sábado, 15 de junho de 2013

É necessário ter preparo para não reagir, diz Haddad após protestos

folha de são paulo
LEANDRO COLON
DE SÃO PAULO

O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou, em entrevista à Folha, que manter um discurso semelhante ao do governador Geraldo Alckmin não significa alinhamento com o partido dele, o PSDB.
"Mesmo não sendo do meu partido, não posso desconhecer o esforço que os dois governos fizeram desde o começo", afirmou.
Num discurso moderado, o petista disse que a polícia paulista descumpriu "protocolos" no controle da manifestação de quinta-feira. Mas acrescentou: "Você tem que ter preparo para não reagir, do prefeito ao governador, ao presidente da República".
Haddad revelou na entrevista o convite ao Movimento Passe Livre, que lidera os protestos contra a tarifa, para uma reunião extraordinária do Conselho da Cidade (órgão consultivo da prefeitura) na próxima terça. Ele, porém, diz que não há margem para negociar a redução da tarifa.
No último sábado, Haddad disse que o pressuposto para negociar com o grupo era eles renunciarem à violência:
*
Folha - Há uma solução a curto prazo?
Fernando Haddad - Eu acredito no melhor argumento, nós temos o melhor argumento. Fizemos o esforço possível para que o reajuste ficasse muito aquém da inflação acumulada.
O movimento tem dificuldade de dialogar, pela natureza dele, tem pouca permeabilidade, temos que procurar oferecer alternativas de abordagem. O movimento afirma que a tarifa deveria ser de R$ 2,16 e esquece do Bilhete Único.
Por que chegou-se a uma situação quase irreversível?
Neste caso, tenho que ser pouco condescendente com o setor público. Acho que a classe política, o funcionalismo público, não podemos errar. Não podemos adotar qualquer prática que coloque em risco a convivência pacífica. Isso vale para mim e para todo mundo. Você tem que ter preparo para não reagir, do prefeito ao governador, ao presidente da República, ao servidor mais humilde.
O senhor não acha que a polícia foi violenta demais?
A polícia, nos primeiros atos, procurou se conduzir pelos protocolos estabelecidos. E, a julgar pelas imagens, relatos, esse protocolos não foram observados, razão pela qual a Secretaria de Segurança abriu apuração.
*O senhor convidou os manifestantes para reunião do Conselho da Cidade, mas avisa que não negocia redução. O que adianta o encontro? *
Estou convidando para a reunião, debater não é ruim. Não entendo que os objetivos desse movimento sejam de curto prazo.
Nós temos um conselho da cidade com mais de cem integrantes, queremos abrir uma interlocução numa arena mais ampla.
Quando o senhor os chama para o debate é uma forma de reconhecimento de que houve algum erro de estratégia por parte de vocês?
Em hipótese nenhuma.
O Datafolha mostrou que 67% dos paulistanos consideraram o reajuste alto.
Se fosse 1 centavo, também achariam alto. Há perguntas cuja resposta se conhece.
Setores do PT e da esquerda dizem que o senhor se alinhou demais ao governador Alckmin.
Mesmo não sendo do meu partido, não posso desconhecer o esforço que os dois governos fizeram desde o começo do ano para atender dois pleitos do governo federal, adiar ao máximo o aumento tarifário e que fosse o menor possível. Posso desconhecer o que presenciei? Conseguimos pactuar que fosse para junho e abaixo da inflação.

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