresente demandas diferentes: ela quer ser ouvida.
"Eles querem a melhoria da qualidade dos serviços públicos. Milhões de brasileiros, incluindo os da classe média emergente, compraram seu primeiro carro e começaram a viajar de avião. Agora, o transporte público deve ser eficiente, tornando a vida nas metrópoles menos difícil."
Lula destacou o uso das redes sociais. Ele observou que a sociedade é digital, mas os políticos ainda são "analógicos", e defendeu a renovação das instituições democráticas. Segundo ele, é "necessário pensar em novas formas de participação política" e usar as novas tecnologias para dialogar com a sociedade.
Por fim, Lula elogiou Dilma por propor um plebiscito para fazer a reforma política.

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