segunda-feira, 13 de maio de 2013

Saiba se o imóvel desejado cabe no bolso

folha de são paulo

Calculadora mostra se renda mensal e valor da entrada são suficientes para aprovação de financiamento do bem
Antes de pagar o sinal ao proprietário, faça simulações em bancos para evitar perda de dinheiro e de tempo
CAROLINA MATOSDE SÃO PAULOA compra da moradia, especialmente a primeira, costuma ser um processo longo.
Para evitar perda de tempo e de dinheiro, o interessado em um imóvel financiado deve, antes de qualquer proposta ao vendedor, conhecer a faixa de preço do bem que tem condições de adquirir.
A renda mensal e o valor que se tem disponível para a entrada são decisivos: vão ser usados pelos bancos para determinar qual o preço do imóvel que poderá ser comprado por meio de um empréstimo.
Para ajudar a planejar a aquisição, a Folha elaborou simulações que mostram o impacto dessas variáveis no valor do imóvel aprovado para financiamento em 30 anos a um comprador com idade entre 18 e 35 anos.
Se a pessoa tem renda familiar mensal de R$ 5.000 e R$ 100 mil para entrada, o banco aprovará a compra de um imóvel de até R$ 240 mil. Com renda de R$ 10 mil ao mês e entrada de R$ 250 mil, o preço permitido do imóvel sobe para R$ 525 mil.
"Muitos só descobrem que não terão o financiamento aprovado pelo banco para o imóvel desejado depois de pagar o sinal para o vendedor, que pode ser de 10% do valor do bem", diz Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito, site de comparação de taxas de empréstimos.
"Nesse caso, essa quantia é perdida, a menos que o contrato de compra e venda tenha cláusula de devolução."
CALCULE O SEU PERFIL
No site Folhainvest (folha.com/folhainvest), é possível fazer os cálculos considerando outros perfis de idade do comprador, renda mensal, valor de entrada e do imóvel desejado.
A ferramenta interativa, desenvolvida pela Folha em parceria com o Canal do Crédito, possibilita ainda simulações com o valor da parcela que se pretende pagar.
Os bancos permitem que a primeira parcela do financiamento represente até 30% da renda familiar mensal.
Os cálculos do simulador consideram taxas médias de juros com base nas praticadas em sete bancos e demais cobranças que compõem o custo efetivo total (CET) do financiamento --como seguro, que tem relação com a idade do comprador, e tarifas.
"Com o valor resultante, fica mais fácil definir, por exemplo, qual a localização e o tamanho do imóvel que ele pode adquirir, e se a compra será feita agora ou se ele vai poupar por mais tempo para ter uma entrada maior", diz Valter Police, planejador financeiro pessoal.
NEGOCIE
Uma vez encontrado o imóvel, o interessado deve submeter uma proposta de análise de crédito a mais de um banco para comparação do custo efetivo total cobrado pelas instituições. De posse dos resultados, o comprador pode barganhar em busca da opção mais vantajosa.
A análise de crédito leva, em média, três dias para sair. Se aprovada, terá validade de 90 dias, também em média --tempo que o comprador terá para fechar o negócio.

    MAIS CUSTOS
    Gastos com acabamento chegam a 30%
    Na compra de um imóvel, é preciso levar em conta outros custos como ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), despesas com cartório e custos bancários. Eles vão de 3% a 4% em média, de acordo com Marcelo Prata. Em um imóvel novo, os gastos com acabamentos e mobília variam de 20% a 30% do valor dele, diz Valter Police.

      Alugar pode ser mais barato que comprar
      Consultores afirmam, no entanto, que valores intangíveis devem ser levados em conta na hora da decisão
      Momento de vida, incertezas geográficas e familiares e perfil da pessoa são fatores que devem ser considerados
      MARIA PAULA AUTRANDE SÃO PAULOCom o crédito mais fácil, uma dúvida é recorrente na vida de quem procura um lugar para morar: financiar ou alugar um imóvel?
      Pela ótica financeira, em geral, o aluguel costuma ser mais barato do que a parcela do financiamento, segundo especialistas, tornando-se a opção mais interessante para o bolso.
      Especialistas afirmam, no entanto, que, quando se trata de um imóvel, há valores intangíveis que precisam ser considerados na decisão.
      Um é a a fase da vida. Se há muitas incertezas --possibilidade de ter filhos, de mudar de trabalho e até de cidade ou país--, o aluguel é indicado, pois a mobilidade é maior.
      Nesse caso, a modalidade não precisa ser vista como um desperdício de dinheiro, mas como um custo, diz o presidente do Canal de Crédito, Marcelo Prata.
      "Quem está começando a vida, acabou de mudar de emprego ou de entrar no mercado de trabalho tem muitas variáveis que não conhece. Nesse caso, sugiro alugar porque a pessoa terá tempo de entender como vai funcionar sua vida", afirma.
      Outro fator é o perfil da pessoa, diz o planejador financeiro Valter Police. Segundo ele, quem é conservador tende a comprar, pois quer ter algo concreto e ter independência para fazer modificações como reformas.
      "Posso ter R$ 1 milhão em um fundo de investimento, mas, se eu perder o emprego, não poderei morar nele. O imóvel é concreto e isso está no inconsciente da pessoa", diz o economista Luiz Calado, autor do livro "Imóveis".
      Além disso, é importante avaliar se a pessoa é poupadora ou gastadora, pois, se sabe que vai gastar [o que sobra], o aluguel não será vantajoso.
      Para o educador financeiro Mauro Calil, ninguém deve passar a vida no aluguel.
      "Poderá valer a pena se for parte de uma estratégia para a conquista do imóvel. Financeiramente é vantajoso, mas há o estresse de a pessoa saber que pode ser obrigada a se mudar amanhã", diz.
      "E, aos 89 anos, quem vai pagar o aluguel para ela?", questiona.
      ENTRADA
      Segundo Prata, muitas vezes, o valor disponível para a entrada ou para a compra à vista não é suficiente para o imóvel desejado. Diante disso, uma estratégia é investir o dinheiro para aumentá-lo.
      Mas, nesse caso, o rendimento líquido da aplicação precisa ser maior do que aluguel. Assim, além dessa despesa ser coberta, sobra dinheiro para poupar.
      O problema é que, hoje, dificilmente alguma aplicação de renda fixa oferece esse rendimento, dizem os especialistas.
      No mercado, o valor médio do aluguel é de 0,5% do preço do imóvel, mas pode haver variações. Cálculos feitos pelo professor da FGV Samy Dana mostram duas simulações em que a aplicação não vale a pena (veja quadro).
      Em uma, ao investir em renda fixa R$ 500 mil e reinvestir o rendimento mensal após descontar o aluguel, a pessoa perderia dinheiro em 30 anos. Em outro caso, ao aplicar a entrada, R$ 100 mil e reinvestir o ganho mensal, no mesmo período, o rendimento é pouco, mesmo sem pagar o aluguel.
      "Saber quanto você consegue financiar é o primeiro passo para ajustar seu desejo à realidade. Mas, se ainda assim, o valor que você pode comprar não é o tipo de imóvel que gostaria, não tem jeito: tem que guardar mais dinheiro", diz Prata.
      E, para isso, é preciso rever o orçamento para poupar mais e com disciplina.

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