quarta-feira, 2 de julho de 2014

COLUNA DO JAECI » Felipão pede ajuda. Agora é tarde‏

COLUNA DO JAECI » Felipão pede ajuda. Agora é tarde
"As grandes equipes vêm sofrendo para ganhar. Holanda, Alemanha, França e Argentina passaram sufoco, mas têm jogadas e gente que decide"
Jaeci Carvalho
Estado de Minas: 02/07/2014


Felipão chamou seis jornalistas para conversar. Vi esse filme em 2006 e até participei dele quando Parreira nos convidou para jantar, em Weggis. Só que foi antes da Copa, não quando a vaca estava indo para o brejo. Acuado, o treinador quer buscar refúgio em quem confia, para não ter a carreira acabada. Não adianta explicar o inexplicável. Ele escolheu os jogadores e outro dia deu resposta mal-educada a um repórter: “Se eu perder ou ganhar, o problema é meu. Ninguém, nem vocês, vai mudar a minha cabeça”.

Pois é, não queira então dividir a própria incompetência com a imprensa. Ele tem apenas um atenuante: a safra é fraca. Fora isso, o péssimo grupo foi escolhido pelo técnico e perder o Mundial será responsabilidade dele. Mais grave é perceber um time sem padrão, jogadas ensaiadas ou algo parecido. A melhor jogada são as arrancadas de Neymar, que chega à área e cai, ou a ligação direta defesa-ataque, com os chutões de David Luiz para Fred.

As grandes equipes vêm sofrendo para ganhar. Holanda, Alemanha, França e Argentina passaram sufoco, mas têm jogadas e gente que decide, como Messi, Benzema, Robben e Müller. Já no Brasil, sem conjunto e qualidade, Neymar só jogou bem contra Camarões. Diante da Croácia, merecia ter sido expulso após a cotovelada num adversário. O time pode chegar, pela sorte e a camisa, mas, analisando friamente, a Colômbia é superior, tem o craque James Rodríguez e grande técnico, o argentino José Pékerman, anos-luz à frente do nosso.

Só mesmo aqui um treinador derruba um time, como Felipão no Palmeiras, e é chamado para a Seleção. Temos um capitão chorão, que pediu para não bater pênalti, meio-campo fraco e um protótipo de craque, bom de marketing, de apenas 22 anos, que não joga quando bem marcado. Messi também tem dificuldades nisso, mas decide em apenas um lance, como ontem contra a Suíça. E olhem que havia três jogadores a marcá-lo o jogo inteiro. Que jogo Neymar decidiu para nós?

Noite dessas, numa mesa-redonda, companheiros reclamavam da torcida, por expor os erros da Seleção. Bobagem. Ninguém vai torcer por Alemanha, Argentina ou Holanda. Como brasileiros, seria muito legal elogiar cada jogador que veste a camisa amarela, mas com esse time é impossível. Em cada 10 pessoas, pelo menos nove enxergam os mesmos erros e sabem que não vamos longe.

Felipão pode fazer mudanças radicais para sexta-feira: entrar com três zagueiros, mudando o esquema, com Maicon e Maxwel nas laterais; barrar Fred e fazer Neymar flutuar na frente. Talvez seja a única opção. É preciso tentar algo mesmo, pois o fim da linha parece próximo. Reflexo de técnicos que ao longo de décadas esqueceram de lapidar craques, mandaram matar jogadas e dar porrada, usaram esquemas tipo ferrolho. O resultado está aí. Não temos craque, e sim apenas um jovem talentoso, Neymar, que poderá se tornar um se parar de cair, for mais efetivo na área e aparecer menos fora de campo.

Ser eliminado pela Colômbia, algo antes inimaginável, não será vergonha. Trata-se do melhor time da Copa até aqui. Vitória será zebra mesmo em casa. A Fifa errou ao definir que o Brasil só jogará no Maracanã se for à final. A equipe não merece pisar no templo sagrado. Dos quatro que aponto há anos como semifinalistas, a Espanha foi embora, mas Alemanha, Argentina e Holanda estão firmes, e aposto num deles para campeão. Se a Colômbia não atrapalhar. E até que ela está merecendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário