terça-feira, 23 de julho de 2013

Primeiro dia do papa no Brasil termina em manifestações, quatro feridos e nove detidos

folha de são paulo
DE SÃO PAULO

Papa no BrasilAo menos quatro pessoas --três civis e um militar-- ficaram feridas e nove foram detidas durante os protestos desta segunda-feira (22), dia dachegada do papa Francisco no Brasil. Após a recepção do pontífice,manifestantes entram em confronto com a polícia nas imediações do Palácio Guanabara, sede do governo fluminense.
Um dos feridos é um policial militar que sofreu graves queimaduras no tórax ao ser atingido por coquetel molotov.
Além do agente, o manifestante Leonardo Caruso foi ferido na perna por um disparo. O estudante de medicina que o atendeu, Felipe Camisão, 24, diz que foi empregada uma bala de verdade no lugar de uma de borracha. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro negou que a munição tenha sido de arma de fogo. O jovem está sendo atendido no hospital Souza Aguiar, no centro do Rio.
Uma mulher que sofreu luxação na mão --após ser atingida por um cassetete-- também foi encaminhada ao mesmo local.
Dois fotógrafos --Marcelo Carnaval, de "O Globo", e Yasuyoshi Chiba, da AFP-- saíram feridos. Chiba disse ter sido atingido por um PM, que teria desferido golpes de cassetete em sua cabeça. Ele foi levado para a Casa de Saúde Pinheiro Machado, fez uma tomografia e levou três pontos. Já Carnaval foi atingido por uma pedrada e levou cinco pontos na cabeça.

Protestos durante visita do papa

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Uanderson Fernandes/AFP
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Fotógrafo de agência internacional é ferido na cabeça durante confronte entre manifestantes e a polícia na visita do papa
Dentre os detidos, há um menor de idade. Dois detidos, ligados ao grupo de mídia alternativa Ninja, que cobre os protestos pelas redes sociais, já foram liberados e outros sete devem ser soltos em breve: apenas uma pessoa permanecerá na delegacia, presa por porte de explosivo. Ao menos cinco detidos foram encaminhados à 9ª Delegacia de Polícia, no Catete: um por desacato, três por posse de coquetéis molotov e um por atirar pedras em policiais.
O conflito começou por volta das 19h45, logo após o papa Francisco deixar o local, onde realizou seu primeiro discurso. A presidente Dilma Rousseff, o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), e do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB) --três das autoridades que deram boas-vindas ao papa Francisco-- ainda estavam dentro do Guanabara.
Às 20h30, a polícia já havia dispersado os manifestantes e aproximadamente cem policiais permaneceram no local para realizar a segurança de quem estava na sede do governo. Em seguida, um grupo teria começado a lançar latinhas nos policiais, que, para dispersar cerca de 500 manifestantes, reagiu com bombas de efeito moral.
SEM CONFRONTO
Antes do tumulto, por volta das 19h, cerca de 20 integrantes do grupo "black blocs" colocaram fogo em um boneco que representava o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB). Os "black blocs" adotam a tática de usar roupas pretas e cobrir o rosto para dificultar sua identificação. A polícia investiga os manifestantes e, também, pede que as pessoas não andem mascaradas.
Um grupo de mulheres também protestou no Largo Machado durante a tarde em favor do direito das mulheres. Cerca de oito garotas usavam cartazes e três casais de mulheres se beijaram para pedir um "Estado mais laico". "Somos a favor do Estado laico. Nós somos livres e, portanto, fizemos essa intervenção", disse a atriz Thaísa Machado.

Papa defende mais espaço para os jovens na sociedade
Francisco é recebido com festa nas ruas do Rio; polícia reprime protestos
DO RIOEm sua primeira viagem internacional desde que assumiu a liderança da Igreja Católica, há quatro meses, o papa Francisco foi recebido ontem com festa nas ruas do Rio e defendeu a abertura de espaços maiores para a participação dos jovens na sociedade.
"Nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço", afirmou em discurso feito em português no Palácio da Guanabara, dirigindo-se à presidente Dilma Rousseff e a outras autoridades que o receberam.
Um erro no planejamento da segurança permitiu que uma multidão cercasse o carro que conduziu o papa do Aeroporto Internacional do Galeão ao centro do Rio. Francisco abriu a janela para acenar aos fiéis, beijou bebês e recebeu bilhetes e presentes.
No início da noite, depois que o papa despediu-se das autoridades e deixou o Palácio Guanabara para recolher-se à residência oficial da Arquidiocese do Rio, a Polícia Militar entrou em confronto com manifestantes que se reuniram para protestar na frente do palácio contra o governador Sérgio Cabral (PMDB).
    FRANCISCANAS
    Basta uma vez
    Ao ser apresentado ao papa por Dilma, Joaquim Barbosa não a cumprimentou, o que fez surgirem comentários em redes sociais sobre uma possível descortesia. Wellington Silva, assessor de Barbosa, disse que o presidente do Supremo e várias outras autoridades ficaram com a presidente em uma sala, antes da chegada do sumo pontífice. Segundo o assessor, como os dois já tinham se cumprimentado e conversado, provavelmente Barbosa achou que não era o caso de novas saudações.
    Souvenir
    O papa Francisco vai levar de lembrança de sua viagem ao Brasil a escultura "Frade", do artista paranaense João Turin. A obra, que retrata um frade lendo um livro, é o presente que a presidente Dilma Rousseff preparou para o sumo pontífice. Produzida na década de 40, a escultura tem 44 centímetros de altura e pesa 22,5 quilos. Gleisi Hoffmann comemorou, no seu Twitter, a escolha de uma obra feita por artista do Paraná --Curitiba é o reduto político da ministra.
    Kit Padre Cícero
    O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), presenteou o papa com um "kit Padim Ciço": caixa com uma escultura de Padre Cícero, um terço utilizado por ele, um poema e uma carta pedindo a "reabilitação", pelo Vaticano, do padre. O pedido é para que a Igreja Católica reavalie o título que ele recebeu da Santa Sé de clérigo insubordinado, chegando a ser acusado de ser um herege.
    Não tinham ideia
    O carro que levou o papa do aeroporto do Galeão à Catedral Metropolitana, no centro do Rio, foi cedido pela Fiat. A montadora ofereceu quatro modelos à comitiva (duas minivans Idea e dois hatches Bravo), sem custos, mas não imaginava que um deles seria usado no deslocamento do sumo pontífice.

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