domingo, 13 de abril de 2014

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Polêmica mulher‏

EM DIA COM A PSICANÁLISE » Polêmica mulher 
 
Regina Teixeira da Costa
Estado de Minas: 13/04/2014




O que quer uma mulher? Esta pergunta feita e refeita por tantos estudiosos jamais foi respondida por nenhum deles, simplesmente porque o feminino é essencialmente enigmático. O feminino porta misterioso movimento, posto que não é tão exposto como é a posição viril. A virilidade é posição que pode ser assumida também por mulheres, e o é, como hoje vemos tantas vezes.

Mulheres frequentemente sustentam postura fálica e pretendem deter mais poder que os homens, disputando e agindo como que pretendendo se igualar até mesmo subjetiva e sexualmente a eles. Enganosa posição.

Se a igualdade civil foi por nós conquistada, e essa luta valiosa nos deu os direitos que temos hoje, podemos afirmar que valeu a pena. Mas a igualdade civil não nos torna iguais aos homens. A menos que mulheres ajam por identificação, imitando a forma de ser masculina. Isso sim, as igualaria ao homem. Mas seria vantajoso desejar tal posição, se tanto criticamos o machismo?

Um aparte me permite dizer que o machismo é ainda em grande escala sustentado por mulheres. Mães criam seus filhos dando a eles maiores prerrogativas que às filhas. Ainda há as que não ensinam os filhos a participar nas tarefas e nos cuidados do lar, ou que desejam que eles provem sua masculinidade (haveria aqui também a tentativa de garantir que o filho não seja homossexual) conquistando todas, e ainda afirmam que aquelas, as que foram seduzidas, são mulheres fáceis. Incrível ainda existir no mundo mulheres assim, mas é muito comum.

Tudo o que podemos dizer sobre o desejo da mulher é que ela quer ser desejada. E, para ser desejada, precisa ser feminina e portar atributos dessa posição. Pois, que homem desejaria uma mulher masculina, viril, daquelas que batem o porrete na mesa? Nem mesmo os homens querem mais ser assim!

Há um tempo, um rapaz me falava que as mulheres se enfeitavam, colocavam roupas insinuantes e penduricalhos pelo corpo, como  brincos, colares e pulseiras cujo objetivo seria o de provocar os homens e se tornarem mais desejáveis, chamando a atenção.

Achei interessante a colocação, e pertinente, porque as mulheres de fato querem causar o desejo do homem e ser causa do desejo dele. E podem até, na relação, em determinados momentos, permitir ser tomadas como objeto de desejo. Isso é muito prazeroso.

O que não é bom é que a mulher esteja todo o tempo ou exclusivamente em lugar de objeto. Ser objetificada e ficar restrita a esse lugar. Isso não!

Mulheres são sujeitos desejantes e podem transitar entre posições de sujeito e objeto, sem por isso se sentirem rebaixadas. Quando dava aulas na universidade, ensinava a minhas alunas que se seus namorados e maridos comparassem os pratos preparados por elas com os das mães e aludissem à superioridade destas, que não se ofendessem tanto. Mãe ocupa o lugar sagrado. Mulheres nem tanto. E é isso que permite aos homens o acesso sexual a elas. Que então se alegrassem e dessem à mãe o direito de prevalecer no lugar sacralizado e proibido sexualmente para o acesso filial.

Quando falo de ficar todo o tempo em lugar de objeto, pretendo me aproximar cuidadosamente da polêmica da última semana acerca do estupro. Em nenhuma circunstância podemos aceitar que uma mulher deva ser culpada por esse crime. Nada justifica a violência pela força desse ato injustificável, ignóbil e repulsivo.

Penso igualmente que as mulheres devem repensar seu lugar e não confundir o anseio de ser desejada com uma oferta que transforma seu corpo em objeto-oferta, erotizando-o excessivamente. E sabemos bem que, no Brasil, há excessivo apelo sexualizando corpos femininos. Exemplo: a Adidas teve de recolher camisetas da Copa porque traziam convidativas imagens dos bumbuns das brasileiras como cartão-convite na paisagem carioca.

Devemos repudiar o abuso e a violência e, ao mesmo tempo, incentivar posturas que igualmente recusem o rebaixamento das mulheres a meros objetos sexuais. Causar o desejo não se reduz ao erótico ou ao apelo sexual. Trata-se de outra coisa...  

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