quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Eduardo Almeida Reis - Maturação

Eduardo Almeida Reis - Maturação

Estado de Minas: 02/01/2014 

A exemplo das boas frutas, as análises pedem amadurecimento. Aquilo que nos parece ruim à primeira vista, analisado com calma geralmente é muito pior. Foi assim com três tabelas publicadas nos jornais há cerca de um mês.
Uma delas informava que o Brasil só tem quatro universidades entre as 100 melhores dos Brics e dos países em desenvolvimento. A USP ficou em 11º, a Unicamp em 24º, a UFRJ em 60º e a Unesp em 87º lugar na análise do Times Higher Education (THE). Com calma, você procura os outros países do Brics e descobre que a África do Sul tem 5 entre as 100 melhores, a Índia tem 10 e a China 25. Estamos em situação melhor que a da Rússia, que só tem duas.
Vistos os Brics temos os sustos: Taiwan, uma ilhota de 23 milhões de formosinos e 36 mil km², tem 21 universidades entre as 100 melhores. Repito: vinte e uma! E a Turquia? Que me diz o leitor da Türkiye Cumhumiyeti? Faz fronteira com países complicados numa região complicadíssima, tem 783 mil km² e 75 milhões de habitantes, 76% dos quais turcos e assustadores 15,7% curdos. Apesar da turcalhada e da turma do Curdistão, a Turquia tem sete melhores universidades contra as nossas quatro.
Mas o ranking do Pisa, exame elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), para avaliar em matemática, leitura e ciências os alunos de 65 nações, entusiasmou o ministro Mercadante. Sua excelência acha que a nossa situação melhorou muito. Sabe onde está o Brasil? Em 58º lugar entre os 65 países avaliados.
De acordo com o Pisa, na avaliação dos estados brasileiros Minas não está bem na foto: 7º lugar entre os 27. E o nosso belo Maranhão conseguiu ficar à frente de Alagoas, que vem em último.

Meteorologia
Chuva forte inundou o Rio na noite de 5 de dezembro e castigou a sofrida região serrana, levando o excelente repórter Rui Gonçalves a entrevistar em São Paulo um professor de meteorologia. Inevitável a pergunta sobre a influência do “aquecimento global” nas chuvaradas. O professor saiu pela tangente, disse que o negócio não é bem assim, que a temporada é de chuvas, algumas torrenciais, determinadas por uma série de fatores.
Devo confessar que já era nascido em 1966 e assisti ao temporal que desabou sobre o Rio no dia 2 de janeiro. Enchentes e deslizamentos deixaram mais de 250 mortos e 50 mil desabrigados. Há 48 anos, o aquecimento global não estava na ordem do dia. Naquela manhã, tive compromisso em Santa Cruz, subúrbio do Rio, e fui de carona no Karmann-Ghia de um amigo de Ipanema ao Centro da cidade, onde concluímos que era melhor parar por ali. Ele foi para o escritório e tomei um ônibus de volta para casa. A tevê era precária, mas o rádio nos dava notícias da calamidade.
Chuvas torrenciais são mais velhas que a Sé de Braga, mas os estragos não eram trágicos porque as cidades, muito menores, não tinham construções nas encostas, pisos cimentados ou asfaltados, havia matas e as águas tinham por onde escoar.

Pequena...
A internet tem coisas do arco-da-velha como a “Pequena Enciclopédia de Cidades, Vilas e Aldeias de Portugal”. Você baixa em alguns segundos e tem uma quantidade imensa de fotos, cerca de 150, em média, de cada uma das aldeias, vilas e cidades portuguesas, inclusivamente as açorianas e, suponho, as madeirenses. Vi as 142 fotos de Almeida, por motivos óbvios. Não é região das mais bonitas, mas tem uma porção de muros, fortes e estradas antiquíssimos. E a notícia de que posso adquirir as tais fotos.
É uma vila pertencente ao Distrito da Guarda, na região da Beira Interior e sub-região de Beira Interior Norte, com cerca de 1.300 almeidenses. É sede de um município com 517 km² de área e tinha 7.242 habitantes em 2011. O atual município resulta da junção no século 19 de três municípios seculares, Almeida, Castelo Bom e Castelo Mendo, cujas antigas sedes são três vilas medievais fortificadas. Faz fronteira com a Espanha “de onde não vêm bons ventos e casamentos”. A praça-forte de Almeida é candidata a Patrimônio Mundial da Unesco.

O mundo é uma bola
2 de janeiro de 533: Mercúrio é proclamado papa. Como seu nome evocava um deus pagão passou a chamar-se João II. Foi o 56º papa e pontificou durante dois anos, sendo sucedido por Agapito I. Esqueci-me de dizer que no dia 2 de janeiro de 366 os alamanos cruzaram o Rio Reno e invadiram o Império Romano. Alamanos eram povo germânico ocidental, o povo de todos os homens como diziam os romanos, mas eles preferiam chamar-se de suábios.
Em 1492, a Queda de Granada marcou a Reconquista em que os Reis Católicos recuperaram todas as terras que os mouros ocupavam na Península Ibérica.
Em 1920 nasceu Isaac Asimov, escritor e bioquímico russo naturalizado americano, um dos maiores QIs de que se tem notícia.

Ruminanças
“Um homem de grande talento prestará menos atenção à tolice alheia do que um tolo” (Marcel Proust, 1871-1922). 

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