quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

HOMENAGEM » Lírico e acústico Kiko Ferreira

HOMENAGEM » Lírico e acústico
Kiko Ferreira
Estado de Minas: 15/01/2014


O pianista João Carlos Assis Brasil, Alaíde e Carlos Navas celebram Ernesto Nazareth (Tadeu Lopara/Divulgação  )
O pianista João Carlos Assis Brasil, Alaíde e Carlos Navas celebram Ernesto Nazareth


Em 1991, o pianista João Carlos Assis Brasil foi responsável, junto com o cantor Nando Gabrielli, pela homenagem mais eficiente que o país conheceu ao centenário do americano Cole Porter. O show Cole Porter – We concentrate onyou, apresentado no Rio Jazz Clube, no Rio, foi o que se costuma chamar de sucesso de público e crítica. Agora, depois de uma trajetória que inclui releituras de Scott Joplin, Eric Satie, Gershwin, Ravel, Fauré e outros grandes autores, o pianista aproveita o sesquicentenário de nascimento de Ernesto Nazareth (1863-1934) para registrar Nazareth revisitado, em que coloca sua técnica erudita e seu bom gosto de intérprete para reler 13 temas (oito deles divididos em duas suítes) do pioneiro chorão.
Gravado em dois dias e quatro horas de estúdio, ao vivo, sem necessidade de remendos ou refazendas, o álbum oferece uma visão diferenciada de outro namoro recente com a obra de Nazareth, o Elétrico Nazareth, de Mu Carvalho. Enquanto o tecladista da Cor do Som usou eletrônica e pegada de trilha sonora para escarafunchar raridades do compositor, o irmão de Victor Assis Brasil fica no acústico, com mais semelhanças com a célebre série de dois LPs que Arthur Moreira Lima registrou em 1983.

Aberto com a emblemática Batuque, o disco reduz à essência obras mais conhecidas, como Brejeiro, Faceira e Apanhei-te cavaquinho, traz uma emocionada leitura da valsa Coração que sente e um curto (pouco mais de dois minutos) e certeiro improviso que captura bem a alma artística do homenageado, Para Nazareth.

Outro diferencial é a participação de dois canários com trajetórias dedicadas à música brasileira. Carlos Navas, que também é produtor do disco, acerta ao defender com sutileza a letra inspirada que Zé Miguel Wisnik fez para Bambino e no poema que Vinicius de Moraes fez para o choro Odeon. E Alaíde Costa põe a voz de cristal a serviço da letra que Catulo da Paixão Cearense fez para Sertaneja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário