segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Eduardo Almeida Reis - Falta de apetite‏

Eduardo Almeida Reis - Falta de apetite
Estado de Minas: 13/01/2014 


Há dias em que o sujeito acorda numa inapetência escrevedora que vou te contar. Escrevi para o Correio Braziliense que, às 8h30 da manhã de uma sexta-feira, tendo ligado o computador antes das seis, ainda não havia escrito uma linha. Pensei escrever sobre o doloroso final de ano futebolístico, triplamente vergonhoso em Joinville, STJD e Marrakesh, mas os temas pareciam esgotados. Concluí que o professor Alexi Stival, que vocês conhecem como Cuca, contratado pelo Shandong Luneng para ganhar salário expressivo, nada sabe do futebol chinês.
Assim, fez que o Atlético fosse massacrado pelo Raja Casablanca para poder estudar o futebol mandarim na partida contra o Guangzhou Evergrande. Nenhum dos comentaristas esportivos viu essa verdade na derrota atleticana. Quanto às fraudes no Enem, só fazem confirmar o título de um texto de Clóvis Rossi: “O Brasil é uma fraude”. O Google tem 195 mil entradas para essa verdade entre aspas. De espantar seria que o Enem não fosse fraudado.

Na emergência inapetente, resolvi comentar o texto de Paloma Oliveto, da equipe do Correio Braziliense, publicado na edição de 20 de dezembro do Estado de Minas. Paloma analisa as conclusões de pesquisadores internacionais, que, liderados pelo Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, Alemanha, elaboraram catálogo comparativo dos genes de homens modernos, dos denisovanos e dos neandertais.

Por enquanto, acham que o atual Homo sapiens carrega 0,2% dos denisovanos e entre 1,5% e 2,1% dos neandertais, mas haveria um quarto tipo de hominídeo envolvido na história. Quanto aos neandertais, nunca tive a menor dúvida e sempre defendi a tese de que um beque da Seleção Brasileira em copas recentes e aquele legista tipo cheguei, que sempre se mete nos crimes famosos para aparecer na mídia, são neandertais quase puros.

Parece que as espécies de hominídeos viviam transando adoidadas, sapiens apaixonadíssimos pelos neandertais e vice-versa. Coexistiram na Europa e na Ásia durante pelo menos 30 mil anos, com incursões sexuais denisovanas.

O negócio é complicado pela normal infertilidade dos produtos do cruzamento entre duas espécies. Cita-se o exemplo da mula, resultado do cruzamento da égua, que tem 64 cromossomos, com o jumento, que tem 62. Com 63 cromossomos, as mulas são quase sempre estéreis, mas a medicina veterinária, num site da internet, fala em 60 ocorrências de mulas férteis ao longo dos séculos, o que não impede a existência de outros casos não registrados pela ciência. 

A julgar pelo que tenho visto na tevê nas muitíssimas baladas deste país grande e bobo, acredito que a promiscuidade sapiens/neandertal/denisovana tenha sido uma constante durante dezenas de milhares de anos.

Afinal, no século 21, temos conhecimentos e tecnologia inimagináveis no século 19, e a promiscuidade parece aumentar na mesma velocidade. Portanto, qualquer coisa que neandertais, sapiens e denisovanos fizessem naquelas cavernas, grunhindo entre piolhos juras de amor eterno, foi muito menos grave do que as baladas de 2014. Em favor das três espécies e a de um hominídeo arcaico ainda desconhecido, que entra com até 5,8% no genoma denisovano, seja dito que não conheciam as duplas sertanejas e o pastor das toalhinhas milagrosas. 

Bobices
Num país do tamanho do Brasil, 36 caças F-18, Rafale, Gripen, ou nada, são a mesma coisa. E custam uma fortuna! Há quem sustente que o ditado “quem não tem cão caça com gato” é uma distorção do original “quem não tem cão caça como gato”, isto é, sozinho. Talqualmente este país grande e bobo deveria conduzir o negócio dos caças. Em vez dos 36 comprados a peso de ouro, 360 ou 720 Tucanos feitos em casa, que dão para o gasto.

Transferência de tecnologia? Esquece. Quando um país chega a transferir tecnologia é porque já tem outra, muito mais tecnológica, guardada na gaveta. Entre os absurdos anunciados para a Copa há que destacar os caças sobrevoando os estádios em que se realizam os jogos. E baterias antiaéreas importadas da Alemanha ou da Rússia, quando seriam muito mais úteis cassetetes e esguichos de gás de pimenta.

O mundo é uma bola 

13 de janeiro de 532: começa em Constantinopla a Revolta de Nika, em que 30 mil revoltosos foram degolados por ordem do imperador Justiniano I. E dizer que tudo começou no Hipódromo de Constantinopla e durou cerca de uma semana, quando houve uma dúvida sobre o vencedor de um páreo. Nika era o cavalo preferido da multidão, mas aparentemente empatou com um cavalo do grupo do imperador. Consultado, Justiniano declarou que o vencedor foi o seu cavalo.
O fato serviu de pretexto para a explosão dos “turfistas”, que já se queixavam da fome, da falta de moradias e dos altos impostos. Então, o imperador encarregou o general Belisário de solucionar o problema. Flavius Belisarius (505-565), um dos mais bravos comandantes militares da história, resolveu a questão degolando cerca de 30 mil pessoas. A partir de então, Justiniano pôde reinar como autocrata.

Em 1967, Gnassingbé Eyadéma dá um golpe militar no Togo e permanece no poder até fevereiro de 2005, quando morreu.

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