domingo, 28 de setembro de 2014

EM DIA COM A PSICANáLISE » A boca da urna

Estado de Minas: 28/09/2014


Vem chegando a hora em que cada um, eleitor e eleitora, terá seu momento de depositar na urna o seu voto. Este ato confere ao cidadão poder para eleger, segundo sua vontade e decisão íntima, aquele candidato que mais se aproxima de seu ideal.

Uma amiga disse com muita propriedade que, em um primeiro momento, poderíamos dizer ser impossível ter o desejo de votar em um país em que o voto é obrigatório e pune os que se negam a acatar a lei. E, como se trata de uma obrigação, o espaço do desejo ficaria eliminado, já que não se pode obrigar uma pessoa a desejar.

É na campanha política que os candidatos, com sua imagem, propostas e apresentação, podem capturar o interesse e despertar o desejo do cidadão de votar.

Nos dias de hoje, com tantos recursos, cada eleitor pode acessar a internet e as redes sociais para ler textos de comentaristas políticos mais experientes, entre outros recursos midiáticos, para se informar melhor sobre cada candidato. Pode ainda assistir aos debates e à propaganda eleitoral, igualmente obrigatória.

E, por ser obrigatória, cada político, de acordo com suas condições, ocupa mais ou menos tempo desse horário para dizer o que quiser. Cabe a eles disputar uma posição com a qual o telespectador se identifique, e uma identificação com algum traço do candidato basta para que o eleitor passe a desejar elegê-lo.

Nem todos farão esforço para obter informações mais detalhadas de fontes confiáveis. Muitos votarão pela simpatia e pelo que foi construído em seu imaginário sobre este ou aquele, bastando isso para dar suporte à identificação. E por ser dono de seu voto, ninguém pode impedir que você faça assim.

Também o trabalho feito pela mídia, por marqueteiros e pesquisadores poderá conduzir a opinião de cada eleitor para o resultado que o candidato pretende alcançar na batalha pelo voto. Aquele que melhor fizer seu trabalho possivelmente terá maior chance de eleger seu candidato, pois como se diz nos dias de hoje, não basta ser, tem que parecer.

Se a verdade verdadeira não se vê tão claramente, pois se esconde em cada um de nós, que somos dotados de um inconsciente e não sabemos nem sequer tudo sobre nós, só nos resta supor o melhor a partir do pouco que sabemos do outro. E é baseado nesse pouco de verdade suposta que escolheremos nosso candidato.

Se acertamos ou erramos só depois de votar poderemos saber se nosso ato foi bem ou mal-sucedido, pois serão os resultados futuros e as consequências que nos permitirão deduzir sobre a aposta feita. Toda aposta é sem garantias, e ainda assim não fazê-la, neste caso se votamos em branco ou anulamos o voto, haverá consequências.

Como nascemos prematuros e dependendo do amor e da boa vontade do outro para sobreviver, podemos entender a importância desempenhada pelo papel do líder e pelas relações de amor dele com os integrantes do grupo e destes entre si. Sendo capaz de acolher, suportar e responder de boa forma à demanda de amor será um líder amado e respeitado. Mas quem será digno desse amor?

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