quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Eduardo Almeida Reis-Banhos II‏


Banhos II 
 
Olfação, o ato de cheirar, o exercício do sentido do olfato, a osfresia, é importantíssima no relacionamento amoroso
 
 

Estado de Minas: 19/12/2013 Eduardo Almeida Reis




Na edição de ontem falei dos banhos relativamente recentes na história humana. Ainda hoje há europeus não muito amigos do limpamento diário. Escrevo no primeiro dia de clima decente numa primavera siberiana, depois de tomar um banho que me permitiu, depois de secado, continuar nu no banheiro. Até então, depois de seco o philosopho vestia, às pressas, camiseta, camisa, cueca, calça – antes de alimpar as orelhas e pentear a linda juba. O verbo secar tem seco e secado no particípio. Usei secado para evitar o seco-com, relacionado com outra coisa que se faz no banheiro.

No Pantanal, já passei cinco dias sem banheiro, mas resolvi o problema do banho com uma bacia e uma caneca. Aqui, no Norte de Minas, passei dois dias hospedado numa casa sem água encanada. Havia um saco de lona, com chuveiro plástico na parte de baixo, que comportava 18 litros de água calcária retirada de córrego próximo. Ninguém é obrigado a acreditar, mas havia no córrego peixes tão grandes que tinham dificuldade para “manobrar” na água transparente.

O fato de Napoleão não gostar que sua Josefina se lavasse antes de ir ao leito é explicado pela sexologia. Se não é, deveria sê-lo. Olfação, o ato de cheirar, o exercício do sentido do olfato, a osfresia, é importantíssima no relacionamento amoroso. Anote aí, caro e preclaro leitor: osfresia, radical do grego órphrésis,eós “olfato, órgãos da olfação” + -ia. Depois dos 25, se o cheiro não atrai, babau; tchau e bênção “procê”. Falei depois dos 25 e já me arrependo: há heróis que passam dos 70 operacionais, mas sofrem de anosmia, diminuição ou perda absoluta do olfato, que pode ocorrer por lesão do nervo olfativo, obstrução das cavidades nasais, reflexo de outras doenças ou ainda sem qualquer lesão aparente.

Ainda a propósito das dimensões penianas de Montaigne e Napoleão, que ontem vieram à baila, não seria inoportuno citar a frase da ministra da Cultura, neta do barão Smith de Vasconcellos, Marta Teresa Smith de Vasconcellos Suplicy (São Paulo, 18/3/1945), quando sexóloga da Globo: “Não importa o tamanho da varinha e sim o que ela é capaz de fazer”. Compete ao leitor a tarefa de investigar se a quase setentona petista disse mesmo a tal frase, pois me recuso a ler e ouvir os pensamentos da referida senhora, bem como os de seu ex-marido.

Horários

Apesar do número expressivo de pedófilos que reúne em seus quadros, a BBC faz filmes interessantíssimos. Um deles deve ter sido sobre Robert Louis Stevenson (1850–1894), escocês de uma família construtora de faróis marítimos, gente que fez mais de 400 e todos estão de pé até hoje. Tuberculoso desde rapaz, chegou a estudar engenharia para seguir a profissão da família, casou-se com uma norte-americana divorciada e 10 anos mais velha, escreveu, entre outros, A ilha do tesouro e O médico e o monstro, teve um filho e morreu de AVC aos 44 anos. Produzido pela BBC, o filme sobre Stevenson deve ser um espetáculo, mas foi ao ar pela TV Cultura, às 10h da noite. Por que veicular bons programas tão tarde e passar os dias transmitido desenhos infantis? Crianças não fazem compras; portanto, não se deixam influenciar pelos comerciais. Seria muito mais lógico transmitir bons programas durante o dia em horários exaustivamente anunciados, de tal forma que fossem assistidos pelos adultos que fazem compras e são influenciados pelos comerciais.

O mundo é uma bola

19 de dezembro de 1154: Henrique II de Inglaterra é coroado na Abadia de Westminster. Como sabemos todos os que visitamos a Wikipédia, o rapaz também foi conhecido como Henrique Courtmantle (em francês Court-manteau), Henrique FitzEmpress ou Henrique Plantageneta. Governou como conde de Anjou, do Maine, duque da Normandia, da Aquitânia, conde de Nantes, rei da Inglaterra (1154–1189) e lorde da Irlanda. Por diversas vezes controlou o País de Gales, a Escócia e o ducado da Bretanha, sem automóvel, avião, telefone e internet. Foi casado com Leonor de Aquitânia e achou tempo, entre gritos e piolhos muitos, de produzir 10 filhos. Em 1189, Paulo Scolari é eleito papa Clemente III. Paulo foi precedido por Gregório VIII, assim como Luiz Felipe, seu ilustre parente, foi precedido por Mano Menezes.

Em 1490, Ana, duquesa da Bretanha, se casa com Maximiliano I, sacro imperador romano-germano, viúvo, mas o casamento foi anulado em 1491. Como sabe o leitor, Maximiliano I de Habsburgo (1459–1519) foi sacro imperador romano de 1508 (de facto, a partir de 1493) até morrer, em 1519. Portanto, quando se casou com a duquesa da Bretanha ainda não era sacro imperador. Era filho do imperador Frederico III e da imperatriz Leonor de Portugal, em verdade Lyanor ou Lianor, filha de Leonor da Aragão e do rei Duarte, de Portugal. Quando eleito imperador do sacro império, Maximiliano se tornou o mais poderoso dos príncipes alemães desde Frederico II. Em 1865, Araxá (MG) é elevada à categoria de cidade. Em 1961 é fundada a cidade de Arara (PB), que o Japi e o Nêumanne não devem conhecer, motivo pelo qual informo aos excelentes patrícios que a cidade fica na microrregião do Curimataú Ocidental. Hoje é o Dia do Orgulho Ateu, que dispensamos porque nos basta o ateísmo honesto.

Ruminanças


“Só os profetas enxergam o óbvio.” (Nelson Rodrigues, 1912–1980)

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