domingo, 4 de maio de 2014

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Homossexualidades

Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 04/05/2014 



Este mês, em Belo Horizonte, ocorrerá o lançamento do livro organizado pelos psicanalistas Antonio Quinet e Marco Antonio Coutinho Jorge: As homossexualidades na psicanálise – Na história de sua despatologização, da Editora Segmento Farma, com apoio da Associação Médica de Minas Gerais.

Trata-se de coletânea com 30 textos de psiquiatras e psicanalistas brasileiros e estrangeiros (franceses e americanos), que refazem o percurso da história e da clínica das homossexualidades na cultura ocidental a partir de cuidadosa revisão do tema.
A homossexualidade, segundo a também autora e psiquiatra Gilda Paoliello, era aceita na Antiguidade e depois foi condenada pela moral cristã. Posteriormente, foi merecedora de pena de morte, ainda hoje adotada em alguns países. Também a medicina do século 19 se apropriou da homossexualidade como uma patologia e só recentemente, em 1982, retirou-a do DSM-II.

O início da despatologização foi anunciado por Freud em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, em 1905, quando afirmou não ser possível tratar homossexuais visando mudar a orientação sexual do paciente. Considerava em cada um a bissexualidade psíquica e impossível transformar um homossexual em hétero.

Em 1920, Freud atende uma jovem homossexual trazida pelo pai, para que, uma vez tratada, pudesse se casar, evitando escândalo público. De fato ela se casa, como relatam as vienenses Ines Rieder e Diana Voigt no livro Desejos secretos (Companhia das Letras), mas não por ter sido curada pela psicanálise.

A coletânea As homossexualidades na psicanálise traz trabalhos apresentados no colóquio As homossexualidades na psicanálise – Pelos 40 anos de Stonewall, ocorrido em 28 de junho de 1969, e mais alguns.

Stonewall é um bar nova-iorquino que se tornou marco histórico do início do movimento de emancipação e liberação dos homossexuais e do combate à homofobia, porque os clientes reagiram vigorosamente a uma batida policial, inaugurando o movimento gay que se alastrou em todo o mundo.

Depois de 40 anos desse ato, temos a transformação nos costumes e nas leis que apontam para maior liberdade de expressão da homossexualidade e, por outro lado, grande repressão, manifestada em atos de agressões, chegando até ao assassinato de homossexuais. No Brasil, em 2011, foram registrados 266 homicídios e 1.259 denúncias de violência.

Os autores dos textos retomam a teoria psicanalítica a partir de Freud e Lacan para demonstrar a diversidade sexual e a escolha de gozo particular de cada sujeito, para assim abordar a multiplicidade das homossexualidades (praticante, latente e sublimada), tanto na teoria psicanalítica quanto na clínica e na vida cotidiana.

O livro mostra os fundamentos teóricos, éticos e clínicos da homossexualidade, denuncia os desvios teóricos na psiquiatria e psicanálise e aponta a homofobia presente tanto nas teorias quanto nas práticas clínicas. Evidencia ainda o desconhecimento que fortalece o preconceito sobre o tema da sexualidade humana na vida cotidiana.

O lançamento será em 16 de maio, às 19h30, na sala multimídia do Estado de Minas, Avenida Getúlio Vargas, 291, Funcionários. 

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