segunda-feira, 31 de março de 2014

Eduardo Almeida Reis - Quinquagésimo‏

Estado de Minas: 31/03/2014 





Carioca de família libanesa, Antônio Houaiss (1915-1999), diplomata, filólogo, gourmet, tradutor, lexicógrafo e acadêmico diz que o numeral quinquagésimo é latim clássico quinquagesìmus,a,um “quinquagésimo, um de cinquenta”, este de quinquaginta “cinquenta”.

Hoje temos o quinquagésimo aniversário do movimento militar (cível e cívico) de 1964, sem o qual o Brasil se transformaria num imenso Vietnã. Opinião que não é minha, mas do general de exército Oswaldo Muniz Oliva, pai deste menino Aloizio Mercadante Oliva, ministro da Casa Civil do governo Rousseff. Consta que é o único ministro que não se borra de medo das bossyboots da chefa. Que tal: gostaram de bossyboots? Significa domineering person ou pessoa dominante.

Em agosto, teremos o sexagésimo aniversário do suicídio de Getúlio Vargas, que decidiu sair da vida para entrar na história quando viu que a situação não estava boa para o país e para ele. Antes que a Comissão da Verdade se lembre de analisar os ossos de Getúlio para ver se o presidente foi envenenado pelos militares, convém transcrever reflexão do gênio de Abgar Renault: “Getúlio Vargas estava deposto e perdido, sem remédio, a partir do instante em que usou, na carta testamento, o verbo obstaculizar”.

Realmente, o verbo obstaculizar deveria ser proibido por lei. Só pode ter sido gauchismo do Dr. Getúlio, considerando que o Diccionario da Real Academia Española abona obstaculizar: 1. tr. Impedir o dificultar la consecución de un propósito. Houaiss também abona e diz que é regionalismo brasileiro, motivo pelo qual, visando a não obstaculizar a análise dos leitores mais jovens sobre o que havia neste país antes de 1964 e sobre o que se vê no ano da Copa das Copas, enquanto philosopho tiro o meu time do campo.

A conjunção enquanto, significando “na qualidade de”, andou em moda neste país grande e bobo. Ninguém dava opinião sobre futebol ou papel higiênico sem dizer que opinava “enquanto cidadão”, “enquanto engenheiro”, “enquanto atleta”. Logo surgiram os implicantes, enquanto críticos dos modismos, dos vícios de linguagem, para criticar o lexema que entrou em nosso idioma no século 13. Deve ser papa fina, porque o encontrei com o sentido de “na qualidade de” num texto do padre Vieira.

Espanto!

Contratei um serviço doméstico por R$ 2.600: R$ 500 de material, R$ 2.100 de mão de obra. Antes, expliquei o serviço a um construtor amigo, que me disse estar o orçamento razoável. Iniciado o trabalho, antes mesmo de chegar o material a operadora de forno e fogão veio ao escritório para dizer que “aquele moço” queria falar comigo.
Fi-lo adentrar o recinto sagrado em que o philosopho philosopha para ouvir o seguinte: “Fui criado na escola da honestidade e vim dizer ao senhor que descobri o problema do vazamento. Portanto, se eu remendar o ponto que vaza, é menos material, menos mão de obra e o serviço por mil reais está bem pago”. Pode? Tem cabimento uma coisa dessas na República Federativa do Brasil?

Um pedreiro honesto... Fiquei com ódio do mineiro, porque não há nada que mais nos aborreça do que encontrar o nosso defeito nos outros. O agiota odeia o onzenário, o larápio odeia o ladrão, o pastor da Universal nem pode ouvir falar do pastor da Mundial. Mandei tocar o conserto pelos R$ 2.600 e disse ao pedreiro perplexo: “Aqui na casa, para honestidade, só eu!”. Nem ao menos fui original, porque um personagem do Eça não permitia barulhos que incomodassem o alto filosofar dos seus amigos. E descia as escadas com um porrete para espantar da rua os barulhentos, dizendo: “Aqui na casa, para bordoada, só eu!”.

O mundo é uma bola

31 de março de 627: início da Batalha de Trincheira, o cerco a Medina pelos inimigos de Maomé. Em 1146, Bernardo de Claraval prega em um campo de Vézalay aquele que seria o seu famoso sermão ressaltando a necessidade de empreender uma Segunda Cruzada. Luís VII, presente, se junta aos cruzados.
Uma das personalidades mais influentes do século 12, santo e doutor da Igreja, Bernardo de Claraval (1090-1153) foi quem escreveu a regra dos templários e outras obras como o Tratado do amor de Deus. Compositor ou redator do hino Ave Maris Stella foi o autor da invocação Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria, da salve-rainha.

Em 1744, pela Guerra da Independência dos Estados Unidos, o Reino da Grã-Bretanha ordena o fechamento do Porto de Boston, Massachusetts. Fosse hoje prejudicaria um sem-conto de brasileiros que vivem em Boston. Em 1821, por uma sessão extraordinária das Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, foi extinta a Inquisição em Portugal. O decreto de extinção foi aprovado por unanimidade de votos. Em 1849, início do Moderno Espiritualismo. Em 1889, inauguração em Paris da Torre Eiffel por Gustave Eiffel, que a projetou. Em 1727 morreu Si Isaac Newton.

Hoje é o Dia da Doutrina Espírita, o Dia da Integração Nacional e o Dia da Saúde e Nutrição.

Ruminanças
 “Todos, só porque falam, creem poder falar da língua também” (Goethe, 1749-1832).

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