sábado, 14 de junho de 2014

Orelha

Orelha
Estado de Minas 14/06/2014

O filósofo Slavoj Zizek disseca o monstro visível e invisível da violência dos nossos dias (Wikimedia Commons/Divulgação)
O filósofo Slavoj Zizek disseca o monstro visível e invisível da violência dos nossos dias


Zizek e a violência

O filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek não para. Um dos mais radicais e eruditos analistas da cena internacional, ele tem novo livro lançado no Brasil – seu 11º título no país –, Violência, pela Editora Boitempo. A edição tem um prefácio escrito especialmente para o leitor brasileiro. O tema, geralmente tratado pelo viés da ciência política ou da sociologia, ganha novo enquadramento na obra do pensador, em método que ele define como “reflexões laterais”. A partir sobretudo de Hegel e Lacan, o autor estuda a estagnação do modelo de sociedade atual, que multiplica insatisfações e frustrações coletivas e pessoais. Zizek busca identificar os aspectos subjetivos e objetivos da violência, indicando tanto a expressão visível como invisível do fenômeno. Sob seu crivo estão o medo, a liberalização da sexualidade, o comunitarismo e o terrorismo fundamentalista.


Mais bola

Há alguns anos, era comum criticar a academia por sua surdez aos gritos da multidão em torno do jogo de futebol. Os tempos mudaram e o esporte é hoje tema importante nos estudos nas áreas de literatura e ciências sociais. Um bom exemplo é o livro Futebol: objeto das ciências humanas, organizado por Flávio de Campos e Daniela Alfonsz, que reúne ensaios sobre o tema. Entre eles, “A crônica de esportes no Brasil”, de José Carlos Marques; “Cidade esportiva/cidade das letras”, de Marcelino Rodrigues da Silva; “Arquitetura da exclusão”, de Flávio Campos, entre outros. A edição é da Leya.


Lições de Zuza


Um dos mestres da crítica e da história da música brasileira e internacional, Zuza Homem de Mello reúne em volume 140 textos jornalísticos sobre o tema. São artigos, reportagens e entrevistas que cobrem o período que vai de 1957 a 2014. Focalizando principalmente o jazz, a MPB e a música norte-americana, o livro traz, entre outras, entrevistas com Charles Mingus, um encontro com Chet Baker, análise da obra de Noel Rosa e a primeira entrevista com Itamar Assumpção. Para recordar e aprender.


Tempo do rei
A sedução pela realeza não cessa, como prova o fuzuê em torno da renúncia do rei Juan Carlos, da Espanha. Livro que merece atenção na seara é a biografia de Edward VII, de autoria de André Maurois, que acaba de chegar às livrarias pela Editora Globo. Depois da rainha Victoria, Edward VII, lançado originalmente em 1933, traça um perfil do monarca repleto de contradições, em momento marcante da história mundial, a passagem do século 19 para o 20, perto da ruína dos grandes impérios europeus e da ascensão dos EUA no concerto das nações.


Dois Machados

O alienista, de Machado de Assis, acaba de ganhar nova edição pela Penguin Companhia, com introdução de John Gledson e notas de Hélio Guimarães. Na esteira, chega também a reedição da peça A lata de lixo da história – Chanchada política, de Roberto Schwarz, grande especialista na obra de Machado, que inspira seu enredo exatamente na história de Simão Bacamarte, mas escrita sob o impacto da ditadura militar. Para completar o pacote, o clássico ensaio de Schwarz, As ideias fora do lugar, ganha nova reimpressão.


Clássico esquecido


   (Arquivo EM)


Conhecido principalmente pelo livro Amanuense Belmiro, o escritor mineiro Cyro dos Anjos (1906-1994, foto) tem relançado o pouco comentado romance Montanha. Trata-se de obra que reflete sobre a politicagem, lobbies, repressão e chantagem num país à beira de um golpe militar. O livro foi publicado originalmente em 1956. Com seu domínio narrativo clássico, Cyro dos Anjos desvela o jogo político que envolve a sociedade. Mesmo passado em Montanha, um lugar fictício, o livro é um quebra-cabeça do período pós-Vargas, em que é possível identificar a trajetória de vários personagens da história brasileira.


Inédito de Joyce

 (Fran Cafrey/AFP)


Todo mundo sabe que Finnegans wake, de James Joyce (1882-1941 - foto), é um dos livros mais difíceis de todos os tempos, com sua fabulosa criação linguística, filosofia e jogos de palavra. Em 1990, surgiu um manuscrito que causou alarde entre os seguidores de Joyce: uma versão mais simples do livro, quase um embrião. O livro, batizado de Finn’s Hotel, chega esta semana às livrarias brasileiras em tradução de Caetano Galindo, responsável pela mais recente versão de Ulysses. Pela Companhia das Letras.

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