quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Eduardo Almeida Reis-Comerciais‏

A televisão pode ser imbecilizada pelos telespectadores, porque precisa de audiência para ter comerciais e vai baixando de nível em busca de ibope


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 29/08/2013 



Certos comerciais televisivos me deixam apoplético, como aquele de margarina produzida pela Unilever, salvo engano a mesma multinacional que andou misturando soda cáustica em seus sucos de frutas. É o comercial em que aparecem diversas almofadas em forma de coração e uma senhora atesta que a margarina resolveu seu problema de colesterol em 15 dias. Depoimento de uma única pessoa? Houve supervisão médica?

Conar é pouco. No meu entendimento de philosopho, não é comercial para o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária: é caso de polícia. Para início de conversa, como disse Istvan Wessel, margarina não é coisa que entre numa cozinha. Mas entra, porque as multinacionais têm dinheiro e força publicitária, enquanto os produtores de manteigas de primeira qualidade lutam para sobreviver produzindo leite nos trópicos.

A propósito do “depoimento” da tal senhora veiculado no comercial, ainda que fosse verdade e sem qualquer peso estatístico, porque um só, contraponho fato ocorrido com o meu colesterol ruim, que, de repente e sem aviso prévio, baixou para níveis inferiores aos mínimos considerados normais.

Margarina só funciona em certos atos sexuais, que me permito não explicar porque sou cavalheiro puro de sentimentos e intenções. Mas sei de um amigo que, hospedado no sítio de um cavalheiro poseur, que permitia o uso da tal margarina em sua casa, numa grave emergência noturna recorreu ao pote da geladeira como lubrificante. Mais grave que isso: em baixo-relevo, na margarina do pote, ficou impressa a marca do crime. E o dono do sítio, idiota que tomava o café da manhã metido num robe de seda, com um lenço de foulard enrolado no pescoço, passou pelo dissabor de destampar o pote com o baixo-relevo impresso na gordura vegetal interesterificada envasada em plástico.

Aqui em casa margarina sempre deu demissão por justa causa. Bem que as comadres tentaram comprar o veneno que faz tudo para imitar a manteiga, coitadas, porque são influenciáveis pelos comerciais televisivos. Jamais insistiram na compra, porque avisadas de que só comeriam a margarina depois de sumariamente despedidas e já tinham percebido que pode existir patrão igual, mas melhor está para ser inventado. Por derradeiro, uma constatação: se existe o verbo envasar, meter em vaso, vasilha ou qualquer embalagem, é tempo de inventar o enpotar, meter em pote.

Problemas & soluções

Descoberto o Bóson de Higgs, explicada a locução afogar o ganso, esclarecido o problema de quem nasceu primeiro – o ovo ou a galinha – é chegada a hora de tentar explicar gravíssimo problema que assola o Piscinão de Ramos: a televisão imbecilizou os telespectadores ou foi imbecilizada por eles?

Enquanto o mundo discute a descriminalização das drogas pesadas, inevitável porque não há país, com exceção de Cingapura, capaz de acabar com elas, é tempo de alguém pensar na veiculação da violência através das tevês. É pueril o argumento de que a tevê transmite porque a violência existe. As idas ao vaso matinal também existem e ninguém as filma em cores para exibir na tevê cidadãos obrando gostosa e abundantemente.

A televisão pode ser imbecilizada pelos telespectadores, porque precisa de audiência para ter comerciais e vai baixando de nível em busca de ibope. O telespectador infante é imbecilizado pelo que assiste na tevê: claro que é. Se o programa é imbecil, imbeciliza a criança. Se violento, acentua a ferocidade do jovem, de resto fartamente demonstrada pelos pelotões infanto-juvenis durante a Segunda Grande Guerra e hoje pelos “dimenores” brasileiros.

Impedir a veiculação de certos programas seria censura censurável. Que, aliás, já existe nos programas impróprios para menores de 12, de 14, de 18 anos com o “recomendado para” e a idade, ou o “L” de livre. Talvez fosse o caso de incluir todos os programas imbecis e/ou violentos na categoria “recomendável para maiores de 100 anos”, que são poucos e não têm tempo a perder com tolices.

O mundo é uma bola

29 de agosto de 1526: Solimão I, o Magnífico, derrota Luís II da Hungria na Batalha de Mohács. Claro que Sua Majestade o Grande Sultão Imperial, Comandante dos Fiéis e Sucessor do Profeta do Universo não se chamava Solimão, porque tinha nome irreproduzível em turco otomano, que podia ser traduzido para Sulaymãn ou, em turco moderno, Süleymãn, quase sempre Kanuni Sultan Süleyman. Foi o décimo sultão do Império Otomano e o de mais longo reinado, que começou em 1520 até sua morte em 1566.

Aleksandra Lisowska, filha de um sacerdote ortodoxo russo, conhecida como Roxelana, foi incluída em seu harém e se tornou a favorita para surpresa de seus súditos e da comunidade internacional, que ainda não conheciam os peitinhos das ativistas do Grupo Femen. Por causa de Roxane, o Magnífico mandou matar seu próprio filho Mustafá.

Em 1825, Portugal reconhece a independência do Brasil. Em 1852, início da construção da primeira ferrovia brasileira, a Estrada de Ferro Mauá. Em 1966, os Beatles realizaram seu último show oficial em São Francisco, Califórnia. Em 1978, inicia-se o III Governo Constitucional da Portugal com o término do II Governo Constitucional de Portugal.
Hoje, t’esconjuro, é o Dia Nacional de Combate ao Fumo.

Ruminanças

“Às vezes um charuto é apenas um charuto” (Sigmund S. Freud, 1856-1939). 

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