quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Defesa dos passeios não é unânime entre educadores


ANÁLISE
FÁBIO TAKAHASHIDE SÃO PAULO
A própria coordenação do projeto já detectou que há dificuldades. Tanto que, em março deste ano, foi publicada uma orientação técnica a respeito
As excursões são motivo de antiga controvérsia nas escolas. Algumas das dúvidas são se vale "perder" um dia de aula; se o passeio tem utilidade pedagógica; e o que será feito com quem não participar.
A defesa dos passeios não é unânime entre educadores.
Em meio à polêmica, escolas particulares e públicas tendem a avaliar que vale a pena deixar um pouco a lousa de lado e levar os estudantes para terem contato com um "conhecimento vivo".
Aí, surgem as dificuldades de execução. Na rede estadual paulista, por exemplo, são 4,3 milhões de alunos, contingente maior que a população de Buenos Aires.
Dúvidas que surgem: quais escolas serão beneficiadas? E, dentro delas (que em média têm quase 800 alunos cada uma), quem será escolhido?
O programa estadual Lugares de Aprender não fixa parâmetros rígidos para a seleção. Explicitamente, veta apenas que alunos com notas baixas sejam preteridos.
Mas a própria coordenação do projeto já detectou que há dificuldades na seleção.
Tanto que, em março deste ano, foi publicada uma orientação técnica a respeito.
Como "proposta", sugere-se que sejam priorizadas as "escolas carentes e mais distantes". Focar os colégios com piores condições tem sido um dos pilares de políticas de diversos partidos, incluindo PT e PSDB.
Outra sugestão da coordenação é que, escolhida a escola, busque-se levar todas as turmas dessa unidade.
Em resumo, no papel, o programa sugere que tenham prioridade as escolas com mais dificuldades; que todos os alunos desses colégios sejam beneficiados; e, se for necessária alguma seleção, que não sejam prejudicados os estudantes mais atrasados.
A apuração da Folha, porém, aponta que os sensatos critérios sugeridos não têm sido adotados na prática.
Nesse ponto, um problema histórico da rede estadual fica em evidência: a dificuldade de fazer com que uma ideia bolada num núcleo de gestão seja efetivamente praticada em mais de 4.000 colégios.

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