quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Eduardo Almeida Reis - Remédios fazem a felicidade, sim, mas curar não curam.‏

Remédios fazem a felicidade, sim, mas curar não curam. Mais dia, menos dia, ninguém escapa. E olhem que muitas pessoas têm saúde para tomar farmácias inteiras 

Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 18/09/2013


Lista da Forbes

A revista Forbes, que só raciocina em dólares americanos, parece ter aberto exceção para os mais ricos do Brasil ou, então, o ranking foi convertido em reais pelo jornal que o publicou. Vejamos: 1º Jorge Paulo Lemann (R$ 38,2 bilhões); 2º Joseph Safra (R$ 33,9 bilhões; 3º Antônio Ermírio de Moraes e família (R$ 25,6 bilhões); 4º Marcel H. Telles (R$ 19,5 bilhões); 5º Roberto Irineu Marinho (R$ 17,3 bilhões); 6º João Roberto Marinho (R$ 17,3 bilhões); 7º José Roberto Marinho (R$ 17,1 bilhões); 8º Carlos Alberto Sicupira (R$ 16,8 bilhões); 9º Norberto Odebrecht e família (R$ 10,1 bilhões); 10º Francisco Ivens de Sá Dias Branco (R$ 9,6 bilhões); 11º Walter Faria (R$ 9,1 bilhões); 12º Aloysio de Andrade Faria (R$ 8,2 bilhões); 13º Abílio dos Santos Diniz (R$ 7,9 bilhões); 14º Giancarlo Civita e família (R$ 7,7 bilhões); 15º Renata de Camargo Nascimento, Regina de Camargo Oliveira Pires e Rosana Camargo de Arruda Botelho (cada uma com R$ 7,5 bilhões).
Ninguém conhece Francisco Ivens de Sá Dias Branco, que nasceu em 1934 na cidade de Fortaleza, CE. É dono de uma empresa que distribui biscoitos, massas, bolos, snacks, margarinas e gorduras vegetais em todo o Brasil, com sede na cidade de Eusébio, Ceará.

Em matéria de irmãos, José Roberto Marinho só tem R$ 17,1 bilhões, contra R$ 17,3 milhões do João Roberto e do Roberto Irineu, em cujo apartamento jantei, levado por um amigo, quando ele resolveu investir em agropecuária e queria conversar comigo. Depois do jantar, o garçom nos trouxe duas caixas de charutos cubanos, tirei um, que acendi na hora e fui criticado, à saída, pelo amigo: “Você devia tirar uma porção”. Fiz-lhe ver que foi assim que me ensinaram.

Repeti a dose (e fui igualmente criticado), quando convidado para almoçar no Palácio das Mangabeiras pelo governador Aécio Neves da Cunha, filho do saudoso Aécio Cunha: havia duas ou três caixas, servi-me de um charutinho.

As meninas Renata, Regina e Rosana são filhas do construtor Sebastião Ferraz de Camargo Penteado e os irmãos do empresário Abílio dos Santos Diniz não aparecem na lista. Perguntem a ele, não a mim, que não me envolvo em desavenças familiais.


Remédios

Muito me diverte o entusiasmo das pessoas pelos remédios que tomam. Hoje cedo constatei que preciso enriquecer meu estoque de fármacos, sobretudo com pílulas e comprimidos azuis e verdes. Tomo dois vermelhos, um branco, um sublingual, e dois maiores em tons de cinza – seis ao todo, o que é muito pouco para proporcionar felicidade total. Nos dois tons de cinza ainda faltam 48 para alcançar os Cinquenta tons de cinza, título do livro que andou vendendo milhões de exemplares. Você leu?

Remédios fazem a felicidade, sim, mas curar não curam. Mais dia, menos dia, ninguém escapa. E olhem que muitas pessoas têm saúde para tomar farmácias inteiras. Conheço médicos que tomam caixotes de comprimidos todos os dias. 

Nas roças, os obreiros infatigáveis só acreditam em remédios caros, a começar pelo fato de o patrão pagar a conta na farmácia. Ouvi essa de “obreiros infatigáveis” quando fiz matéria na fazenda de um industrial boa-praça, dono de imensa indústria de muito sucesso, que existe até hoje. Rapaz de família empobrecida, foi para São Paulo, fez carreira, comprou a indústria em que trabalhava e voltou riquíssimo ao RJ para comprar e reformar todas as fazendas que pertenceram aos seus avós.

Se o Ministério da Saúde quisesse mesmo a felicidade do brasileiro já teria providenciado a fabricação de placebos em comprimidos grandes e coloridos, metidos em caixas de nomes complicados, com as bulas redigidas por intelectuais brasileiros. Por quê? Ora, porque ninguém entende o que os tais “gênios” escrevem. Se o placebo é colorido e a bula, ininteligível, temos o patrício curado. 

Inda me lembro do nome do nome de um fármaco recomendado num memento veterinário: salicilato de carbazocromo. Garantia o memento (folheto ou livrinho em que se acha resumido o essencial de uma matéria, um assunto; resumo, sumário) que o salicilato de carbazocromo resolvia as hipoprotrombinemias bovinas. Desafortunadamente, minhas vacas não aprenderam a ler. Se aprendessem, escreveriam melhor que os tais “intelectuais”.


O mundo é uma bola
18 de setembro de 324: na Batalha de Crisópolis, os coimperadores romanos Constantino e Licínio se estranharam, algo assim como Batalha do Paranoá em que os copresidentes Silva e Rousseff se estranhassem.

Em 1759, para sorte do Canadá, os soldados de Quebec se rendem completamente aos ingleses. Em 1793, George Washington assenta a pedra fundamental do Capitólio. Engraçado: pedra fundamental não tem o hífen de pedra-infernal, que, como é do desconhecimento geral, significa nitrato de prata fundido.

Em 1814, Elisa Baciocchi, aliás Marie Anne Elisa Bonaparte Baciocchi, filha mais velha de Carlo Buonaparte e Letizia Ramolino, portanto irmã de Napoleão, é afastada do Grão-Ducado da Toscana. Retratada nos quadros a óleo não era de se jogar fora. Em 1818, independência do Chile. Em 1950, inauguração da TV Tupi de São Paulo, a primeira emissora do Brasil.


Ruminanças
“Em 24 horas, numa revolução egípcia, mata-se muito mais gente do que em 21 anos no Brasil.” (R. Manso Neto)

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