segunda-feira, 1 de abril de 2013

Lolla lá - Thales de Menezes

folha de são paulo

Com 167 mil ingressos vendidos em três dias, festival se consolida como o maior de São Paulo e anuncia datas para 2014
THALES DE MENEZESEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”Num momento de crise nos grandes eventos musicais deSão Paulo, com cancelamento de eventos e pouca plateia nos grandes shows dos últimos meses, o segundo Festival Lollapalooza Brasil mostrou força ao vender 167 mil dos 180 mil ingressos disponíveis ao público.
No encerramento da maratona, ontem, sua produtora anunciou as datas da terceira edição, no ano que vem.
Em 2012, o primeiro Lollapalooza no Brasil -festival criado nos Estados Unidos em 1993 e "importado" pela GEO Eventos para o país- teve dois dias e emplacou um grande nome do rock ao final de cada noite (Foo Fighters e Arctic Monkeys).
O resto da programação era composto por bandas novatas ou de pouca projeção.
Desta vez, ampliado em mais um dia, o Lollapalooza reuniu um line-up mais poderoso. Os headliners (principais atrações de cada dia) foram o pop Killers, a dupla de rock e blues Black Keys e o veterano Pearl Jam, uma das maiores bandas de rock do planeta.
Com 60 mil ingressos diários disponíveis, vendeu 52 mil no primeiro, 55 mil no segundo e teve, ontem, lotação máxima. Não repetiu as vendas parciais e decepcionantes de shows recentes na cidade como Madonna e Lady Gaga, no final de 2012.
Enquanto festivais como SWU e Planeta Terra não anunciam novas edições, dando sinais de esgotamento, o Lollapalooza 2014 foi confirmado. Será novamente na Páscoa, entre os dias 18 e 20 de abril.
Mas o momento do Lollapalooza Brasil não é só comemoração. Problemas enfrentados pelo público deste ano pedem soluções para a próxima edição. O evento foi sediado no Jockey Club de São Paulo, uma arena que as chuvas da última sexta-feira transformaram em lamaçal.
Mesmo com a trégua da chuva nos dias seguintes, a lama persistiu. Pior: o cheiro de estrume foi forte por todo o local, agravado por muita sujeira. Com longas filas nos banheiros químicos, qualquer canto foi usado para essa função.
Na sexta-feira, a fila para troca de ingressos comprados pela internet demorava quase duas horas. O problema foi sanado nos dias seguintes.
Mesmo com adversidades, o público do festival foi animado. Garotos enfrentavam a lama com galochas e, animados, atendiam a todos os pedidos dos cantores ("Pulem!", "Mãos pra cima!", "Batam palmas!").
Há pelo menos duas soluções claras para melhorar o Lollapalooza sem sair do Jockey Club. Cobrir o terreno com placas emborrachadas -as mesmas usadas em campos de futebol para que os shows não estraguem o gramado-, sinalizar as lixeiras e iluminar os trajetos entre um palco e outro.
Como está, a química do festival ainda dependerá de grandes atrações para que o fã continue pagando R$ 350 por dia para vê-las.

    Classificada como 'hype' do ano, Foals faz apresentação morna
    RODRIGO LEVINOEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”Sob o signo de "hype" do ano, os britânicos do Foals fizeram ontem um show não mais do que correto, beirando o morno.
    Liderado por Yannis Philippakis, guitarrista e vocalista, o grupo tocou 11 canções, com destaque para as do disco "Holy Fire" (2013).
    A banda deixou a impressão de estar num meio de caminho estranho.
    Eles têm todos os cacoetes do indie (performance pouco marcante, sem pleno domínio de palco, por exemplo), ao passo que é saudada por plateias cada vez maiores.
    Enquanto os primeiros trabalhos da banda eram mais dançantes e descomprometidos, o álbum mais recente tem uma falsa densidade -que não consegue esconder uma vontade de ser Coldplay.
    Na cortina de fumaça do "hype", que muitas vezes exalta no atacado e se esquece de detalhes no varejo (como talento genuíno), não se percebe a falta de qualquer traço de originalidade.
    Nem misturando math rock, indie, post rock e o que mais houver de subgênero especialmente formatado para rótulos, deixaram que se constatasse o óbvio: mais um pouquinho e a banda se transforma numa espécie de Coldplay atormentado.
    Se olharmos só para o quesito público, lotando estádios ela já está.

      Vocalista do Hives confirma força da banda nos palcos
      COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
      Se alguém tinha dúvidas da razão pela qual o cantor Pelle Almqvist ganhou o apelido de Howlin' (berrador, em tradução livre), sua performance à frente da banda The Hives as enterrou de vez.
      Durante quase uma hora, ele cantou, pulou, correu, falou frases em português e regeu a plateia com a desenvoltura de quem nasceu para liderar um grupo de rock.
      Centrando o set list em músicas conhecidas como "Hate To Say I Told You So", o The Hives entrou em cena de casaca e cartola, mas a transpiração dos músicos levou os paletós a saírem de cena.
      Extrovertido, Almqvist até tirou uma onda com o Queens of the Stone Age ("Viram o show deles? Foi ótimo. Mas o nosso será melhor!").
      Ele desceu ao fosso diante do palco, correndo e empurrando fotógrafos, e até autografou o disco de um fã. Confirmou a fama de que o Hives é muito melhor ao vivo do que no estúdio.

      LOLLICES
      À ESPERA DO PEARL JAM
      Quando os portões do Jockey Clube foram abertos, às 10h40, boa parte do público que formava a fila de 1.500 metros do lado de fora foi direto para o palco Cidade Jardim e ali permaneceu até as 20h45, horário de início do show do Pearl Jam.
      A multidão só fez aumentar nas primeiras horas de evento. Sorte de Baia e Lirinha + Eddie, atrações dos primeiros horários que tocaram para mais de 5.000 pessoas, enquanto esse público não passou de 500 pessoas nos outros dias neste mesmo horário.
      AJUDA DE AMIGO
      O Puscifer, projeto paralelo de Maynard James Keenan, do A Perfect Circle -banda que tocou no festival no sábado-, fazia um show fraco à tarde, no palco Cidade Jardim. Aí Eddie Vedder apareceu, tomou rapidamente uma taça de vinho, saudou o público e saiu. A passagem relâmpago do cantor do Pearl Jam foi como mágica e o público passou a adorar o Puscifer. O show decolou.
      BRASILEIROS MORNOS
      A exemplo de Criolo no sábado, o Vanguart não aproveitou plenamente a oportunidade de tocar no Lollapalooza num horário que já contava com grande público -17h15, no palco Alternativo.
      Sem problemas técnicos como os enfrentado por Gary Clark Jr. e Alabama Shakes no mesmo palco, a banda mostrou seu novo folk em um show morno, sem surpresas.
      TRÂNSITO LENTO
      O terceiro e último dia do Lollapalooza Brasil foi o pior em termos de acesso ao Jockey Club. Além do público roqueiro, as ruas próximas ao local do evento tinham faixas fechadas para bicicletas até as 16h, movimentação de torcedores de Corinthians e São Paulo se dirigindo para o clássico de futebol no estádio do Morumbi e um aumento no número de veículos na região por causa da volta do feriadão de Páscoa.

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