quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

EDUARDO ALMEIDA REIS - Muy cáustico‏

Ensinaram-me a produzir azeite doméstico razoável, que consistia na mistura de óleo de cozinha com azeitonas verdes daquelas graúdas


Estado de Minas: 04/12/2013





Houve tempo, não muito antigamente, em que os azeites europeus custavam uma fortuna. Ali por volta de 1980 ensinaram-me a produzir azeite doméstico razoável, que consistia na mistura de óleo de cozinha com azeitonas verdes daquelas graúdas. Não posso jurar, mas acho que era óleo de arroz: meio quilo de azeitonas verdes graúdas em um litro de óleo de arroz. Depois de alguns dias, você tinha azeitonas excelentíssimas para cervejar e um “azeite” perfeitamente utilizável nas saladas e frituras. Ensinei a fórmula a um hoteleiro do Sul de Minas, que a adotou na cozinha e no bar do seu hotel. Depois, os azeites europeus baratearam, surgiram lojas de azeites, provadores de azeites e me esqueci da mistura que enganava muitíssimo bem, produzindo, repito, azeitonas excelentíssimas como tira-gostos cervejeiros.

Temos agora as análises da Proteste, uma associação de consumidores, que testaram 19 marcas de azeite extravirgem para descobrir que 58% delas não são o que dizem ser. As marcas Figueira da Foz, Tradição, Quinta d’Aldeia e Vila Real são de azeites lampantes, palavra que ninguém conhece, mas o Google nos ajuda: “Se denomina aceite de oliva lampante al aceite virgen que se presenta defectuoso por distintos motivos, puede ser un aceite resultante de haber utilizado aceitunas degradadas, problemas o defectos en los procesos de elaboración etc.”. Mais adiante, continua: “El aceite de oliva lampante no es apto para consumo, pero para aprovecharlo los productores lo refinan para reducir la acidez ya sea mediante una decoloración, utilizando sosa o sometiéndolo a altas temperaturas entre otros procesos”.

Aí, você vai ao dicionário da Real Academia Española para descobrir que lampante, adjetivo, “se dice del queroseno purificado que se emplea para el alumbrado” e, ainda, “se dice del aceite de oliva más puro”. O mesmo dicionário que tem sosa, palavra catalã, NaOH, “hidróxido sódico, muy cáustico”. Sai dessa, caro e preclaro leitor: muy cáustico e a gente comprando como azeite extravirgem. O hidróxido de sódio é substância usada na fabricação de detergentes, refino de petróleo, como reagente analítico etc., que você talvez conheça como soda cáustica. Azeites não virgens, com 0,8% a 2% de acidez, ainda de acordo com a Proteste, são: Borges, Carbonell, Beirão, Gallo, La Espanhola, Pramesa e Serrata. Os extravirgens, com até 0,8% de acidez, são: Olivas do Sul, Carrefour, Cardeal, Cocinero, Andorinha, La Violetera, Vila Flor e Qualitá.

Sky Maria da Penha

Pessoas há que usam a cabeça para experimentar novos penteados, novos xampus e tinturas, e toda sorte de maneiras de furtar, roubar, receptar, malversar dinheiros públicos etc. A grande virtude de um philosopho, que realmente philosopha, é amar a sabedoria, é pensar as coisas como devem ser pensadas. Dou-lhes um exemplo do alto philosophar com as mulheres que apanham dos seus companheiros e não se queixam, adiando sempre a ida a uma delegacia da Mulher onde contam com a Lei Maria da Penha.

Como explicar esse comportamento de centenas de milhares, talvez milhões de mulheres brasileiras? É fácil: basta comparar com a Sky, tevê a cabo em Juiz de Fora, cidade-polo da Zona da Mata de Minas. Por qualquer motivo e até sem motivo algum aquela porcaria enguiça. O “assinante” sente vontade de espancar a antena-marido, xingar a telefonista-marido, ligar para o Procon/Delegacia da Mulher, mudar de operadora-marido (mas tem contrato por um ano...), talqualmente nas desavenças matrimoniais. De repente, a porcaria volta a funcionar e o assinante fica satisfeito de não ter ligado para o Procon, xingado a telefonista, espancado a antena parabólica. Deve ser o sentimento da mulher que apanha: a esperança de não voltar a apanhar, assim como o assinante sonha com uma Sky que não volte a enguiçar. Segunda das três virtudes teologais, ao lado da fé e da caridade, a esperança pode funcionar na teologia, mas nos casamentos e nas tevês a cabo infelizmente não funciona.

O mundo é uma bola

4 de dezembro de 771: Carlos Magno se torna o rei de todo o Império Franco. Filho do rei Pepino, o Breve, e de Berta de Laon, rainha franca, sucedeu ao pai em 768. Em latim Carolus Magnus, foi rei dos francos e imperador do Ocidente (Imperatur Romanorum) entre 800 até esticar as botas em 814. Conquistou o Reino da Itália e foi coroado Imperatur Augustus pelo papa Leão III no dia 25 de dezembro de 800. Seu reinado está associado à chamada Renascença Carolíngia, renascimento das artes, religião e cultura por meio da Igreja Católica. Carlos Magno ajudou a definir a Europa Ocidental e a Idade Média na Europa, motivo pelo qual é chamado de Carlos I nas listas reais da Alemanha, da França e do Sacro Império Romano-Germânico. Em 1496, anunciada em Muge a expulsão de judeus e muçulmanos residentes em Portugal. Claro que ninguém sabe onde fica Muge, motivo pelo qual fui ao Google para descobrir que é uma freguesia portuguesa do concelho de Salvaterra de Magos. Em 2011, Muge tinha 1.270 mugenses. É famosa pelos seus concheiros pré-históricos, o maior complexo mesolítico da Europa. Hoje é o Dia do Perito Criminal e do Orientador Educacional.

Ruminanças
“O brasileiro quando não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.” (Nelson Rodrigues, 1912-1980).

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