domingo, 25 de agosto de 2013

EDUARDO ALMEIDA REIS-Massa polar‏

Todas estas pessoas de pele clara que estão beirando os 100 jamais ouviram falar de filtros solares ou de alimentos 'orgânicos' 


Estado de minas: 25/08/2013 


Seis da manhã, luz acesa, camiseta, outra camiseta por cima, suéter de cachemira e mangas compridas, casaco de lã, cueca, calça, botina, penteio o cabelo e philosopho: o frio contraria a natureza. Portanto, quem gosta de frio vai de encontro à natureza.

Nascemos para viver nus ou com um pingo de roupa que nos proteja dos pernilongos, das formigas, das plantas espinhentas e do Sol, para poupar-nos dos abomináveis filtros solares. Suponho que sejam abomináveis mesmo sem os ter visto de perto; são novidade. Todas estas pessoas de pele clara que estão beirando os 100 jamais ouviram falar de filtros solares ou de alimentos “orgânicos”.

Não é possível acreditar que quatro ou cinco roupas superpostas sejam normais. Se o evolucionismo nos quisesse adaptados para o frio teríamos corpos peludos e grossas camadas de gordura. É verdade que as senhoras das nossas “comunidades”, nas quais, não raro, há ladeiras íngremes para subir a pé, estão cada vez mais gordas. Devem sofrer o diabo nos dias quentes.

No frio razoável de 2011, poderoso industrial belo-horizontino, criado no clima civilizado de Rio Pardo de Minas, foi visitar os netos em Curitiba e passou quatro dias sem tomar banho. Imagino que em 2013 muita gente ilustre tenha ficado sem banhos na capital paranaense. Ainda que a água do chuveiro seja realmente quente, o que nem sempre é verdade, a vítima tira meias, sapatos, calças, agasalhos e sofre o diabo antes de entrar no boxe.

Roupa demais contraria a natureza, a começar pela multiplicação da espécie, ato que implica nudez total. Que tal: gostaram da regência de aplicar? Quem escreve “implica em” não é implicante, é ignorante. E faz sucesso em certas esplanadas cercadas de uma porção de prédios iguais.

Manias

Dia desses escrevi sobre as manias cíclicas da sociedade brasileira e lhes contei dos horríveis copos feitos com garrafas de cerveja. Naqueles dias tivemos a morte do sanfoneiro Dominguinhos e me lembrei da onda sanfonista que tomou conta do Rio, só que o instrumento de palheta com fole, teclado e botões que produzem acordes, atendia pelo nome de acordeom ou acordeão. Nunca vi senhora de nossa melhor sociedade estudando sanfona: todas estudavam acordeom, do alemão Akkordion, nome dado por Cyrril Demian quando patenteou o instrumento de 1829.

Muitas senhoras traziam estudos de piano e começaram a tocar com facilidade, enquanto outras, por puro diletantismo, passaram a dar aulas gratuitas pensando transformar os jovens da periferia em sanfoneiros, perdão, acordeonistas.

Soube de um caso e conheci os personagens: portanto, conto o que vi e ouvi. Uma socialite começou a dar aulas gratuitas a um menino de 8 anos, de família modesta, sempre acompanhado pela mãe, que talvez tivesse uns 30 aninhos. Pois muito bem: nos intervalos das lições, a mãe sacava os peitos da blusa para o menino mamar. E ele, na maior felicidade: “Gosto de mamar na mica da mamãe”. Mica pode ser “pequena quantidade de algo, bocado, migalha” – mas as tetas da brasileira eram generosas como observei enquanto seu filho mamava gostosa e abundantemente.

Maluquices

No estado do Rio fui vizinho de fazenda de um médico muito conhecido, especialista em cirurgias delicadas. Digo vizinho, porque as fazendas eram próximas. Contudo, as estradas de acesso eram diferentes e não o conheci pessoalmente, mas tinha notícia de suas estripulias regionais, como por exemplo: gostava de andar a cavalo vestido de caubói com dois revólveres, de verdade, nos coldres da cintura. Revólveres de canos compridos, daqueles de caubói. E isso no interior do estado do Rio, década de 1970.

O Brasil tem figuras admiráveis. Veja-se o cavalheiro (ou a dama?) que mandou fechar todas as escolas e repartições públicas de uma área imensa, no Centro da cidade do Rio, além de interditar as ruas ao trânsito de veículos, na tarde de quinta-feira, 20 de junho de 2013. Motivo: jogo de futebol entre as seleções da Espanha e do Taiti. Os reservas espanhóis e os titulares taitianos.

O mundo é uma bola

25 de agosto de 1609: Galileu Galilei apresentava ao mundo o telescópio, sua mais nova invenção e um dos mais importantes avanços tecnológicos da história. O astrônomo italiano foi a primeira pessoa a observar a Lua através de um telescópio.

Em 1768, o HMS Endeavour, comandado por James Cook, larga de Plymouth na viagem em que descobriria a Austrália. Releva notar que o Brasil já tinha 268 anos de descobrimento. Em 1825, o Uruguai se proclama independente do Brasil.

Em 1830, começa a revolta belga de separação dos Países Baixos. Em 1861, o rei dom Pedro V inaugura a Exposição Industrial Portuguesa e assina o Tratado de Amizade entre Portugal e a China, depois de tudo que Portugal andou aprontando por lá.

Em 1940, aviões britânicos bombardeiam Berlim pela primeira vez durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1958, a japonesa Nissin lança o macarrão instantâneo Miojo, cuja receita é muito apreciada pelos corretores das provas de redação do Enem. Em 1961, Jânio Quadros renuncia à presidência de um país grande e bobo.

Hoje é o Dia do Soldado do Exército Brasileiro.

Ruminanças

“Uma guerra entre europeus é uma guerra civil.” (Victor Hugo, 1802-1885)

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