segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ronaldo Lemos

folha de são paulo

Novos gadgets apontam o futuro das 'mídias ninjas'

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Na semana passada, a Mídia Ninja deu o que falar ao participar do "Roda Viva".
Para aqueles que já acompanham o trabalho dos seus integrantes, como Bruno Torturra e Pablo Capilé, o programa da TV Cultura não trouxe muitas novidades. Mas serviu para expor suas ideias e práticas para além da cobertura das manifestações.
Poucas perguntas foram voltadas para a linguagem que a Mídia Ninja domina: imagens em primeira pessoa geradas por celular. Esse tipo de registro veio para ficar e vai evoluir junto com a tecnologia. Um exemplo é o jornalista Tim Pool, da revista "Vice", que está usando o Google Glass para a cobertura protestos. Já fez isso no Egito e Istambul.
A vantagem do Glass é que ele tem vários aplicativos úteis em momentos de tensão. Além de mapas, permite fazer tradução em tempo real (Tim usou o recurso para conseguir uma máscara de gás em momento de aperto). Outro ponto positivo é que os óculos inteligentes do Google permitem transmitir os confrontos com a polícia deixando as mãos desocupadas, o que faz diferença.
Um fato curioso: o único lugar em que a cobertura com Glass não deu certo foi o Brasil. Ele tentou, mas a conexão por celular era tão ruim que não foi possível fazer a cobertura ao vivo por aqui.
Tim fez também experimentos com um drone-quadricóptero (que ele chamou de "Ocucóptero"), para cobrir os movimentos "Occupy". O aparelho custa hoje cerca de US$ 600, preço que tende a cair. Esses "brinquedos" vão acabar gerando novas mídias, ninjas ou não. E tensionar as fronteiras do jornalismo e da privacidade.
ronaldo lemos
Ronaldo Lemos é diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV e do Creative Commons no Brasil. É professor titular e coordenador da área de Propriedade Intelectual da Escola de Direito da FGV-RJ. Foi professor visitante da Universidade de Princeton. Mestre em direito por Harvard e doutor em direito pela USP, é autor de livros como "Tecnobrega: o Pará Reiventando o Negócio da Música" (Aeroplano). Escreve às segundas na versão impressa de "Ilustrada".

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