quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Eduardo Almeida Reis - Férias‏

Férias 
 
Quem não gosta do que faz deve trocar de emprego; quem gosta não precisa de férias 
 
Eduardo Almeida Reis
Publicação: 20/02/2014 04:00




Não foi uma nem duas vezes: já lhe disse um sem conto de vezes que no país dos meus sonhos ninguém tiraria férias. Quem não gosta do que faz deve trocar de emprego; quem gosta não precisa de férias. Custam dinheiro, cansam, exigem dois meses de recuperação. No tal país com que sonho, as férias seriam substituídas pelas licenças remuneradas sempre que o trabalhador tivesse necessidade de se ausentar por um ou mais dias. Todos vimos o que ocorreu em 2014 com o meu amigo Jaeci Carvalho. Passou férias em Miami e voltou com raiva do nosso belo país, superiormente dirigido pela mineira Dilma Rousseff. Diz que a Copa será vencida pela Alemanha ou pela Argentina, que os gastos, a ladroeira e a incompetência continuam os mesmos, quando é sabido que o Brasil é modelo no concerto das nações que não têm conserto. O noticiário deu para implicar com a Atenas Brasileira, a Ilha do Amor, a Cidade dos Azulejos, a Jamaica Brasileira, a Capital Brasileira do Reggae, habitada pelos ludo-vicenses, só porque alguns presos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas andaram decapitando companheiros apenados. Consequência, como foi explicado pela ilustre governadora Roseana Sarney, do enriquecimento do povo maranhense. Diante da notícia de que o ex-deputado Carlos Rodrigues, o notório Bispo Rodrigues, preso na Papuda, anda distribuindo bênçãos pelos apenados, talvez fosse o caso de engaiolar em Pedrinhas uns 10 bispos, dos mais conhecidos, famosos e ricos. De bênção em bênção, alternadas com intenso decapitar, o Brasil só poderia melhorar para alegria do jornalista Jaeci Carvalho e minha, valha a informação.

Consciência

Barão de Itararé, como é do conhecimento quase geral, foi o pseudônimo do gaúcho Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly (1895-1971). Conheci o imenso humorista, velhinho, de carona no carro de um amigo que o deixou em casa. Entre o Centro do Rio de Janeiro e Copacabana, Apparício, longa barba branca, foi contando piadas sem parar. É dele a frase: “A alma humana, como os bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis”. Acabo de confirmar os mistérios insondáveis da alma humana, diante de um fato ocorrido dia desses: roubaram a mochila da filha de minha operadora de forno e fogão, universitária, estudiosa, de 20 anos, a caminho da Universidade Federal de Juiz de Fora. Mochila com “tudo” dentro: documentos, celular, cadernos de anotações, laptop. Dois ladrões do gênero pé de chinelo, um encapuzado, outro de focinho exposto, muita gente no ponto do ônibus, muita gente andando pela calçada. Ninguém fez nada, a não ser uma senhora, que levava sua filha para a UFJF, parou o carro, deu marcha à ré, embarcou a mocinha, levou-a para sua casa. Telefonou para a operadora de f&f contando o caso, a universitária não parava de chorar, e lhe deu R$ 100 para tomar um táxi e voltar para casa. Boa senhora, que, três dias depois, convidada para almoçar, teve a seu pedido um frango caipira com quiabo preparado pela operadora, cozinheira excepcional. O laptop já era; o celular e a mochila, idem. Havia a chatura imensa de providenciar todos os documentos, depois que o cartão de crédito foi sustado pelo banco. Aí entrou a consciência dos ladrões pé de chinelo: todos os documentos foram jogados num lugar visível, alguém os encontrou e deixou na sede regional dos Correios. Podiam queimar os documentos ou jogar num bueiro que em não seriam encontrados. Celular velho com novo chip, laptop a mocinha compra outro. Se o patrão da operadora não estivesse apertado, compraria um Sony Vaio no cartão. Gostei da consciência da dupla pé de chinelo, inexistente entre os ladrões do dinheiro público, que desviam milhões de vezes mais que um laptop e um celular.

O mundo é uma bola

20 de fevereiro de 1255: o rei Afonso III, de Portugal, doa os castelos de Ayamonte e Cacela a dom Paio Peres Corrêa, Mestre da Ordem de Santiago. Em 1547, Eduardo VI é coroado rei da Inglaterra. Tinha nove anos de idade. Era filho de Henrique VIII e de Joana Seymour, parente por parte de mãe do responsável pela coluna Tiro e Queda. Tuberculoso, o primo morreu em 1553. Em 1725, na colônia de New Hampshire, primeiro caso registrado de um índio escalpelado por um branco. Em 1777, chegada à Enseada de Canavieiras (Santa Catarina) de uma esquadra castelhana com 11 mil homens dispostos a recuperar aquela parte do sul brasileiro. Em 1832, Charles Darwin visita Fernando de Noronha – dizem que o arquipélago é muito bonito. Em 1941, os nazistas enviam o primeiro grupo de judeus para os campos de concentração. Em 1941, criação no Brasil do Correio Aéreo Nacional. Em 1962, num foguete Atlas, o astronauta John Glenn faz o primeiro voo orbital norte-americano. Em 2006, o historiador britânico David Irving é condenado por um tribunal austríaco a três anos de prisão por ter negado o Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1970 morreu Café Filho, 26º presidente do Brasil..

Ruminanças

“Devo tanto que, se eu chamar alguém de ‘meu bem’, o banco me toma” (Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o barão de Itararé, 1895-1971).

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