quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Desafios para 2014-Olavo Machado‏


Desafios para 2014 
 
Precisamos agir para termos inflação controlada, juros e spreads bancários civilizados, câmbio estável e maior equilíbrio fiscal

Olavo Machado
Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg)
Estado de Minas: 19/12/2013 


O ano de 2014 será bom ou ruim? Embora todos busquem resposta a essa pergunta, a questão é outra e é importante que estejamos atentos. Na verdade, 2014 será o ano que formos – a sociedade brasileira – capazes de construir. É certo que ainda vivemos um momento difícil da crise econômica e financeira mundial, com efeitos graves sobre a economia brasileira e mineira, mas não devemos nos subordinar ao fatalismo negativo que nada constrói. Com ações responsáveis e coerentes é possível mudar essa realidade.

No plano global, os números mostram que a economia mundial não fecha 2013 tão mal: embora o crescimento seja menor que o registrado em 2012, vislumbra-se um cenário de recuperação para o próximo ano, puxado pela China, Estados Unidos e até a Europa, com crescimento estimado de 3,6% – contra 3,1% no ano passado e 2,9% este ano. São, todas elas, economias que fizeram seu dever de casa, trabalharam para assegurar o equilíbrio de suas finanças públicas, estimularam o consumo, priorizaram os investimentos e trabalharam pela melhoria das relações de confiança no ambiente de negócios e entre os diversos segmentos da sociedade e os seus respectivos governos. Sem falar da segurança jurídica que se encontra nos Estados Unidos e Europa.

No Brasil, podemos e devemos seguir esse mesmo caminho. Para isso, a curto prazo, precisamos agir para termos uma economia com inflação controlada, com menores taxas de juros e spreads bancários civilizados, câmbio estável e maior equilíbrio fiscal. No setor de obras de infraestrutura de apoio ao setor produtivo, é fundamental e urgente o avanço do Programa de Investimento em Logística (PIL), que inclui concessões de obras estratégicas em todo o país, inclusive em Minas Gerais, estado que é considerado um dos mais estratégicos entroncamentos logísticos do país.

Atuando com essa disposição, certamente seremos capazes de construir um ambiente de negócios que contribua para acelerar o crescimento da economia e a melhoria dos níveis de competitividade da indústria nacional. Na visão do empresariado, é imperativo o rigor na gestão do orçamento público, priorizando os investimentos. No campo da política econômica, é crucial atuar para realizar as reformas estruturais para eliminar deficiências que tanto impactam negativamente a competitividade da economia nacional, sobretudo da indústria – tributária, previdência e relações trabalhistas. Fazê-las é fundamental para reduzir o chamado custo Brasil e assegurar condições de isonomia às empresas nacionais na concorrência nos grandes mercados mundiais e no mercado interno, que está sendo invadido por produtos importados de alta intensidade tecnológica e elevado valor agregado.

É possível, sim, e só depende de nós – de todos os segmentos da sociedade, dos empresários, dos trabalhadores e muito especialmente o governo – Executivo, Legislativo e Judiciário – e também do Ministério Público. Juntos num grande pacto, podemos construir o país que todos almejamos. Devemos aproveitar também o fato de que 2014 será um ano eleitoral para avaliar corretamente e escolher candidatos comprometidos com o país e com uma agenda que priorize mais investimentos em infraestrutura, melhor educação e saúde, reforma tributária, maior estabilidade jurídica e regulatória. Essa é, com certeza, uma agenda imprescindível para acelerar o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Não há meio termo: agimos agora ou ficamos calados pelos próximos quatro anos.

Nessa trajetória, há questões fundamentais que precisam ser bem resolvidas para que, em vez de criar problemas futuros, gerem soluções. Um exemplo importante é o julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), do financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas, como tem ocorrido até hoje, dentro da lei e com prestação de contas à Justiça Eleitoral. Como tudo indica que isso será proibido e considerando que a pressão política é muito intensa e forte, é preciso indicar as formas de financiamento possíveis, com transparência e critérios claros. O empresário não pode ficar refém de situações mal resolvidas e, menos ainda, ser apontado como o vilão desse processo.

Enfim, pelo mundo afora os países desenvolvidos e emergentes estão buscando e encontrando portas de saída para a crise e o baixo crescimento, mostrando que é possível. Esse também deve ser o nosso compromisso. O ano de 2014 será como formos capazes de construí-lo. Está em nossas mãos.

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