quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Obama anuncia redução do contingente no Afeganistão

folha de são paulo

No discurso anual do Estado da União ao Congresso, presidente acena com reformas no sistema de saúde
LUCIANA COELHODE WASHINGTONExortando o Congresso a romper a paralisia, Barack Obama usou seu discurso do Estado da União, na noite de ontem, para anunciar a retirada de metade do contingente militar dos EUA no Afeganistão até 2014 e listar reformas econômicas para reduzir o deficit e o desemprego.
Segundo o presidente, os EUA vão retirar 34 mil dos 68 mil soldados que mantêm no Afeganistão até fevereiro próximo, e, ao longo de 2014, encerrar 13 anos de guerra junto com a Otan (aliança militar ocidental). As operações dos EUA passarão a focar, depois disso, treinamento e ações de contraterrorismo.
"A retirada continuará, e, até o fim do ano, nossa guerra estará encerrada", disse.
Detalhes sobre o ritmo da retirada após fevereiro, porém, ficaram em aberto.
No discurso -prestação de contas anual do presidente ao Congresso, determinada pela Constituição-, Obama prometeu negociar com a Rússia novas reduções do arsenal nuclear de ambos e manter apoio a governos aliados no combate ao terrorismo.
Lembrando que fará "tudo para evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear", exortou Teerã a negociar saída diplomática para seu programa nuclear e prometeu continuar apoiando a oposição síria.
Afirmou ainda que trabalhará com o Congresso para garantir maior transparência -e respeito à lei- nas ações para perseguir, prender e julgar terroristas, em uma aparente alusão à sua controversa política de drones (robôs aéreos pilotados remotamente usados para matar suspeitos em regiões remotas).
Mas a maior parte do discurso foi ocupada por questões domésticas, sobretudo pela necessidade de enxugar o Orçamento e reduzir o desemprego, hoje em 7,9%.
Obama voltou a exortar o Congresso a aprovar uma reforma tributária que eleve alíquotas para os mais ricos, mas, pela primeira vez, admitiu a necessidade de reformas mais amplas e abriu a porta para a reestruturação da assistência de saúde para os mais pobres, o Medicaid.
"Temos de aceitar a necessidade de reformas modestas, ou os programas de aposentadoria vão consumir os investimentos que precisamos fazer em nossas crianças."
O democrata insistiu na necessidade de investir em infraestrutura, energia limpa, inovação e educação para criar empregos, além de prometer atrelar o salário mínimo ao custo de vida.
Reeleito e preocupado em forjar um legado, defendeu o combate à mudança climática e, no momento mais aplaudido da noite, a reforma do sistema de imigração, privilegiando estrangeiros formados em ciências e tecnologias e quem imigrou na infância.
Por fim, abordou um tema que assumiu papel central na agenda do segundo mandato: o controle de armas.
Evocando o massacre na escola de Sandy Hook e falando aos pais de uma adolescente morta em um tiroteio, que assistiram ao discurso com a primeira-dama, pediu que o Congresso vote um projeto para ampliar a checagem de antecedentes e a proposta bipartidária que está sendo costurada no Senado.
"Sei que este país já debateu [o tema] outras vezes, mas agora é diferente. Temos maiorias, inclusive de defensores da Segunda Emenda [direito ao porte de armas], unidas por uma reforma."

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