terça-feira, 1 de julho de 2014

COLUNA DO JAECI » Muitos gols e mau futebol. Que Copa estranha‏

COLUNA DO JAECI » Muitos gols e mau futebol. Que Copa estranha
"A Colômbia tem mostrado o melhor futebol do Mundial, com quatro vitórias convincentes, belos gols e James Rodríguez se candidatando a craque da competição" 
 
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 01/07/2014


Esta Copa apresenta números curiosos. Excepcional média de gols, porém, sem equipe-referência. Alguns favoritos deram adeus ainda na primeira fase, e quem ficou não empolga. Vamos por etapas. Espanha, Inglaterra e Itália normalmente figuram entre os mais cotados em Mundiais, mas já foram embora. A primeira, atual campeã, foi um fiasco. Humilhada pela Holanda na estreia, não teve forças para reagir diante do Chile e partiu sem deixar saudades. A segunda foi campeã uma vez, em 1966, e nunca mais confirmou a fama. A terceira jamais foi brilhante, embora seja perigosa, com seu esquema defensivo e os contragolpes mortais. Agora, contudo, nada feito. Venceu os ingleses e perdeu de Costa Rica e Uruguai. Pena ver Pirlo, seu melhor jogador, dizer adeus de forma melancólica, pois a Azzurra esteve instável o tempo todo.

Há boas surpresas. A Costa Rica teve o mérito de se classificar no grupo da morte, com o Uruguai em segundo, passou pela Grécia nas oitavas e nas quartas vai enfrentar a Holanda. A Colômbia tem mostrado o melhor futebol do Mundial, com quatro vitórias convincentes, belos gols e James Rodríguez se candidatando a craque da competição. O jogador do Monaco já desperta o interesse de gigantes europeus. O técnico argentino José Pékerman montou esquema ofensivo, que privilegia o gol. O resultado é um belo futebol.

Holanda e França também seguem. A primeira foi arrasadora nos 5 a 1 sobre a Espanha e correta nos jogos seguintes. Ganhou do México nos minutos finais com a velocidade e malandragem de Robben. Diante da surpreendente Costa Rica, acredito que avance. No outro lado da tabela, creio numa semifinal Argentina x Holanda. Os hermanos, também sem convencer, dependem do genial Messi.

A Alemanha também começou a toda: 4 a 0 sobre Portugal. Mesmo sem o brilho que se previa, vai fazer as quartas de final com a França. É o time com mais conjunto, porque tem uma base de oito anos, embora não consiga entusiasmar. Bem treinado, pragmático, tem grandes valores individuais, mas ainda lhe falta aquela arrancada de grande campeão.

Já o Brasil, eterno favorito e único pentacampeão, é outro que atua muito mal, sem conjunto, sem meio-campo e ataque. Depende exclusivamente de Neymar, projeto de craque, que bem marcado não aparece. Com a ligação direta defesa-ataque, a bola volta o tempo todo para sua própria área. Chegou às quartas graças a Júlio César e à sorte, pois no último lance da prorrogação a bola chilena carimbou o travessão. Mas ressurge com esperanças de derrotar a Colômbia, que tem mais time e grupo. Mas terá camisa para superar os anfitriões? A Copa é atípica, o baixo nível técnico contrasta com os muitos gols e o show das torcidas.

Penso que o futebol no mundo precisa ser repensado. A distância das equipes de primeira linha para as de segunda e terceira encurtou sensivelmente. Não dá mais para arriscar um campeão, embora mantenha meu palpite numa final Alemanha x Argentina. Na hora que o Mundial afunila, quem tem camisa cresce. Se isso não acontece, a arbitragem ajuda. Uma decisão Costa Rica x Colômbia não seria nada mal, mas acho quase impossível. Poderemos ter numa semifinal Argentina x Holanda. Na outra, Brasil x Alemanha ou França ou Colômbia x Alemanha ou França. Pena que justamente em casa tenhamos safra tão ruim e técnico tão primitivo e fraco.

Tivéssemos time um pouco mais qualificado, com os homens certos no meio-campo, iríamos facilmente à final. Pelo que estamos vendo, será bem difícil. Numa Copa em que favoritos não confirmam isso, tudo pode ocorrer, até o Brasil levantar a taça. Aí decretaremos o fim do futebol, pois jamais vi equipe desorganizada e mal arrumada ganhar nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário