sexta-feira, 19 de abril de 2013

Eduardo Almeida Reis - Cientistas inventaram um celular que cai feito gato‏


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas : 19/04/2013 04:00

A partir do momento em que os cientistas inventaram um celular que cai feito gato, acho que é tempo de dar uma freada de arrumação até que a gente possa entender alguma coisa. Tudo bem que continuem pesquisando em medicina assuntos que exigem pressa, mas telefone celular caindo feito gato é um exagero exagerado. Sabemos que o gato é pequeno mamífero carnívoro, doméstico, da família dos felídeos (Felis catus), descendente do gato selvagem encontrado na África e Sudoeste da Ásia (Felis silvestris libyca). Varejado ou caindo, o gato chega ao chão da melhor maneira possível. O celular inventado tem um dispositivo que identifica a queda e o faz chegar ao piso na posição que menos o prejudique. Salvo melhor juízo, é muita tecnologia, quando seria mais fácil guardar noutro celular tudo que temos naquele em uso. Faz tempo que planejo guardar os números dos telefones que tenho no atual Nokia. Como sou meio descansado, venho adiando a tarefa.

O dispositivo anunciado também se aplica aos tablets e outros aparelhos. Deve ser instalado em pouco tempo, se é que ainda não foi. Realmente, celulares caem e o Nokia aqui do degas já caiu algumas vezes, felizmente sem maiores estragos, porque foram quedas do bolso da calça na poltrona para o assoalho próximo. Idiota nato, achei que o antigo Nokia tinha pifado, corri à loja e mandei transferir o chip para o novo aparelho. Assim, consegui perder todos os números que não estavam no chip, mas arquivados noutro lugar do “enguiçado”. Quando acaba, o suposto enguiço era do carregador que não carregou a bateria, como só descobri depois de deitar fora o velho aparelho. Havia números importantíssimos perdidos para sempre.

Só vejo uma utilidade no dispositivo anunciado: a de que seja inventado o identificador de quedas humanas para fazer que os idosos caiam feito gatos. Uma de minhas filhas tem imensa preocupação com o deslocamento do pai e vive segurando minha mão, receosa de que me esborrache. Sim, porque o verbo esborrachar pronominal, do esborrachar que entrou em nosso idioma no ano de 1566, apesar de vir de es- + borracha + -ar, como sinônimo de tombo não deve ser aparentado com a substância elástica e impermeável, resultante da coagulação do látex de vários vegetais, especialmente de árvores dos gênero Hevea e Ficus, com propriedades diversas e inúmeros usos industriais, segundo os vários tipos de tratamento a que é submetida. Se fosse, o sujeito se esborrachava sem se machucar.


Ovelhas
Pelo que tenho visto, vai faltar ovelha neste país grande e bobo. Números do ano de 2010 informam que o total mundial era de 1.084 bilhão de cabeças, a China em primeiro lugar com 134 milhões, a União Europeia (UE) com 86,3 milhões e a Rússia em último dos 15 maiores, com 19,8 milhões. O Brasil não entrava na lista que se refere aos ovinos, mas a falta que me preocupa é de ovelhas bípedes, tamanha a quantidade de pastores que surgiram nos últimos anos. Uns poucos em cursos mais sérios de igrejas idem, que duram sete anos; a maioria em cursinhos rápidos, que ensinam o beabá do pastoreio praticado num sem conto de templos isentos de impostos, que só fazem enriquecer os seus donos.

Depois da mudança, indicaram-me ótimo barbeiro, barateiro como ele só (20% do preço praticado em BH) para cortar-me a juba em domicílio, rapaz educado, casado, pai de filho, que tem o gravíssimo defeito de falar em Deus o tempo inteiro. Em 2014 vai começar um curso belo-horizontino de formação de pastores, que dura sete anos. Fiz-lhe ver que sou o presidente mundial de uma instituição que inventei na hora, a Aicas, Associação Internacional dos Cultores e Admiradores de Satanás. Ainda assim, o futuro pastor não se convenceu e se despediu – cortado o cabelo, aparado o bigode, recebida a generosa gorjeta – com o clássico “fica com Deus”. Pelo número de pastores em formação, receio que faltem ovelhas no Piscinão de Ramos. Atualmente, nossas ovelhas bípedes devem regular em número com os 86,3 milhões de ovinos da UE, mas com 10 milhões de pastores os rebanhos brasileiros passarão a ter, em média, pouco mais de oito ovelhas/pastor e o negócio vai ficar meio difícil.

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