sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Uns caras legais

Uns caras legais
Paralamas do Sucesso completa 30 anos de carreira e lança CD e DVD gravados ao vivo. Álbum traz hits da carreira da banda carioca, com citações de Led Zeppelin e do Police

Mariana Peixoto
Estado de Minas: 15/08/2014


João Barone, Bi Ribeiro e Herbert Vianna mantêm a mesma formação da banda desde a estreia com Cinema mudo (Maurício Valladares/Divulgação)
João Barone, Bi Ribeiro e Herbert Vianna mantêm a mesma formação da banda desde a estreia com Cinema mudo

Dá para fazer diferente sendo o mesmo? Por certo que sim, como comprovam, mais uma vez, Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro. Os Paralamas do Sucesso – 30 anos, CD e DVD que registram a turnê comemorativa que a banda vem fazendo desde 2013, traz extenso material de toda a trajetória do grupo. Não há nada inédito, muitas das canções foram gravadas anteriormente em outros projetos ao vivo. Mesmo assim, há vigor na interpretação, o que por si só justifica o projeto.

São 28 canções no DVD, 10 a menos no CD. O show foi gravado em outubro de 2013, no Citibank Hall, no Rio. Ao contrário de outros projetos ao vivo dos Paralamas, este vem marcar o fim da turnê. “Tem gente que lança um DVD ao vivo no início, mas preferimos o contrário, até porque não vamos passar o resto da vida celebrando os 30 anos. Como o show está funcionando muito bem, vamos esticar um pouco mais a corda. A ideia é mantê-lo com um show-padrão dos Paralamas, sem o carimbo dos 30 anos. O Paul McCartney não faz isso com a turnê Out there?”, comenta Barone.

Ainda que a trajetória dos Paralamas tenha começado bem na virada da década de 1970 com a de 1980, a banda considera 1983 o ano-marco, por causa do lançamento do álbum de estreia, Cinema mudo. “Muita gente confunde, achando que é O passo do Lui (1984). Aproveitamos esse show então para voltar a tocar músicas que não tocávamos há muito, como Patrulha noturna e a própria Cinema mudo”, continua Barone.

Como todas as fases dos Paralamas estão registradas, há uma linha evolutiva que vai contando essa história. Um imenso telão no fundo do palco traz imagens da banda em edição rápida, acompanhada por uma jam instrumental (o chamado Vulcão dub), que serve como cartão de apresentações do show. Cada nova canção vem acompanhada com sua própria coleção de imagens.

“A montagem do repertório ocorreu de maneira muito harmônica. A ideia era experimentar sequências de músicas (que têm relação entre si). Os reggaes de um lado, rocks mais pesados do outro. Ao longo da turnê fizemos sutis mudanças no repertório, alguns arranjos diferentes. Tentamos fugir de qualquer coisa mais monótona”, acrescenta o baterista.

Entre sucessos como Quase um segundo, Meu erro, Lanterna dos afogados, Ela disse adeus, A novidade, Melô do marinheiro, Uma brasileira, entre várias outras, há algumas firulas. Uma citação de Whole lotta love, do Led Zeppelin, antecede a execução da roqueira O calibre; Vital e sua moto é emendada por Don’t stop so close to me e Every breath you take, do Police, uma das referências primeiras dos Paralamas. “A gravação foi feita da maneira mais fiel possível. Teve um ou outro erro, mas isso faz parte do realismo. Quando você erra, você geralmente se lembra do show. Fazer uma coisa impecável pode acabar ficando pasteurizada.”

Manter uma banda por três décadas e com a mesma formação não é para qualquer um. Há algum tempo os Paralamas se dão ao luxo de escolher bem os shows que vão fazer. De acordo com Barone, o número de apresentações mensais não passa de meia dúzia. “Se dependesse do Herbert, a gente faria um show por dia. Mas sabemos que uma das razões da longevidade da banda é controlar os shows. Temos que ser coerentes para não haver um desgaste maior que o necessário.” Entre os últimos shows desta turnê, a banda já está de olho no futuro. Os encontros entre os três Paralamas para trabalhar novas canções estão ocorrendo desde o início do ano. Quando houver uma boa coleção de músicas, gravam um novo álbum. Sem pressa, como manda a cartilha “paralâmica”.


 (Multishow/Reprodução)

TRABALHOS AO VIVO



. D (1987)
Quarto álbum da banda, foi gravado durante show da banda no Festival de Jazz em Montreux, na Suíça.


. Vamo batê lata (1995)
Álbum duplo, foi um sucesso de público – até então, o maior da banda – após o fracasso comercial do trabalho do ano anterior, Severino. Tinha quatro inéditas, incluindo Uma brasileira.


. Acústico (1999)
Gravado no Parque Lage, Rio, diferenciou-se dos projetos congêneres da época por trazer um repertório que enfatizava os lados B.


. Uns dias (2004)
Também duplo, o álbum reúne sucessos da banda, trouxe também uma série de convidados, como Edgard Scandurra, Dado Villa-Lobos, Roberto Frejat, Djavan, Nando Reis e Paulo Miklos.


. Ao vivo hoje (2006)
Registro da turnê do álbum lançado no ano anterior. Diferentemente dos trabalhos anteriores, esta gravação ao vivo ocorreu em estúdio, sem plateia.

. Rock in Rio 1985 (2007)
Trabalho que recupera a performance da banda em início de carreira, na primeira edição do Rock in Rio.

. Paralamas e Titãs juntos e ao vivo (2008)
Para marcar os 25 anos de carreira de cada uma das banda, foi realizada uma turnê conjunta. O registro foi feito na Marina da Glória, no Rio.

. Multishow ao vivo Brasil afora (2011)
Mais um registro da turnê de um álbum autoral (Brasil afora, de 2009, o mais recente trabalho de estúdio do grupo), o show conta com a participação de Zé Ramalho e Pitty.

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