segunda-feira, 2 de junho de 2014

A qualidade oferecida emalguns centros não reflete a realidade do atendimento aos pobres Luiz Francisco Corrêa

Contrastes da saúde no país 
 
A qualidade oferecida emalguns centros não reflete a realidade do atendimento aos pobres 
 
Luiz Francisco Corrêa
Jornalista, diretor da Via Comunicação, membro do Conselho Curador da Fundação de Pesquisa e Ensino da Cirurgia (Fupec)
Estado de Minas: 02/06/2014

O próximo governante do Brasil, seja quem for, encontrará sérios problemas para resolver, principalmente na área de saúde. A população pobre do país, ou das novas classes médias, como queiram, sofre muito em todos os setores, especialmente na saúde. Pronto-atendimentos lotados, consultas rápidas, filas para exames, muitas macas pelos corredores, insegurança com diagnóstico e tratamento (realidade da área pública pelo país), em contraposição a uma outra realidade, uma vez que o país é referência na área médica e mantém serviços de excelência nas mais diversas especialidades, na área privada e pública.

Na saúde pública, temos vários serviços da melhor qualidade, como, por exemplo, em cirurgia cardiovascular, tratamento da Aids, em hemodiálise e em ortopedia e traumatologia, só para citarmos alguns. Somente em Belo Horizonte, podemos destacar o Ambulatório de Tumores Hepáticos do Hospital das Clínicas da UFMG, que atende, com eficiência, unicamente pacientes do SUS. Importante lembrarmos que em vários locais encontramos médicos e outros profissionais de saúde que atendem o paciente da melhor forma possível, independente do caos ao seu redor. Mas, o quadro da saúde em geral é grave e pode causar vários transtornos para o novo governante. Para o paciente, sobretudo o mais pobre, nem se diga. Além da própria doença, ou doenças, há ainda questões psicológicas e emocionais decorrentes do estado físico como também da baixa auto-estima, estresse, ansiedade, pânico e depressão oriundos de todo esse processo – da doença em si e da realidade de atendimento que lhe é oferecida. O próximo governante do país vai encontrar ainda nas instituições hospitalares as consequências da violência urbana, pois o Brasil é um dos países mais violentos do mundo, sobretudo nas periferias das grandes cidades. Somos também um dos países com maior índice de acidentes de trânsito, principalmente com motos, com elevado índice de óbitos e de vítimas com sequelas graves e permanentes, com altíssimo custo para o governo. Temos um número significativo de pessoas com necessidades especiais, com problemas de assistência médica-hospitalar e de locomoção, bem como a violência das drogas e a falta de infraestrutura no tratamento dessas pessoas. Vai encontrar também uma sociedade combativa, a exemplo das manifestações de junho. Outro aspecto é a crescente insatisfação dos médicos com os valores que recebem dos convênios médicos e valores pagos pela área pública.

O dinheiro do povo desviado pela corrupção no Brasil daria para ajudar muito a saúde pública. A sociedade está cada vez mais consciente dessa realidade. Os políticos corruptos vivem com inúmeros privilégios, como se estivessem em uma monarquia com as suas estratificações. Essas figuras carimbadas são recebidas rapidamente nos grandes hospitais privados do país, sobretudo nos paulistanos, com direito a equipe multidisciplinar, muito conforto, foto nas revistas de celebridades e até, se necessário, coletivas de imprensa. E se esses senhores tivessem que esperar nas filas dos hospitais? Se tivessem que aguardar dias para fazer um exame que deve ser urgente? Muitos já teriam desaparecido. É importante ressaltar que a boa saúde da população está associada a um bom saneamento, moradia, transporte e uma melhor educação. 

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