domingo, 12 de maio de 2013

Eduardo Almeida Reis-Limpamentos‏

Tem perigo de tudo: casamento, medicamento, trânsito, pandemia %u2013 é perigo para ninguém botar defeito 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas:
12/05/2013 

Hoje em dia todo mundo é filosofo. Não se vai à esquina sem trombar em duas dúzias de filósofos e filósofas. Ainda bem que philosopho de fato só existe um. Dia desses, imensa foto colorida de um deles, publicada em jornal carioca, suscitou o assunto limpeza: barbudo e cabeludo, o “filósofo” lembra imundície, falta de asseio, mau cheiro. Pode tomar banhos diários, mas tem o aspecto de sujo.

Nem todos os barbudos parecem imundos. Há barbas limpas, bem cuidadas, assim como há cabeludos aparentemente limpos. O beque brasileiro do Bayern pode tomar dez banhos por dia, que não parece limpo, enquanto o também cabeludo atacante do PSG, aquele sueco de nome difícil, dá a impressão de limpeza. Com eles, beque e center foward, evito falar de gente que circula por aqui.

Perigo

Fui procurar no Google “sinal geral de perigo” e me esqueci das aspas, sinal gráfico que se usa no abençoado buscador para limitar a pesquisa. Resultado: 1.240.000 resultados para sinal geral de perigo sem aspas. Tem perigo de tudo: casamento, medicamento, trânsito, pandemia – é perigo para ninguém botar defeito. Donde se conclui que, no Google, aspear é indispensável.

Lembro-me de ter estudado o assunto quando tirei carteira de motorista, pouco tempo depois da invenção do automóvel. Hoje o sinal é desnecessário: basta sair da garagem que o perigo é amplo, geral, irrestrito. Mas o perigo que me assusta, na manhã chuvosa em que componho estas notas, é muito mais grave: depois de noite bem-dormida, já no café com frutas, sucos e remedinhos inevitáveis meti-me na cabeça a ideia de contar uma porção de histórias reais, que vi ou fiquei sabendo de fontes mais que fidedignas.

Histórias tão divertidas e inacreditáveis, mesmo na maluquice que se vê por aí, que posso arranjar sarna para me coçar. Dou-lhes um só exemplo, o da Baronesa, senhora casada, mãe de filhos, criatura da mais alta respeitabilidade na sociedade carioca. Baronesa é nome que escolhi agora, porque não posso escrever o seu belo nome de batismo.

Dirigia automóvel e tinha fazenda no litoral norte do RJ. Não raras vezes, quando passava pela última cidade antes de chegar à fazenda, deixava recado no armazém do português bigodudo, que não dispensava os tamancos, a camiseta branca e as calças listradas para fazer de bicicleta suas entregas domiciliares: “A Baronesa quer manteiga”.

Motivo suficiente para o galego tomar banho, trocar de camiseta e tamancos, pegar o carro, que raramente usava, e passar a noite em nobre companhia. Na cidadezinha, a história da manteiga era muito comentada. E o português, pessoa física, me contou do romance em detalhes mais que picantes.

Pelo visto, acabo de inventar o suelto flou, que, como sabe o leitor, é o que se mostra impreciso, vago, incerto. Fui fotógrafo, quando aprendi que flou é artifício conseguido por meio de tomadas fora de foco ou de efeitos de iluminação com o fim de reduzir a nitidez das imagens e dar-lhes atmosfera brumosa.

Não posso escrever os nomes da Baronesa e do português, nascido no RJ, porque a excelente senhora deixou filhos e netos a montões. Seria processo na certa.

Minas pioneira

Ainda uma vez, Minas saiu na frente para indicar o caminho ao resto do país. Há indícios fortíssimos da volta da inflação. São números que não mentem, além da voz do povo, que é a voz de Deus. Os incréus, que não acreditamos em vozes, sentimos o problema no bolso.

Hortifrútis são a bola da vez e Minas brilhou ao ensinar a combater a inflação. Como? Botando escorpião para picar a diarista Shirlei Soares da Costa, de 32 anos, no supermercado em que pretendia comprar hortaliças, verduras e frutas. Entre o ferrão de veneno neurotóxico dos artrópodes aracnídeos da ordem dos escorpiones, que têm pedipalpos em forma de pinças, abdome ligado ao cefalotórax, e a compra na seção de hortifrutigranjeiros, não há criatura de bom senso que resolva comprar os tais produtos. Sem procura caem os preços e acaba a inflação. Bidu.

O mundo é uma bola

12 de maio de 1191: casamento de Ricardo I, da Inglaterra, com Berengária de Navarra (1165–1230). Berê era filha de Sancho VI, de Navarra, e da infanta Sancha, de Castela. Casamento realizado em Chipre, quando Ricardo Coração de Leão, já rei, participava de cruzada a caminho da Terra Santa. Berengária acompanhou o maridão na primeira parte da campanha. O casal nunca teve filhos. Berê foi a única rainha consorte da Inglaterra que jamais visitou o país. Passou o resto de sua vida em Le Mans e foi a principal da Abadia de L’Épau, onde está sepultada.

Em 1551, fundação da primeira universidade das Américas, a Universidade Nacional Maior de São Marcos. E isso, pasme o leitor, em Lima, Peru. Em 1982, João Paulo II escapa de atentado em Portugal. Francisco que se cuide com aquela mania de descer do Papamóvel blindado no meio do povão.

Hoje é o Dia do Enfermeiro e do Engenheiro Militar.

Ruminanças

“Tristezas não pagam dívidas, mas toalhinhas pagam. Está na internet o vídeo em que um crente diz ter passado a toalhinha na porta do banco para livrar-se de dívida de 18 mil reais, verdade confirmada pelo pastor” (R. Manso Neto). 

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