quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Eduardo Almeida Reis-Notas orgânicas‏

Pesquisadores concluíram que a comida orgânica não traz benefícios diferentes daqueles obtidos na alimentação convencional


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 12/12/2013



Located between San Francisco and San Jose in the heart of Silicon Valley, Stanford University is recognized as one of the world's leading research and teaching institutions.
Contei-lhes que em 22 de julho de 2006 a Mission Organics plantou espinafre num campo de 11.200 metros quadrados em uma fazenda na Califórnia, que estava em vias de receber sua certificação como orgânica. Essa plantação foi contaminada com fezes de animais da região que continham a bactéria E. coli O157:H7, comum no intestino de diversos animais. Em 14 de agosto, 450 quilos de espinafre foram colhidos e processados pela Natural Selection Foods. O lote recebeu o número P227A. O espinafre foi lavado diversas vezes, empacotado em cerca de 40 mil embalagens individuais e distribuído nacionalmente com a marca Dole Baby Spinach.
No dia 31 de agosto, Ruby Trauz, uma senhora de 81 anos, morreu no estado de Nebraska após sofrer forte diarreia que evoluiu para uma hemorragia gástrica e falência renal (como andou acontecendo com o pepino orgânico na Europa, diz aqui vosso philosopho). Casos semelhantes começaram a ocorrer em 26 estados americanos: 205 pessoas foram internadas nos dias seguintes com os mesmos sintomas.
No dia 20 de setembro uma criança de dois anos morreu em Idaho e muitas pessoas continuavam sendo hospitalizadas com falência renal. Betty Howard foi a última vítima do espinafre orgânico a morrer, em 28 de janeiro de 2007, depois de quatro meses hospitalizada. O espinafre contaminado, produzido em uma área do tamanho de um quarteirão, deixou quatro mortos e dezenas de pessoas com sequelas da doença renal espalhadas pelo país.
Agora, volto ao assunto com o apoio da Universidade de Stanford, que não fica na Baixada Fluminense e é considerada uma das mais importantes do mundo. Pois fique o leitor sabendo que em 2011, somente nos EUA, os orgânicos movimentaram cerca de 24,4 bilhões de dólares. O Piscinão de Ramos anda entupido de prateleiras orgânicas, das quais fujo sempre que faço compras. E fico feliz de saber que os pesquisadores de Stanford contestaram o vínculo entre a saúde e os alimentos produzidos pelos métodos orgânicos.
Depois de se debruçarem sobre 237 levantamentos que eles julgaram mais importantes, os pesquisadores concluíram que a comida orgânica não traz benefícios diferentes daqueles obtidos na alimentação convencional: “Ficamos surpresos ao descobrir que os orgânicos não são sempre mais saudáveis e nutritivos”, disse Crystal Smith-Spangler, pesquisadora da Divisão de Clínica Médica de Stanford, que publicou seus resultados na revista Annals of Internal Medicine.
Em linhas gerais, tudo se resume ao preço: os orgânicos são muito mais caros. Se lhe são caros (no sentido de amados, prezados, queridos), você, prezadíssimo leitor do Estado de Minas, pode pagar mais caro por eles, que o problema é seu, não do philosopho. Estimo ab imo pectore, isso é, do fundo do meu coração, que os orgânicos não lhe tragam a bactéria E. coli O157:H7, comum no intestino de diversos animais, pelos estragos que andou causando nos Estados Unidos, muitos dos quais devem ocorrer aqui no Brasil.
Pilhas AAA
Dia desses recorri à calculadora chinesa Sheng KA-9178A, que me custou R$ 9 em BH há mais de dois anos, para calcular a idade da ministra da Cultura, nascida em março de 1945. Digitei 2013 +, seguido do sinal de -1945, antes do “igual”, e apareceram três resultados inteiramente malucos.
Com a perspicácia de um agente da Abin, depois de muito pensar, concluí que as duas pilhas AAA estavam fracas. Troquei-as por pilhas novas e a Sheng não acendeu, o que se explica: trocar pilhas sempre foi tarefa superior às minhas forças philosophicas, porque é função típica de menino de 6 anos.
Teimoso feito porca parida, insisti no estrênuo trabalho e consegui que a calculadora funcionasse para me dizer que a mãe de Supla tem 68 aninhos. Dia desses, a ministra esteve em Juiz de Fora. Pelas fotos nos jornais, não estava produzida. Preciso perguntar ao jovem prefeito Bruno Siqueira (PMDB-MG), vítima do trabalho de recepcionar a ministra, sobre a impressão que teve de Sua Excelência. E o pior é que já sei que o prefeito vai dizer que “foi a melhor possível”, porque é rapaz educadíssimo.
O mundo é uma bola
12 de dezembro de 1098: conquista de Ma’arrat al-Numan pelos exércitos da Primeira Cruzada, fato que ignorei até hoje, mas aprendi e me apresso a repassar ao pacientíssimo leitor.
Em 1602, os genebrinos repulsam o ataque dos duques de Saboia, feito que passou a ser conhecido como L’Escalade. Em 1804 a Espanha declara guerra à Inglaterra. Em 1897, aí sim, temos notícia da melhor supimpitude: inauguração da Cidade de Minas, que a partir de 1901 passou a se chamar Belo Horizonte, BH, Belô ou Belzonte.
Em 1963 foi proclamada a independência do Quênia, em suaíli Jamhuri ya Kenya, lema “Harambee”, que, como é do conhecimento geral, quer dizer “Vamos trabalhar juntos”.
Em 1915 nasceram Frank Sinatra, cantor e ator, e Augusto Ruschi, agrônomo, advogado, ecologista e naturalista brasileiro, que não foi poupado em 1986 de uma pajelança em que pontificaram o cacique Raoni e o pajé Sapaim, ritual de purificação de um ridículo inominável.
Hoje é o aniversário de BH.
Ruminanças
“O universo é verdadeiro para todos nós e diferente para cada um” (Marcel Proust, 1871-1922). 

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