quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Trégua em Gaza emperra e violência cresce


Hamas chega a anunciar acordo de cessar-fogo, mas Israel nega; confrontos se intensificam dos dois lados da fronteira
Ao menos 135 pessoas morreram em sete dias; em Jerusalém, Hillary reafirma compromisso dos EUA com israelenses
Fabio Braga/Folhapress
Integrantes da comunidade judaica em São Paulo fazem protesto no vão livre do Masp, na avenida Paulista, contra o lançamento de foguetes pelo grupo radical islâmico Hamas ao território de Israel, ontem
Integrantes da comunidade judaica em São Paulo fazem protesto no vão livre do Masp, na avenida Paulista, contra o lançamento de foguetes pelo grupo radical islâmico Hamas ao território de Israel, ontem

MARCELO NINIOENVIADO ESPECIAL A GAZAEm meio à frenética movimentação diplomática e informações desencontradas sobre a iminência de uma trégua, os confrontos entre Israel e extremistas palestinos da faixa de Gaza se intensificaram dos dois lados ontem.
Um membro do grupo islâmico Hamas envolvido nas negociações intermediadas pelo Egito, no Cairo, chegou a dizer que o acordo de cessar-fogo havia sido fechado, mas a informação foi negada pelo governo de Israel.
Enquanto falavam em trégua, Israel e o Hamas intensificaram os ataques, numa indicação de que pretendem manter o inimigo acuado até que um acordo seja obtido.
Quando a noite caiu em Gaza e parecia que o cessar-fogo seria anunciado no Cairo, aFolha pôde ouvir pesados bombardeios israelenses perto do litoral, ao mesmo tempo em que dezenas de foguetes palestinos eram disparados contra Israel.
Foi o desfecho do sétimo dia da ofensiva israelense, que deixou pelo menos 20 pessoas mortas em Gaza. Fontes palestinas informaram que a maioria era civil, mas Israel disse que 18 eram militantes do Hamas e do grupo radical Jihad Islâmico.
Em Israel, um soldado e um civil foram mortos por disparos de Gaza. Segundo o Exército israelense, seu território foi alvejado ontem por mais de 150 projéteis. "É assustador", disse ao site de notícias israelense Ynet um morador da região. "Nós esperamos que a ofensiva vá até o fim. Já sofremos demais."
A atual escalada de violência já matou ao menos 130 palestinos e cinco israelenses.
Além dos disparos contra as áreas próximas da fronteira israelense, que há anos é alvo da artilharia de Gaza, os palestinos voltaram a ameaçar o centro de Israel com foguetes de longa distância.
Um deles atingiu um prédio na cidade de Rishon Letzion e feriu duas pessoas. Outro foi disparado contra Jerusalém, centro do poder de Israel, mas caiu em área aberta da Cisjordânia ocupada.
O ataque disparou o alarme antiaéreo em Jerusalém pouco antes da chegada do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que exortou o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, a não ordenar uma ação por terra em Gaza: "A escalada de violência coloca toda a região em risco".
O premiê respondeu que está disposto a aceitar uma solução diplomática. "Mas não hesitaremos em fazer o que for preciso para defender nossos cidadãos", ressalvou.
Pouco depois, foi a vez de a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, se reunir com Netanyahu em Jerusalém. Ela reafirmou o compromisso dos EUA com a segurança de Israel.
"Os ataques terroristas de Gaza devem parar, e a calma deve ser restaurada", afirmou. Ela não quis prever quando a trégua entrará em vigor, mas disse que está trabalhando para que "uma solução duradoura seja alcançada nos próximos dias".
Ontem à noite, o Conselho de Segurança da ONU marcou reunião sobre Gaza para hoje à tarde, caso um cessar-fogo não seja acertado antes.
A aviação israelense lançou panfletos ontem no norte de Gaza, recomendando à população que deixasse a região porque ela seria atacada. O alerta gerou uma longa caravana de famílias em fuga, em vans, carroças e a pé.
Cerca de 300 pessoas foram abrigadas numa escola da Cidade de Gaza, que o panfleto israelense dizia estar numa área segura. "Isso não é vida. Quando os judeus vão parar de nos atacar?", gritava uma idosa.

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