quinta-feira, 13 de junho de 2013

Mais um índio é morto em Mato Grosso do Sul - Wilhan Santin

folha de são paulo
Mais um índio é morto em Mato Grosso do Sul
COLABORAÇÃO PARA A FOLHAUm índio da etnia guarani-caiová foi assassinado na manhã de hoje em Paranhos, a 464 km de Campo Grande.
De acordo com o delegado Rinaldo Moreira, que investiga o caso, Celso Figueredo, 34 anos, morreu após ser atingidos por dois tiros.
"Ele se dirigia a pé, acompanhado do pai, a uma fazenda nas proximidades da aldeia onde moram para receber o pagamento por um serviço prestado na lavoura", afirmou o delegado.
"No caminho, um homem encapuzado saiu do matagal e disparou, utilizando uma espingarda e uma pistola. Foi o que nos relatou o pai da vítima, a única testemunha do crime", completou.
Segundo o delegado, a região não vive situações de conflitos agrários.
"Ainda estamos investigando. Por enquanto, não localizamos o autor do crime e não descartamos nenhuma hipótese", afirmou.
DISPUTA
Paranhos faz fronteira com o Paraguai e está a 416 km de Sidrolândia, região onde índios e fazendeiros disputam terras. No final do mês passado, um índio terena morreu durante ação de reintegração de posse de uma fazenda.
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), ONG que auxilia os índios, não descarta a hipótese de o assassinato de ontem ter ocorrido devido a conflitos agrários.
Segundo a assessoria de comunicação do órgão, há vários relatos de focos de tensão entre os guaranis-caiovás e fazendeiros na região de Paranhos nos últimos meses.
Celso Figueredo morava na aldeia Paraguassú. O corpo dele foi encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal) de Ponta Porã e não havia sido liberado até a conclusão desta edição.
    A índios, presidente da Funai admite problemas no órgão
    Maria Augusta Assirati, no cargo interinamente, se reuniu com grupo ontem
    Ela assumiu posto devido à saída de Marta Azevedo, ocorrida após a morte de indígena em reintegração em MS
    DE BRASÍLIAPresidente interina da Funai (Fundação Nacional do Índio), Maria Augusta Assirati reconheceu ontem problemas no funcionamento do órgão.
    Segundo ela, a Funai enfrenta "inúmeras" dificuldades, tanto em sua estrutura quanto em relação a pessoal.
    "O número de servidores não é suficiente para o atendimento de excelência que gostaríamos. Nem sempre o resultado é 100% satisfatório", disse em reunião com um grupo de aproximadamente 150 índios que invadiram, na última segunda, a sede da Funai em Brasília.
    Foi a primeira fala pública de Assirati. Ela era diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável do órgão e foi alçada à presidência com a saída de Marta Azevedo, que caiu em meio à crise gerada com a morte de um indígena no Mato Grosso do Sul em reintegração de posse comandada pela Polícia Federal.
    Ex-assessora do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), a quem a Funai é subordinada, ela é a favorita para assumir o cargo em definitivo.
    Antes de ela falar, os índios voltaram a expor sua reivindicação de ter poder de veto a obras que afetem seus territórios. Também fizeram duras críticas ao governo Dilma Rousseff e à Funai, acusada de seguir os interesses do Planalto, e não dos indígenas.
    Também ontem ficou definido que o grupo, composto majoritariamente por mundurucus, voltará hoje para o Pará. Eles foram deslocados na semana passada pelo governo para Brasília. Antes, mantinham uma invasão nas obras da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA).
    Em Brasília, tentaram falar com ministros, mas foram recebidos apenas por Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
    Ontem, Carvalho foi convocado, numa ação da bancada ruralista, para ir à Comissão de Agricultura da Câmara dar explicações sobre a demarcação de terras indígenas. Em abril, a bancada convocou a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) para falar sobre o mesmo assunto.
    Ainda ontem, uma junta de ministros recebeu representantes de indígenas de Mato Grosso do Sul para discutir demarcações no Estado. Uma delegação de representantes do Judiciário e do governo irá na semana que vem ao Estado analisar a situação dos povos envolvidos nas negociações.

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