quarta-feira, 21 de agosto de 2013

FERNANDO BRANT » Responsabilidade e caráter‏


Estado de Minas: 21/08/2013 


Quanto pesam o senso de responsabilidade e o caráter na existência, no dia a dia de cada um de nós? Teriam a dimensão de um mundo que carregamos nas costas, como disse Drummond, e não pesam mais que a mão de uma criança? Diria que quando assumimos uma obrigação que envolve outras pessoas, seja a família ou a sociedade, precisamos procurar na alma o vigor e na mente a sabedoria possível para fazer o melhor. Sou, tenho de confessar, um escritor de canções que, além de me dedicar ao trabalho poético e musical, busca não se calar diante da injustiça e dos poderosos, e eles não estão apenas nos gabinetes governamentais. Mas certamente eles lá estão.

Estou disposto a sacrificar meu tempo de prazer, com os que me cercam e com a música, a poesia e a cultura que me fazem bem, e até descuidar perigosamente de minha saúde, para cuidar das ideias coletivas generosas. Mas reconheço que esses poderes privados e públicos, que não têm nenhum interesse pela coisa pública, a res publica, manipulam as cidades e os países por se sentirem imperiais, donos da nossa vontade. Para enfrentá-los, Davis que somos contra os Golias, não basta apenas coragem e persistência.

Sensibilidade, sentimento, inteligência e percepção do conjunto são as armas de quem não tem a grana, mas tem o direito. Quem não tem a ‘‘politicasacanagem’’, mas é um cidadão que sabe o que lhe pertence.
Sendo possuidor de caráter e responsabilidade, no meio de uma luta desleal que envolve os direitos de meus colegas de profissão, sei que não posso vacilar. Tenho que cumprir o dever que assumi e não posso ser radical. Faço o que sempre fiz, verificando os vários caminhos, todos os desdobramentos possíveis, apostando na razão e também na intuição, na crença de que é possível contornar o verdadeiro paredão que a grande mídia brasileira construiu em torno de nós. Ela desinforma para proteger alguns de seus pares.

Sinto, queridos leitores, vocês que estão acostumados com meu lado lírico e de bem com a vida, com as singelezas que busco perceber no cotidiano de nossa realidade comum de moradores de uma cidade e um país que adoramos, sinto mesmo ter de fazer, em público, este desabafo.

Por ser otimista e acreditar nas pessoas, ter uma boa-fé do tamanho de um bonde e acreditar que no fim prevalece a justiça, me conforto e me abraço a meus amigos, recolho minhas energias para colher não tudo que merecemos, mas o que nos é possível no momento. De tanto ver triunfar as nulidades, hei de vencer.


>>  fernandobrant@hotmail.com

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