quinta-feira, 26 de junho de 2014

Eduardo Almeida Reis - Saque e melancia‏




Saque e melancia 
Estado de Minas 26/06/2014

Não sei se o fenômeno continua sendo universal ou limitado a poucos países, entre os quais o grande e bobo que você conhece muito bem. O certo é que os saques me assustam e intrigam. Basta que um caminhão tombe, espalhando sua carga pelo chão, para que surjam diversos “donos” dos produtos esparramados. Nas cidades ou no campo, gente até então pacata e ordeira não se acanha de roubar a carga. Meu sócio numa granja de galinhas comprou, por uma tuta e meia, um metro cúbico de tabaco para cachimbo, Half and Half tobacco, made in USA, “obtido” por um vizinho quando tombou lá perto da granja um caminhão com produtos contrabandeados. Metro cúbico de fumo para cachimbo é volume que impressiona, posso afiançar.
Especifiquei o fenômeno dos saques atuais porque a história da humanidade, toda ela, foi uma sucessão de saques, pilhagens, sequestros, assassinatos, mas não vivemos há 10 ou 20 séculos e sim no ano 2014 d.C. Todos os dias, ou quase todos, temos notícia de cargas saqueadas aqui e ali, eventualmente acolá.
Pela greve da PM de Pernambuco, parte da população saqueou lojas e supermercados. Faz parte. Foi assim na Bahia e será nos estados em que as PMs venham a fazer greves; inconstitucionais, mas fazem. Ganhando pouco, policiais são chamados somente para resolver pepinos, morrem às dúzias e não têm obrigação de conhecer a Constituição de 1988 como alguns dos ministros do STF. Não todos, é verdade, mas alguns conhecem.
Impressionou-me, no saque de um supermercado pernambucano, a demonstração de virilidade dos cidadãos locais. Limparam tudo, mas tudo mesmo, de uma loja imensa, e deixaram belo pedaço de melancia. Considerando que o fruto é remédio para disfunção erétil, sinônimo de impotência, os pernambucanos deram a entender que não dependem de adjutório medicamentoso para o exercício daquele delicioso mister.
Mister (é), minha gente: ofício, em nosso idioma desde o século 14. Não confundir com o inglês mister, tratamento respeitoso formal, usado nos países de língua inglesa e internacionalmente, geralmente abreviado Mr., que antecede o nome completo ou o sobrenome de um homem, ou determinadas designações oficiais.

Gratidão
Quando há dinheiro em jogo, gratidão é moeda que não vale nada. O argentino Lionel Andrés Messi, menino subnutrido, tinha imenso talento para jogar futebol. Foi contratado pelo Barcelona, levado para a Espanha com a família, alimentado, tratado, burilado e se transformou no melhor jogador do mundo.
Está rico, riquíssimo, milionário aos 27 anos (completados anteontem). Seu contrato com o clube, que terminava em 2018, estipulava multa rescisória de 250 milhões de euros, cerca de R$ 750 milhões. Nascido em junho de 1987, Messi terá 31 anos em 2018. Ao longo da temporada europeia, que terminou recentemente, ele e seu pai, Jorge Messi, exigiram aumento salarial; os jornais disseram que o argentino ameaçava deixar o clube se não houvesse acordo.
Falavam os jornais da exigência de salários da ordem de R$ 61 milhões por ano, fora os direitos de imagem. O craque havia renovado seu contrato seis vezes com o Barcelona. Em comunicado e sem especificar os valores, o clube vem de anunciar a sétima renovação do contrato do atleta, que lá está desde os 13 anos.
Parece-me – e o leitor talvez concorde comigo –, que o Barcelona deve muito ao futebol de Messi, assim como o craque deve muito ao clube, que o acolheu, alimentou e recriou, deixando-o em condições físicas de brilhar nos gramados do mundo inteiro. Nessas horas, gratidão deveria ser estrada de mão dupla, mas o argentino e seu pai não parecem acreditar nisso.
Tudo bem que o rapaz, se tudo correr bem, só possa contar com sete ou oito anos de carreira a partir de hoje. Mas tem dinheiro para três gerações e devia pensar no muito que deve ao Barcelona.

O mundo é uma bola
26 de junho de 363: o imperador romano Juliano é morto durante uma retirada, com o seu Exército, do Império Sassânida. Ainda no campo de batalha, as tropas proclamam imperador o general Joviano. Ate aí, tudo bem: são coisas que acontecem. O diabo é que não faço a menor ideia do que tenha sido o Império Sassânida, como presumo que o leitor também não faça.
Por isso, recorro à Wikipédia para aprender que o Império Sassânida foi o último Império Persa pré-islâmico. Governado pela Dinastia Sassânida (224-651), sucedeu ao Império Parta e foi reconhecido como uma das principais potências da Ásia Ocidental e da Central, juntamente com o Império Romano-Bizantino, por um período de mais de 400 anos.
Após a queda do Império Arsácida e a derrota do seu último imperador, Artabano IV, o Império Sassânida foi fundado por Artaxes I, nome que deriva do persa Ardaxser, “o que tem a Ordem Divina como seu reino”. Artaxes descendia de uma linhagem de sacerdotes zoroastristas governantes da província de Pars, berço do Império Persa. Seu avô paterno foi Sassan, grande sacerdote do Templo da Anahita, e seu pai foi Papag, que depôs o rei de Pars, vassalo do Império Parta, e assumiu o trono. Depois dessa aula de história informo que hoje é o Dia do Professor de Geografia.

Ruminanças
“Muitos países resistem a vulcões, tornados, terremotos, tsunamis e conseguem prosperar. Difícil, mesmo, é prosperar com o Mantega” (R. Manso Neto).

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