terça-feira, 2 de abril de 2013

SP-Arte começa amanhã com as cinco maiores galerias de arte do mundo

folha de são paulo

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Estão chegando os gigantes. Quando a nona edição da feira SP-Arte abrir as portas no pavilhão da Bienal amanhã, estarão debaixo do mesmo teto as cinco maiores e mais poderosas galerias de arte do mundo, com obras de grifes como Picasso, Alberto Giacometti e Gerhard Richter.
Numa reunião inédita abaixo da linha do Equador, Gagosian, White Cube, Pace, David Zwirner e Hauser & Wirth --juntas no topo da pirâmide de faturamento global da arte-- estão trazendo a São Paulo peças que valem até R$ 14 milhões, sem medo de que encalhem nos estandes.
"Não sei se eles esperam vender tudo. Uma boa parte disso é para marcar território, mostrar a posição que eles têm no mercado", diz Fernanda Feitosa, diretora da feira. "Não é pechincha. Elas não estão vindo para brincar."

SP-Arte 2013

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Divulgação
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Móbile do americano Alexander Calder à venda por R$ 8,5 milhões
Não mesmo. Desde que a feira paulistana, a exemplo de sua rival carioca ArtRio, assegurou a isenção de parte dos impostos sobre obras importadas à venda na feira, as portas para o mercado internacional --que antes sofria uma tarifação de quase 50% sobre o valor de cada trabalho-- foram escancaradas.
Quem deu o primeiro passo foi a gigante britânica White Cube, que estreou na SP-Arte no ano passado e, de quebra, abriu uma galeria paulistana, que já vendeu metade das obras de Tracey Emin, a primeira artista de seu elenco a expor no país.
No rastro da White Cube, que volta à feira com obras de Damien Hirst e Antony Gormley de até R$ 3 milhões, vieram outras 40 casas de fora --a maior presença estrangeira na história da SP-Arte, que neste ano tem 122 galerias.
Esse "marco histórico", nas palavras de Feitosa, reflete o interesse maior dos colecionadores brasileiros pelos artistas estrangeiros.
Mesmo que o país responda por só 1% do valor total de vendas no mundo, R$ 1,2 bilhão em arte foi vendido aqui no ano passado, segundo um estudo divulgado pela feira holandesa Tefaf em março.
Enquanto exportações do setor caíram 15% no mundo, galerias brasileiras aumentaram a participação estrangeira em 47% nos últimos dois anos -ou seja, com a retração no mundo desenvolvido, estrangeiros veem no Brasil um mercado novo e potente.
"Brasileiros querem fazer parte do diálogo internacional", diz Victoria Gelfand Magalhães, da Gagosian. "O mercado está abrindo cada vez mais. É palpável o desejo dos colecionadores de ter esses grandes nomes globais."
Na mesma linha de raciocínio, a Pace, uma das mais tradicionais galerias de Nova York, estreia na SP-Arte com um estande "exagerado".
Editoria de Arte/Folhapress
"Quisemos trazer as coisas mais importantes, o que não se vê todo dia", diz Marc Glimcher, diretor da Pace. "Era para exagerar mesmo, mostrar o que temos de melhor."
Nesse recorte estelar, vieram obras de Mark Rothko e Alexander Calder, que custam de R$ 10 milhões a R$ 14 milhões --preços exatos não costumam ser divulgados.
Outro nome que deve chamar a atenção é o alemão Gerhard Richter, que já teve uma obra leiloada por R$ 69 milhões, e terá uma tela, de valor não revelado, na Van de Weghe, uma das líderes globais do mercado "blue chip" --o segmento das peças mais caras, raras e disputadas.
Christophe Van de Weghe, dono da galeria, diz que trouxe essa e outras obras de Picasso e Calder para "mostrar a cara" no país. "Quero que vejam que, em vez de comprar trabalhos de jovens artistas a preços altíssimos, é possível ter até um Picasso."
SP-ARTE 2013
QUANDO abre na quarta-feira (3), às 14h, para convidados, e na qui. para o público; 4/4 e 5/4, 14h às 22h; 6/4 e 7/4, 12h às 20h; até 7/4
ONDE pavilhão da Bienal (pq. Ibirapuera, portão 3; sp-arte.com)
QUANTO R$ 30

Galerias estrangeiras focam o Brasil em programação

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DE SÃO PAULO
Enquanto as galerias estrangeiras fincam pé no Brasil, artistas do país estão na mira dessas mesmas casas para mostras no exterior.
Em maio, a White Cube abre em Londres uma individual da artista Jac Leirner, brasileira que passa então a ser representada pela galeria britânica fora do país.
Na mesma galeria, Marcius Galan vai participar de uma mostra em julho, mês em que o curador brasileiro Adriano Pedrosa estará à frente de um projeto para selecionar artistas emergentes que farão sua estreia numa das galerias mais badaladas do planeta.
Divulgação
Obra de Jac Leirner, do time da White Cube
Obra de Jac Leirner, do time da White Cube
Depois que a Gagosian fez, há dois anos, uma mostra de neoconcretistas brasileiros em sua filial de Paris, chegou a vez de a Pace montar, no início do ano que vem, em seu espaço de Londres, uma mostra de escultura brasileira dos anos 1970 em diante, ou seja, da geração pós-neoconcreta.
"Estou explorando a evolução da arte brasileira para além do projeto construtivo", diz Ricardo Sardenberg, curador à frente da mostra na Pace. "Não é uma negação da arte construtiva, mas o momento de ruptura que abre para outros vocabulários."
Em entrevista à Folha, o diretor da Pace em Nova York, Marc Glimcher, adiantou que gostaria de ter nessa mostra nomes como Cildo Meireles e José Bento, de quem já comprou obras.
"Será a primeira mostra de brasileiros", diz Glimcher. "Mas já pensamos na próxima, só com pintores." (SM)

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