quarta-feira, 2 de julho de 2014

Eduardo Almeida Reis - Imigrantes‏

Imigrantes
Pipocam na internet, agora, diversas críticas à onda de haitianos que está pintando no pedaço


Eduardo Almeida Reis
Estado de Minas: 02/07/2014





Até hoje o Brasil festeja, com razão, os imigrantes que chegaram de diversas partes do planeta. Os japoneses da primeira leva, desembarcados em junho de 1908, todos com instrução equivalente ao curso ginasial completo. Em 1845, os alemães da Imperial Colônia de Petrópolis. Alemães em diversos períodos para os estados do Sul e em 1858 para Juiz de Fora, gente notável. O filho de um deles, mesmo não sendo engenheiro diplomado, lecionava engenharia elétrica na faculdade juiz-forana, que tinha o prestígio de um ITA, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica. Engenheiros formados em JF tinham empregos garantidos no país inteiro.

Pomeranos, italianos, ingleses, açorianos emigraram de suas terras para ajudar a construir o Brasil e não têm culpa de o Florão da América ter sido transformado neste pais grande e bobo. Pipocam na internet, agora, diversas críticas à onda de haitianos que está pintando no pedaço. Na mídia impressa, falada e televisada o assunto é evitado, porque tem aquela história de racismo, de crime de racismo, e os haitianos, como temos visto, diferem dos suecos e dos noruegueses no item cor da pele.

Os críticos internéticos falam em 50 mil haitianos e dizem que o Brasil nunca teve relações muito próximas, muito especiais com o Haiti, o que é verdade. Logo teremos a Justiça às voltas com os vídeos evangélicos no YouTube dizendo que Sèvis Gine não é religião. Ninguém sabe que Sèvis Gine ou serviço africano, nomes do vodu haitiano, tem fortes elementos dos povos ibo e congo da África Central, e yoruba da Nigéria, embora muitos povos diferentes da África tenham representação litúrgica no Sèvis Gine, assim como os índios tainos, que habitavam a ilha transformada em Haiti e República Dominicana.

No meu entendimento de philosopho, enquanto procuram chifres nas cabeças dos cavalos, os críticos dos haitianos se esquecem do seguinte: em 2014, o Brasil orça pelos 200 milhões de habitantes. Trinta anos depois da chegada dos alemães a Petrópolis, o país ainda tinha 9 milhões de habitantes. Quando chegaram os primeiros japoneses, nossa população andava pelos 20 milhões, 10% da atual. Havia espaço de sobra e faltava gente. Hoje só há espaço no extremo oeste do Amazonas, mas faltam empregos, que também não abundam no Sudeste.

O Acre tem um biquinho no extremo oeste brasileiro e a área do estado é de 164 mil km2, com escassos 776 mil habitantes. Comparemos com o Rio de Janeiro, que tem 16 milhões de habitantes em 43 mil km2, cerca de 1/4 da área acreana. Portanto, o Acre tem espaço de sobra para acolher 50 mil ou 100 mil haitianos. Só pode ser implicância do governo a mania de embarcar grupos de haitianos nos ônibus para despejar no centro da cidade de São Paulo. Mal sabe que os imigrantes remetidos para a terra da garoa e dos engarrafamentos, não encontrando empregos, vão espetar agulhas em bonequinhos feitos à imagem e semelhança do governador. Sèvis Gine funciona que é uma beleza.

Eleições

Com a corda toda recomeçou a temporada de pesquisas eleitorais, quase diárias, transmitidas pela maioria dos telejornais. Se me consultassem, saberiam que os ganhadores das próximas eleições já são conhecidos: os controladores do Bolsa-Família, programa que rende muitas dezenas de milhões de votos.

Há que pensar, também e muito, nas urnas eletrônicas, começando pela pergunta: além do Brasil, que país usa urnas eletrônicas? É claro, como também é lógico e evidente, que as urnas podem ser violadas. Se os hackers invadem os computadores do Pentágono, da CIA e dos serviços de segurança dos países do Primeiro Mundo, que, por sinal, se recusam a usar urnas eletrônicas, basta um aprendiz de hacker para alterar a propalada inviolabilidade de nossas urnas. É um negócio tão elementar que me recuso a tomar o nosso tempo, o meu e o do leitor, tratando de urnas eletrônicas. Cuidemos de coisas sérias, como pessoas de bem e de tino.

O mundo é uma bola

2 de julho de 455: Genserico, rei dos vândalos e alanos, entra em Roma e saqueia a cidade. Que se pode esperar de um sujeito chamado Genserico? Foi o sucessor de Gunderico. O vandalismo nas manifestações brasileiras é “ação própria dos vândalos ('povo'), que consiste em atacar produzindo ruína, devastação, destruição”. Vândalos eram os germânicos, que, por volta do século 5, invadiram, promovendo devastação, a Hispânia e o Norte da África, onde fundaram um reino.

Em 963, na Capadócia, o Exército bizantino proclama Nicéforo I Focas imperador romano do Ocidente. Como deu para perceber, Nicéforo era da família Focas. Morreu em 969, coitado, aos 57 anos.

Em 1698, Thomas Savery patenteia o primeiro motor a vapor. Hoje é o Dia do Bombeiro e o Dia do Hospital.

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