domingo, 25 de janeiro de 2015

Japonesismos - Eduardo Almeida Reis

Só depois de conhecer a libido é que o macho da espécie se enrola e se mete nas enrascadas de que se arrepende pelo resto dos seus dias


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 25/01/2015





Segundo Nascentes, o diacronismo obsoleto suruba, adjetivo de dois gêneros, que significa muito bom, excelente, capaz – “um trabalhador suruba” – veio do tupi suru’ba. Como substantivo feminino, regionalismo brasileiro de uso informal, tem uma porção de significados desde namoro escandaloso até sexo grupal.

Salvo melhor juízo, diz aqui o philosopho, sexo grupal nos dá ideia de confusão, de bagunça, de orgia sexual em que vale tudo e mais alguma coisa que não posso descrever por dois motivos, o primeiro dos quais é o seguinte: sou virgem de experiências do gênero. E o segundo é a minha notória pudicícia.

Circula na internet um vídeo demorado envolvendo dezenas de jovens japoneses, que não contei mas tive a impressão de que passam dos 250 casais. Tudo escrito em japonês, mas dá para ler 500 Y sex. É das cerimônias sexuais mais impressionantes de que tive notícia. Primeiro entram num salão imenso as mocinhas vestidas e descalças, assumem os seus lugares, se despem e ficam feito estátuas sobre o piso forrado de tecido claro e almofadado.

Depois aparecem os rapazes em cuecas, procuram suas companheiras e formam os pares. Presumo que os pares sejam agendados, porque não há brigas. As 250 mocinhas, no vídeo, são todas da maior palatabilidade e nenhuma parecia menstruada como seria natural numa quantidade tão grande de jovens púberes.

É tarde da noite. Interrompo em “púberes” esta bela crônica para ir dormir. Agora cedo, bem dormido, banho e café tomados, charuto aceso, retomo nossa conversa depois de ver o vídeo pela segunda vez: dura 10 minutos. É difícil calcular a idade de japoneses, que ouso estimar em pouco mais de 20 anos. A função grupal começa com as moças desnudas, em pé, e os rapazes em cuecas, por trás delas, em ósculos bucais bem mais chiques do que beijos nas bocas. Junto com o oscular temos a manipulação das mamas, isto é, dos mimos que as japonesas têm no lugar dos seios. A terceira etapa é a manipulação genital das jovens. Alguém tirou do chão as roupas das mocinhas. Depois, somem as cuecas dos rapazes e acontece, em perfeita sincronização dos 250 (!) pares, tudo quanto se possa imaginar: duplo sexo oral, papai e mamãe, já então com uma gritaria das mocinhas em japonês e uma derradeira atividade que me permito não descrever.

Que é aquilo? Cerimônia religiosa? Filme pornô? Há takes tão próximos que os operadores de câmeras devem circular entre os casais. É vídeo impressionante. Se o leitor já assistiu e entendeu alguma coisa, porque fala japonês ou residiu no Japão, me explique, por favor.

Perigo
O latim nos deu libído,ìnis ‘desejo violento, paixão’, procura instintiva do prazer sexual, que Freud dizia ser a energia que está na base das transformações da pulsão sexual, a energia vital. E é por ela, pulsão sexual, que o macho da espécie humana se mete em cada situação que vou te contar.

Viver é negócio muito perigoso, já dizia Guimarães Rosa, e o recém-nascido se vê às voltas com o estado puerperal de sua mãezinha, em que há intensas alterações psíquicas e físicas capazes de deixá-la sem condições de entender o que está fazendo, em situação de semi-imputabilidade. Não todas as mães, mas algumas que chegam ao infanticídio: “morte do filho provocada pela mãe por ocasião do parto ou durante o estado puerperal”.

Só depois de conhecer a libido é que o macho da espécie se enrola e se mete nas enrascadas de que se arrepende pelo resto dos seus dias: ibidem porcina cardam torquet – é aí que a porca torce o rabo, diria o condutor da biga de Cícero. Figura máxima da Latinidade Clássica, Marcus Tullius Cicero (106-43 a.C.), filósofo, orador, escritor, advogado e político romano, foi morto e teve sua cabeça e mãos cortadas por Herênio, seguindo ordens de Marco Antônio. Cortadas e pregadas na rostra do Fórum Romano, não por ser filósofo, orador e escritor, mas por advogar e politicar.

O mundo é uma bola
25 de janeiro de 1308: Eduardo, de Inglaterra, se casa com Isabel, de França. Em 1327, Eduardo, de Inglaterra, é obrigado por sua mulher Isabel, de França, e seus nobres, a abdicar o trono em favor de seu filho Eduardo III.

Em 1533, casamento de Henrique VIII, de Inglaterra, com Ana Bolena, tadinha, executada aos 35 aninhos pelo bandidão do rei. Quando informada de sua iminente execução, Ana fez chegar a Henrique uma exigência: não aceitaria ser morta por um carrasco inglês, que utilizava o machado para a decapitação. Exigia a importação de um carrasco francês, pois na França a decapitação era feita com uma espada. Justificando sua exigência, teria dito que uma rainha da Inglaterra não curva a cabeça para ninguém em nenhuma situação. Releva notar que as decapitações com espada eram feitas com a vítima ajoelhada, mas com a cabeça erguida. Consta que foi atendida em sua justa reivindicação.

Em 1554, fundação da cidade de São Paulo, que já teve a subida honra de ser administrada pela senhora Marta Suplicy, figura extraordinária de mulher que hoje ilustra o Senado com a vastidão do seu gênio. Hoje é o Dia do Carteiro.

Ruminanças

“Admiro quem lê manuais e diz entender o que neles está escrito” (R. Manso Neto).

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