quinta-feira, 22 de maio de 2014

Início da replicação do HIV é flagrado‏

Estado de Minas: 22/05/2014 



Ter a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) não é a mesma coisa que estar infectado pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Isso porque, uma vez dentro do corpo, o micro-organismo nem sempre se manifesta imediatamente. Ele pode simplesmente permanecer dentro das células imunes sem destruí-las e, consequentemente, sem desenvolver os sintomas característicos da doença. Descobrir como, em que momento e por que o patógeno inicialmente “adormecido” se transforma em uma arma letal para o sistema imune pode ser a chave para melhor compreensão desse processo e ainda uma porta para novas terapias. Pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova forma de observar essa mudança de comportamento e assistir a partículas recém-formadas de HIV “brotarem” nas células até então normais do corpo.

A pesquisa foi publicada sábado na versão on-line da revista científica da Public Library of Science (Plos One) e revelou uma nova faceta de uma proteína que conhecidamente já estava envolvida no processo, mas, até então, de uma forma diferente do que foi verificado: a Alix, que é a abreviação para proteína x interagindo com alg- 2. Quando o HIV se multiplica dentro de uma célula humana, uma proteína chamada Gag compõe a maior parte das novas partículas – há 4 mil cópias de Gag em uma partícula do vírus. Experiências como a conduzida pela equipe do virologista Saveez Saffarian buscam “partículas semelhantes a vírus” que tenham as partes do HIV despojadas de código genético ou genoma e não representem um risco de infecção no laboratório. “Elas mantêm a mesma geometria e o mesmo processo de brotamento que o HIV infeccioso”, define Saffarian.

A aposta nesse tipo de célula permite que seja possível observar o processo de infecção e “brotamento” do HIV na célula humana in vitro sem interferir nele. Dessa forma, os cientistas perceberam que a proteína Alix se envolve apenas nos estágios finais do processo de replicação, em vez de interagir antes, como era esperado. “Observamos uma célula de cada vez e usamos uma câmera digital e um microscópio especial para fazer filmes e fotos do processo de brotamento”, detalha Saffarian. Ele conta que foi possível observar as partículas de Alix recrutadas para o brotamento, o que é o grande diferencial do trabalho.

Vale reforçar que a descoberta não tem qualquer implicação clínica imediata ou mesmo significa que a Alix pode ser uma nova aposta de medicamento. “Sabemos muito sobre as proteínas que ajudam o HIV a sair da célula, mas não sabemos como elas se unem para ajudar o vírus a sair. Será nos próximos 10 a 20 anos que vamos saber muito mais sobre esse mecanismo”, explica Saffarian. (BS)


Droga ameniza complicações
A primeira prova direta da causa para as múltiplas complicações de saúde relacionadas ao HIV foi obtida recentemente por uma equipe liderada pelo Centro para a Pesquisa em Vacina da Universidade de Pittsburgh. A descoberta apoia terapias complementares aos antirretrovirais para reduzir significativamente a progressão do vírus da Aids. O estudo, a ser divulgado na edição do próximo mês do Journal of Clinical Investigation, indica que uma droga comumente dada aos pacientes em diálise renal diminui significativamente os níveis de bactérias que escapam do intestino e reduz complicações de saúde em primatas não humanos infectados com a forma símia do HIV. A ativação crônica do sistema imune e a inflamação são os principais determinantes da progressão da infecção pelo HIV para a Aids, e também desempenham um papel importante na indução de coagulação sanguínea excessiva e de doenças cardíacas em pacientes soropositivos. A equipe de cientistas mostrou que bloquear as bactérias reduz a ativação imune crônica e a inflamação.  

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