quinta-feira, 22 de maio de 2014

O açúcar das frutas e o bem-estar‏

Patrícia Alves Soares
Nutricionista da clínica Be Light Estar Bem, especialista em nutrição humana e saúde pela Universidade Federal de Lavras (Ufla)
Estado de Minas: 22/05/2014 



A doença metabólica, chamada de intolerância à frutose ou fructosemia, pode se manifestar por herança genética ou na idade avançada. Caso não tratada, a fructosemia pode causar a hipoglicemia – baixo nível de açúcar no sangue, além de distúrbios no fígado. No primeiro caso, a transmissão ocorre por meio dos genes, e a doença se manifesta a partir do momento em que o bebê abandona o leite materno e começa a ingerir frutas e verduras. No segundo, com o passar dos anos, ocorre o envelhecimento do intestino, que começa a perder as enzimas que convertem os açúcares em moléculas.

A frutose, açúcar presente em todas as frutas, encontra-se em maior quantidade na uva, no mel, na maçã e na pera. Mas também está presente em alguns legumes, como a beterraba, além de ser bastante utilizada para adoçar produtos alimentícios e bebidas – o que não vemos nos rótulos, simplesmente porque essa frutose encontra-se na forma de xarope de glucose.

A quantidade de pessoas afetadas é bem menor quando comparada à de pessoas que sofrem de intolerância à lactose, substância encontrada em derivados do leite, mas os riscos do desconhecimento são altos. Quando ocorre a incapacidade de absorção desses açúcares, as bactérias que se encontram no aparelho digestivo os fermentam e os transformam em gases, produzindo sintomas como, distensão abdominal (inchaço), flatulência, dispepsia (má digestão), irritabilidade, icterícia, vômitos e convulsões.

O açúcar das frutas reduz a queima de gordura corporal. Pesquisas apontam que o aumento do uso de adoçantes contendo frutose ocorreu em paralelo com o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade ao longo das últimas três décadas nos Estados Unidos, sugerindo que o maior consumo de frutose, xarope de milho rico em frutose ou sacarose pode contribuir para a atual epidemia de obesidade e o aumento da incidência da síndrome metabólica. Em estudos com animais, o consumo de dietas com alto teor de frutose produz obesidade, resistência à insulina e dislipidemia (níveis anormais de lipídios ou lipoproteínas no sangue), conjunto de doenças caracterizado como a síndrome metabólica.

Um recente estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition determinou que o consumo de bebidas enriquecidas com frutose causou a diminuição da queima de gordura em indivíduos em um período de teste de 10 semanas. Observou-se que o grupo que consumia frutose teve menor queima de gordura corporal e produção energética total. Esse resultado aponta mais uma relação entre a grande epidemia de obesidade atual e o alto consumo de alimentos industrializados. Os sucos de caixinha e as barrinhas de cereal são vilões especiais nesses casos, refrigerantes e cereais matinais também estão na lista de alimentos que utilizam xarope de milho ou xarope de glucose, rico em frutose.

Assim que a pessoa sentir dores estomacais depois do consumo de frutas ou produtos açucarados é importante que ela consulte um médico para checar se é portador da doença. No diagnóstico, o médico pode realizar exames simples, como observar se o indivíduo tem icterícia (olhos e pele amareladas), se o fígado ou o baço apresentam um tamanho maior do que o normal, checar se os níveis de açúcar no sangue são baixos, ou exames completos, como testes de tolerância à frutose. O nutricionista também pode optar por retirar a frutose da dieta alimentar da pessoa por um período e depois incorporá-la novamente, seguindo a tabela de quantidade de frutose dos alimentos, e observar o comportamento do paciente. 

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