sábado, 15 de fevereiro de 2014

Eduardo Almeida Reis - Capistas‏

Capistas
Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 15/02/2014




Se você pensa num capista pode estar pensando no clérigo que assiste o oficiante e porta uma capa, mas também pode pensar no profissional que projeta e/ou desenha capa de livro ou qualquer outra publicação, inclusivamente jornais e revistas. Capa vende? Claro que vende: ajuda a vender o recheio encapado. Tive ganas de escrever à revista Veja, com todo o respeito, naturalmente, perguntando se capa com foto do doutor MC Guimê vende revista. MC Guimê, tatuadíssimo, fez um clipe visto 42 milhões de vezes na internet. Sua foto saiu na edição 2358, que foi comprada na banca pela operadora de forno e fogão. O patrão da operadora não compraria. Na página 58 vejo que a figurinista Thaís Almeida, de 27 anos, está fazendo um curso de artes cênicas: “Sonho em trabalhar com teatro, mas não pedirei favor a ninguém. Quero tudo de mérito próprio”, disse a figurinista, que namora o ator Francisco Cuoco, de 80. Thaís tem pelo menos o ombro esquerdo e a perna direita tatuados, o que me deixou num diadema retrós, como dizia aquele empresário mineiro muito ignorante, que ficou muito rico. E o dilema atroz é o seguinte: falo das idades dos pombinhos ou das tatuagens da pombinha? As idades talvez não sejam problema, depois que telefonei a um amigo pelo seu octogésimo aniversário e ele me disse que sua jovem namorada vive repetindo: “Você me surpreende”. Tatuagem, sim, é um problemão difícil de explicar. Entende-se que milhões de pessoas tenham smartphones (preciso comprar o meu), tablets e outras novidades, mas tatuagem... Tentei estudar a dermopigmentação (“dermo” = pele / “pigmentação” ato de pigmentar ou colorir), mas é assunto muito vasto e antigo, que deve remontar a 4 mil a.C. O mórmons proíbem, no islamismo os sunitas proíbem e os xiitas permitem, no judaísmo as tatuagens são proibidas com base no Levítico do Torá (19:28). Pelo menos é o que diz a Wikipédia, mas Francisco Cuoco gosta, ou, quando menos, não se importa.

Copa

Eleita por vocês, dona Dilma vive dizendo que será a Copa das Copas, enquanto em São Paulo o rolezinho black bloc abriu a temporada do “não vai ter Copa”. Compete ao leitor do EM dizer o que acha da Copa, pois tenho opinião formada há muito tempo: acho uma besteira. Custa uma fortuna, que poderia ser aplicada em coisas fundamentais para o povo brasileiro – escolas, hospitais, estradas, creches – e vai deixar uma porção de elefantes brancos, que só podem ter serventia para eventuais shows do jovem Justin Drew Bieber, nascido em London, Ontário, Canadá, em 1º de março de 1994. A exemplo do cantor, a Wikipédia pirou: “London é uma cidade da província canadense de Ontário. Está situado (sic) no extremo Sudoeste da província. Sua população é de 336 mil habitantes, com mais de 432 mil em sua zona metropolitana”. Os fãs de Biber talvez possam explicar como 432 mil podem caber em 336 mil. Em inglês, a Wikipedia informa: Population (2011) City 366,151 (15th) Density 870.6/km2 (2,255/sq mi) Metro 474,786 (11th). Burro que sou, só agora entendi que a cidade canadense de London, em 2011, tinha 366.151 habitantes e sua região metropolitana, a grande London, 474.786 habitantes. Confundi metropolitana com urbana, mas ainda fiquei em dúvida. Tanto assim que fui ao dicionário do doutor Bill Gates e vi que metro, em inglês, é igual a metropolis, e no Canadá significa “the government of a large city”. Donde se conclui que é melhor não concluir nada, ressalvando o fato indiscutível de que o dinheiro gasto com a Copa tem sido jogado fora, mas está enchendo os bolsinhos de muita gente.

O mundo é uma bola

15 de fevereiro: que adianta falar da eleição do papa Eugênio III em 1145, da assinatura do Tratado de Hubertusburgo entre a Prússia e a Áustria em 1763; da descoberta da Nebulosa Olho de Gato, em 1768, por William Herschel; da eleição do papa Pio VI, em 1775; da Batalha de Nive, em 1814, se o leitor do EM, em 2014, está se lixando para esses fatos, a exemplo do seu philosopho. Vivemos preocupados com a Copa 2014, as manifestações de rua, as atividades dos black blocs, o estado catastrófico da maioria das nossas estradas federais, os eleitos em outubro próximo, iguais ou piores que os atuais, a violência generalizada e tudo mais que se vê por aí. Acontece que preciso preencher este espaço imaculado de nossa mídia impressa, motivo pelo qual peço licença para falar dos nascimentos em 15 de fevereiro. Em 1564, Galileu Galilei; em 1710, Luís XV de França; em 1811, Domingo Faustino Sarmiento, que foi presidente da Argentina e deve ter sido muito melhor do que os peronistas, até porque igual ou pior seria impossível; em 1841, Campos Salles, presidente do Brasil; em 1877, Louis Renault, o fundador da fábrica de automóveis, magro, bigodudo, que morreria aos 67 anos.

Ruminanças

“Negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados” (Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o barão de Itararé, 1895-1971).

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