quarta-feira, 12 de março de 2014

EDUARDO ALMEIDA REIS - Devassidão‏

Devassidão 
 
Conheci Carlos Alberto em uma noite em que Júlio e eu estávamos fazendo caminhada, um footing pela Nossa Senhora de Copacabana 
 
Estado de Minas: 12/03/2014


Nascido em 1941, o inglês Kenneth Robert Maxwell, historiador que estudou a Inconfidência Mineira, reduziu nosso Tiradentes a “herói menor” manipulado pelas “elites” da Colônia. A esquerda caviar adora falar das elites e o engajado Maxwell não foge à regra. Surpresa para mim foi o texto do badalado britânico publicado na Folha de 27 de fevereiro, que recebi por e-mail e começa assim: “No ano de 1966, eu vivia com meu namorado, Carlos Alberto, um carioca negro, na rua Rainha Elizabeth, na esquina da avenida Nossa Senhora de Copacabana, perto da praia no Posto 6”.

Era, di-lo Maxwell, sua segunda estada no Rio. Alugou o apê na Rainha Elizabeth “porque ficava perto de onde morava Júlio, por quem eu havia me apaixonado profundamente no ano anterior. Júlio era um estudante da Bahia que vivia em uma cobertura em frente ao Posto 6 com um empresário europeu muito mais velho. Conheci Carlos Alberto em uma noite em que Júlio e eu estávamos fazendo uma caminhada, ou melhor, um footing pela avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma prática comum na época.

O empresário europeu se sentia muito desconfortável na companhia de Carlos Alberto e, por isso, pouco vi Júlio dali por diante. Carlos Alberto era um jovem muito decente. Fui com ele ao Carnaval de 1967. Fomos ao ‘Baile dos Enxutos’, no Cine São José, na praça Tiradentes, no centro do Rio, ainda que entre nós usássemos o termo ‘entendidos’. A canção do Carnaval daquele ano era a marcha-rancho ‘Máscara Negra’, de Zé Keti”.

E o britânico vai por aí contando sobre seus namorados brasileiros. Numa próxima edição dos seus livros, considerando que foi ao “Baile dos Enxutos”, aliás, “Entendidos”, na Praça Tiradentes, não será de espantar que invente tórrido romance entre o alferes Joaquim José da Silva Xavier e um dos inconfidentes, talvez o poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga, de longos e belos cabelos, nascido em Miragaia, Portugal, em 11 de agosto de 1744.

Em 1793, Gonzaga casou-se com Juliana de Sousa Mascarenhas e teve os filhos Alexandre Mascarenhas Gonzaga e Ana Mascarenhas Gonzaga, mas da pena de Kenneth Robert Maxwell – da pena e de certas partes de sua anatomia – tudo é possível. Há que respeitar os enxutos e os entendidos.

Urraca

Dia desses, contei-lhes que em 8 de março de 1126 Afonso VII de Leão e Castela foi proclamado rei, com a morte de sua mãe Urraca. E perguntei: que fim levaram as Urracas?

Vejo agora que Urraca foi um nome muito comum na Península Ibérica durante a Idade Média. De origem incerta, acredita-se que tenha relação germânica e desempenhe função hipocorística (nome carinhoso) para designar Maria, mãe de Jesus.

Teimoso que sou, descobri que o alma-de-gato – Piaya cayana – também conhecido como alma-de-caboclo, alma-perdida, atibaçu, atingaçu, atingaú, atiuaçu, chincoã, crocoió, maria-caraíba, meia-pataca, oraca, pataca, pato-pataca, piá, picuá, rabilonga, rabo-de-escrivão, tinguaçu, tincoã e... urraca é uma ave cuculiforme encontrada em matas e cerrados de todos os países localizados entre o México e a Argentina, incluindo o Brasil.

No campus da Universidade de São Paulo e nos bairros “nobres” paulistanos, cujas casas têm grandes jardins, urracas abundam e não abunda a pita, grande erva rosulada da família das agaváceas. As aves têm cerca de 60cm e o seu canto se assemelha a um gemido parecido com o de um gato. Sua cauda longa é semelhante às penas utilizadas pelos escrivães, daí o nome rabo-de-escrivão. Plumagem ferrugínea nas partes superiores, peito acinzentado, ventre escuro, cauda longa, escura e com as pontas das retrizes claras, bico amarelo e íris vermelha.

Em 1126, os ibéricos ainda não conheciam as urracas americanas. Portanto, o nome da rainha de Leão e Castela deve ter origem germânica. Em matéria de aves, Pintasilgo, com um só esse, é sobrenome em Portugal, que teve a engenheira-química Maria de Lourdes Ruivo da Silva de Matos Pintasilgo (1930-2004) como primeira-ministra de julho de 1979 a janeiro de 1980.

O mundo é uma bola
12 de março de 1514: dá entrada em Roma uma embaixada de obediência ao papa Leão X enviada por dom Manuel I, o Venturoso, rei de Portugal, repleta de presentes originais: elefantes, onças, rinocerontes e outros bichos. Em 1535, a pernambucana Olinda é elevada à categoria de vila. Dois anos depois, fundação de Recife, pertinho de lá. Entra ano, sai ano, um grupo de mineiros aluga casa em Olinda para passar o carnaval. É gostar muito da folia olindense.

Em 1572, publicação de Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões. Em 1894, o refrigerante Coca-Cola é vendido em garrafas pela primeira vez. Foi na cidade de Vicksburg, Mississippi ou Mississipi. Hoje, pertinho de BH e Alphaville, às margens da BR-040, a Coca-Cola está construindo imensa fábrica.

Em 1912, início da construção de Camberra, futura capital da Austrália. Em 1918 Moscou volta a ser a capital russa depois de 215 em São Petersburgo. Em 1994, a Igreja Anglicana ordena sua primeira sacerdotisa. Hoje é o Dia do Bibliotecário, profissão dificílima.

Ruminanças
“A preguiça anda tão devagar, que a pobreza facilmente a alcança” (Confúcio, 551-479 a.C.).

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