domingo, 19 de janeiro de 2014

Vida e obra da escritora Helena Jobim ganham filme dirigido por Ernane Alves

CINEMA » Memórias do afeto 
 
Vida e obra da escritora Helena Jobim ganham filme dirigido por Ernane Alves. Produção conta com a participação de Sandy, Deborah Secco e Bruno Gagliasso


Carlos Herculano Lopes
Estado de Minas: 19/01/2014

Radicada desde 2000 em Belo Horizonte, onde escreveu parte significativa da sua obra, traduzida para diversas línguas, a escritora carioca Helena Jobim terá sua vida levada ao cinema pelo diretor mineiro Ernane Alves.

Helena, que começou a ser rodado há dois anos, demandou 40 horas de entrevistas com a escritora. O filme mescla realidade e ficção. Em fase de finalização, ele deve ser lançado ainda este ano, informa a produtora Ana Paula Valois. Faltam apenas alguns ajustes, que deverão ser resolvidos com recursos cuja captação foi viabilizada por leis estaduais de incentivo à cultura e do audiovisual.

Mineira de Belo Horizonte, Ana Paula Valois começou a se interessar pelo trabalho de Helena Jobim há cerca de 10 anos, quando a entrevistou para a Rede Minas. Fascinada pela bossa nova desde a adolescência, a produtora teve empatia imediata com a irmã do compositor e maestro Antônio Carlos Jobim, autor do clássico Garota de Ipanema em parceria com Vinicius de Moraes.

“Li toda a obra da Helena e fiquei fascinada. Comentei sobre os livros com meu marido, Ernane Alves, que mergulhou neles. Veio daí a ideia de fazer o filme”, conta Ana Paula. A parte relativa à vida da escritora já foi concluída, com gravações realizadas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.

No momento, a equipe se dedica a complementar a parte ficcional. Artistas vão recitar trechos da obra de Helena Jobim. Bruno Gagliasso, Deborah Secco e a cantora Sandy já gravaram. A trilha sonora do filme de 100 minutos é assinada por Lucas Lima, marido de Sandy.

Ana Paula conta que o filme terá duas canções de Tom Jobim: Samba do avião e Capitão Bacardi, composta em homenagem ao primeiro marido de Helena, o aviador Paulo. O segundo marido da escritora, Manoel Malagutti – com quem ela se mudou para Belo Horizonte –, faleceu há três anos.
O cineasta Ernane Alves vai contar a vida da escritora carioca Helena Jobim   (Fotos: Acervo pessoal)
O cineasta Ernane Alves vai contar a vida da escritora carioca Helena Jobim

ROMANCE Às vésperas de completar 83 anos, que serão comemorados em fevereiro, Helena Jobim começou a escrever ainda criança. Seu primeiro livro, o romance A chave do poço, lançado na década de 1960, ficou entre os finalistas do prestigiado Prêmio Walmap.

A consagração de Helena veio com Trilogia do assombro, levado posteriormente às telas pelo cineasta Marco Altberg. Lançado em 1986, o filme Fonte da Saudade conta a história de três mulheres em meio a lembranças de infância. O diretor reuniu elenco de primeira: Lucélia Santos, Cláudio Marzo, Chico Díaz, Norma Benguell, José Wilker, Daniel Dantas e Paulo Betti.

Em 1993, Helena recebeu o Prêmio Destaque em Prosa, concedido pela União Brasileira de Escritores. Ela escreveu também uma biografia dedicada ao irmão: Antônio Carlos Jobim – Um homem iluminado, lançada em 1996 pela Editora Nova Fronteira. O livro foi editado em Portugal e no Japão. Helena foi também cronista do Estado de Minas.

Docuficção Com 36 anos e vários filmes no currículo – como o premiado documentário Cinema, vale e sonhos, rodado no Vale do Jequitinhonha em 2010 –, Ernane Alves está finalizando dois outros longas, Clube das ilusões e Otto.

O cineasta conta que fazer um filme sobre Helena Jobim tem sido uma experiência e tanto. “Será o meu segundo docuficção. O primeiro foi Causos da melhor idade, rodado em Pedro Leopoldo. Estou muito entusiasmado. O que mais me impressiona na obra dela é o olhar feminino sobre o homem”, conclui.


EM FAMÍLIA

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu em 25 de janeiro de 1927, no bairro carioca da Tijuca. Em 1931, ano de nascimento de sua única irmã, Helena, a família se mudou para Ipanema. A dupla era filha de Jorge de Oliveira Jobim (foto), diplomata, jornalista e poeta gaúcho, e de Nilza Brasileiro de Almeida. O casal se separou, Nelson morreu em 1935 e Nilza se casou novamente com Celso Frota Pessoa. “Celso foi o pai que conheci”, costumava dizer Tom. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário