quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Moda - Eduardo Almeida Reis

Um comentarista esportivo tem o descoco de entrar na casa do telespectador de sapatênis marrom e meia branca, como se meia branca tivesse cabimento fora das quadras de tênis


Estado de Minas: 11/09/2014



Obra muitíssimo bem o Sportv quando padroniza as roupas dos seus profissionais. Com a onda de frio, todos foram metidos em pullovers azul-claro. Jornalista é um perigo quando se veste por sua conta, o que se explica: preocupado com o trabalho e as altas cousas do espírito, não dá bola para suas roupas. Certa feita, na Academia Mineira de Letras, em solenidade com a presença do presidente da República, a segurança do presidente exigiu crachás para ingresso no auditório. O assessor de impressa do presidente conferia os crachás, visando a encaminhar os jornalistas para um espaço cercado por uma cordinha. Do lado de cá da cordinha, na condição de membro da Casa de Alphonsus de Guimaraens, que é também e muito a Casa de Vivaldi Moreira, recomendei ao assessor brasiliense: “Não precisa conferir os crachás: basta ver as roupas”.

Há exceções, é certo, que só fazem confirmar a regra. Nos jornalistas que entram em nossas casas através da tevê há roupas do arco da velha. A poderosa rede que engloba o Sportv não parece dar bola para as roupas e os cabelos dos seus funcionários. Um comentarista esportivo tem o descoco de entrar na casa do telespectador de sapatênis marrom e meia branca, como se meia branca tivesse cabimento fora das quadras de tênis.

Houve tempo em que fui amigo de diretores da poderosa rede e palpitava sobre a programação. Nas corridas de Fórmula 1, por exemplo, critiquei a mania de veicular os comerciais de tela inteira durante as provas. Desde aquele tempo acabaram com a besteira de indispor o telespectador com o anunciante, segurando os comerciais de tela inteira para depois de transposta a linha de chegada.

Se ainda apitasse por lá, recomendaria ao diretor que desse um trato nos cabelos de ótima apresentadora, moça bonita e pertinente, cujos cabelos empastados parecem sujos. Aquela juba e as meias brancas do colega da jovem desanimam qualquer cristão, aproveitando a embalagem para desgostar os ateus.

Leis eleitorais

Foto do senador Eduardo Matarazzo Suplicy (SP-PT) transportando nos ombros o médico Alexandre Padilha, o Pad da Operação Lava a Jato, candidato do PT ao governo de São Paulo, teria violado a lei eleitoral, pois a prática seria vedada pela Justiça Eleitoral que proíbe “a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga”. Cena fotografada em Carapicuíba, Região Metropolitana de São Paulo, no finalzinho de julho, cuja veiculação teria custado R$ 200 a um adepto do senador.

Duvido que alguém entenda as nossas leis eleitorais. Começam pelo absurdo de permitir que votem os maiores de 16 anos, inimputáveis quando praticam crimes hediondos. Ou bem o sujeito pode eleger governador, senador, presidente da República e responder pelos crimes que pratica, ou é inimputável e não pode votar.

A foto do senador nascido em 1941 cavalgado pelo candidato nascido em 1971, um médico que não tem o físico mirrado que se exige dos jóqueis, em vez de proibida deveria ser divulgada às expensas da própria Justiça Eleitoral. É muito mais instrutiva para o povo do que a foto do mesmíssimo senador vestindo uma calcinha feminina vermelha sobre as calças azuis de seu terno, por sugestão de uma repórter.

O petista Matarazzo Suplicy já ilustrou este pobre país produzindo o Supla, nome artístico do senhor Eduardo Smith de Vasconcelos Suplicy (São Paulo, 2 de abril de 1966), cantor, compositor, ator e apresentador de televisão. Depois disso, deixar-se cavalgar em Carapicuíba por um candidato ao governo de São Paulo é irrelevante. Cavalgado, não lhe sobra tempo para produzir outros Suplas ou vestir calcinhas vermelhas.

O mundo é uma bola

11 de setembro de 1297: liderados por William Wallace, os escoceses derrotam os ingleses na Batalha de Stirling Bridge durante a guerra pela independência. Até hoje os escoceses discutem esta bobagem de independência, como se fosse uma desonra fazer parte do Reino Unido.

Em 1565, fim do Cerco de Malta iniciado sem sucesso dia 10 de março daquele ano pelo Império Otomano. Tive no Rio um amigo, deputado baiano, que se orgulhava de uma comenda da Ordem de Malta. Comprava medalhas e comendas a montões, e vivia repetindo: “Dizem que é fácil, mas vai comprar”.

Em 1609, Henry Hudson descobre o Rio Hudson, local de pouso de um jato conduzido por piloto excepcional depois de perder as turbinas pelo choque com aves ao decolar de um dos aeroportos nova-iorquinos. Todos os passageiros foram salvos. Em 1875, fundação da Academia Mexicana de Línguas. O Google deve detalhar os objetivos do ínclito sodalício, mas o leitor não pode ter o menor interesse pela instituição mexicana.

Em 1968, lançamento da revista Veja, que tem prestado relevantes serviços ao Brasil, ainda que suas denúncias terminem em águas de bacalhau. Em 1985, maior acidente ferroviário de que há memória em Portugal: morreram 150 pessoas junto ao Apeadeiro de Moimenta-Alcachafe, freguesia de Moimenta de Maceira Dão, concelho de Mangualde, apeadeiro situado entre as estações de Nelas e Mangualde, num trecho de via única. Regionalismo português, apeadeiro é lugar onde não há estação, mas os trens param quando há passageiros para subir ou descer. Hoje é o Dia do Cerrado.

Ruminanças

“Mário de Andrade deixou discípulos que nunca o leram” (Guilherme Figueiredo, 1915-1997).

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